Se bancos demorarem, não terão dinheiro para comprar fintechs de criptomoedas, diz investidor

Tim Draper prevê bitcoin valendo US$ 250 mil em 2022

GARRY TAN, TIM DRAPER E PETER SMITH DURANTE O WEB SUMMIT 2018 (FOTO: SEB DALY/WEB SUMMIT VIA SPORTSFILE)

O painel é “A montanha russa das criptomoedas”. A ideia é discutir o que aconteceu no mundo das moedas digitais ao longo dos últimos 12 meses – afinal, um ano atrás o bitcoin iniciava seu rali histórico rumo aos US$ 20 mil, alcançados em dezembro. De lá para cá, o preço caiu, voltou a subir, caiu de novo, e há cerca de dois meses se estabilizou em torno de US$ 6,5 mil.

Questionado sobre o gráfico de preço dos últimos meses, Tim Draper, investidor da Tesla e do Skype, ri: “bom, um bitcoin ainda vale um bitcoin”, sugerindo que no futuro, a avaliação será de que as outras moedas estão flutuando demais.

Draper não tem medo de pregar que o futuro é das criptomoedas. Inclusive, subiu ao palco vestindo uma gravata com símbolos do bitcoin–Draper é o homem do meio, com gravata roxa, na foto que abre este texto. “É uma grande oportunidade para que os humanos passem a pensar no mundo de uma forma mais globalizada, em que as fronteiras passam a importar menos”, afirmou.

O investidor evita fazer previsões de curto prazo, mas diz estar certo de que em torno de 2022, um bitcoin valerá US$ 250 mil – o que levaria o tamanho do mercado da criptomoeda a US$ 1 trilhão. Atualmente, diz Tim, o mundo tem US$ 86 trilhões em moedas tradicionais. Isso daria ao bitcoin uma participação de mercado de “apenas” – nas palavras dele – 5%. “Se um banco grande como o Goldman Sachs demorar muito para comprar empresas de cripto, não vai ter dinheiro. E pior, só vai ter dólar, e ninguém que tem uma plataforma de criptomoeda vai aceitar dólares”, diz Tim.

Segundo Tim, uma das barreiras para a valorização das moedas virtuais atualmente é a dificuldade em usá-las. “Quanto mais fácil for usar bitcoin, mais as pessoas vão poder escolher entre a moeda centralizada e uma moeda controlada por políticos.”

Garry Tan, cofundador da Initialized Capital, concorda. “Ainda é muito difícil começar a usar, ainda é difícil desenvolver aplicações”, diz. Segundo ele, as criptomoedas propõem uma descentralização a que não estamos acostumados, mas que seria benéfica. “Essa descentralização que as criptomoedas trazem significa retirar o poder das gigantes da tecnologia e devolver esse poder do software de volta às massas”.

Peter Smith, CEO da carteira virtual blockchain, defendeu que as pessoas deveriam poder escolher qual moeda querem usar. Isso, diz ele, não significa apenas poder escolher entre usar dólares ou bitcoins nos Estados Unidos, mas também a escolha de usar um dólar norte-americano no Congo, por exemplo. “Ao dar essa escolha às pessoas, devolvemos o poder delas sobre o dinheiro delas próprias”, defende.

Sobre a dificuldade de acesso, Smith fez uma grande anúncio nesta terça-feira (06/11): a blockchain, carteira virtual de que ele é CEO, fez uma distribuição de US$ 125 milhões na criptomoeda Stellar, divididas entre todos os participantes do Web Summit. Segundo ele, “só se entende uma nova tecnologia usando, e é isso que eu pretendo. Quero que as pessoas percam o medo”, diz.

FONTE: ÉPOCA