A inglesa GABA Labs acaba de lançar uma bebida, à base de compostos botânicos, que leva a um estado de leve embriaguez, sem os riscos oferecidos pelo álcool.
Para o ator americano Humphrey Bogart, “a humanidade está sempre duas doses atrasadas”. Se todos nós vivêssemos levemente embriagados, teríamos menos problemas, dizia. Naquele estado de relaxamento e autoconfiança, entre a sobriedade e o porre descontrolado, o otimismo prevalece, o bom humor sobressai, a sociabilidade aflora e tudo flui melhor, defendia o eterno Rick Blaine, do clássico “Casablanca”.
Seria fácil se as tais duas doses, não representassem uma ameaça à nossa saúde física e mental. Se não oferecessem risco de dependência, cirrose hepática, distúrbios cardiovasculares, alguns tipos de câncer… e, sem contar, claro, a indefectível ressaca, no dia seguinte.
Pois bem, a startup inglesa GABA Labs acaba de lançar a Sentia, uma bebida capaz de proporcionar as sensações agradáveis do inebriamento etílico, sem os efeitos colaterais mais perigosos e inconvenientes do álcool.
Fundada em 2016, em Londres, a empresa nasceu da pareceria entre o engenheiro David Orren e o médico David Nutt, um dos grandes nomes da neuropsicofarmacologia mundial.
Na busca por um remédio contra o alcoolismo, o pesquisador dedicou 30 anos de sua carreira a encontrar uma forma de desligar os circuitos cerebrais do vício. Apesar de todos os avanços científicos, dada a complexidade da doença, até hoje não descobriu a “bala de prata” contra a dependência.
Instigado por Orren, nove anos atrás, Nutt mudou os rumos de seu trabalho e passou a se investigar os compostos capazes de replicar o estado de espírito proporcionado pelo inebriamento etílico, sem os efeitos colaterais mais perigosos e inconvenientes dos drinques à base de etanol.
Com a GABA Labs, os fundadores propõem “uma terceira via” para a indústria de bebidas, um produto funcional, focado no bem-estar. Ao preço de 30 libras (aproximadamente R$ 190), cada garrafa de meio litro, a Sentia foi lançada em duas versões. A “black” é para a hora do almoço, durante o expediente de trabalho. A “red” para os momentos de relaxamento, no finais de semana.
Até chegar às formulações atuais, foram dois anos de pesquisas e cerca de US$ 9 milhões em financiamentos. Tanto a Sentia black quanto a red resultam da mistura de uma dúzia de ingredientes botânicos, como magnólia, sálvia, casca de laranja, anis, estrelado, ginseng, cardamomo preto, absinto, tomilho, canela… a lista é enorme –e a receita da combinação, um segredo.
A equipe da startup londrina chegou a uma combinação capaz de ativar os mecanismos cerebrais, tal qual alguns shots de tequila, duas ou três taças de champagne e algumas latinhas de cerveja. A Sentia age no neurotransmissor Gaba. Produzido naturalmente pelo organismo, é a substância do relaxamento por excelência.
Em entrevista ao jornal inglês “The Daily Mail”, o médico Nutt conta que a ideia era reproduzir com a Sentia os efeitos equivalentes a duas, no máximo, três doses de etanol no cérebro – “o ponto ideal”, como define o médico. Àquele limite que, uma vez ultrapassado, nos dará uma baita ressaca, na manhã seguinte. Ressaca física e, muitas vezes, moral – quem nunca acordou com vergonha das escolhas erradas feitas na noite anterior, no auge da bebedeira?
Para ser consumida pura ou misturada com água, refrigerantes ou sucos, como é livre de etanol, a bebida da GABA Labs não oferece tampouco os riscos a longo prazos da alcóolicas tradicionais. Quem experimentou conta que, ingerida sozinha, tem um gosto estranho, um tanto picante. E, sim, algumas doses depois, a Sentia leva àquela sensação de leve embriaguez, sem o risco de perda de controle.
FONTE:
https://neofeed.com.br/inovacao/se-beber-nao-tenha-ressaca-essa-e-a-promessa-dessa-startup-inglesa/