Satélites de baixa órbita ganham espaço e elevam concorrência

Novos provedores são menores, mais eficientes e podem atender regiões remotas e de difícil acesso.

A chegada ao mercado de provedores de sistemas espaciais de baixa órbita terrestre (LEO, em inglês low earth orbit) aumenta a concorrência no setor de comunicação via satélite. Menores, de custo mais baixo e operando em altitudes que não chegam a superar os 2 mil km acima da superfície da Terra, esses satélites formam grandes constelações que podem atender regiões remotas e de difícil acesso, com aplicações de voz e dados em alta velocidade. Em março, uma ‘gateway’ para acesso à rede de centenas satélites da OneWeb, empresa global de comunicação, foi inaugurada em Maricá (RJ). Está hospedada no teleporto da Telespazio Brasil. Nos próximos meses, outra porta de entrada será inaugurada em Petrolina (PE).

Até o fim do ano, a Amazon deve iniciar a fabricação dos dois primeiros satélites de um pacote de 84 unidades do Projeto Kuiper, destinado a prover conectividade de alta velocidade. “O projeto trará banda larga rápida e acessível ao Brasil por meio de uma constelação de 3.236 satélites em baixa órbita”, diz Bruno Henriques, líder de estratégia de negócios Kuiper da Amazon na América Latina. A empresa planeja investir US$ 10 bilhões no Projeto Kuiper.

No segundo semestre deste ano, outra multinacional do segmento de satélites, Hughes, pretende oferecer a capacidade de constelação de mais de 600 satélites de baixa órbita da OneWeb. O foco são os clientes corporativos, informa Rafael Guimarães, presidente da Hughes do Brasil. “Entre os mercados que vamos atender, estão óleo e gás, setor elétrico, transportes e financeiro, onde ter disponibilidade e baixa latência em qualquer lugar do país é um diferencial”, diz.

No Brasil, a Hughes atua com diferentes satélites. Possui três satélites geoestacionários (GEO) e ainda neste primeiro semestre, segundo Guimarães, deve fazer o lançamento de um quarto, o Júpiter 3, um satélite de banda larga de alta capacidade e melhor performance, com acessos mais rápidos.

Apesar do avanço gradual dos satélites de baixa órbita, o mercado de grandes satélites de comunicação continua ativo. Pioneira na América Latina, a Embratel opera com cinco satélites geoestacionários (GEO), o mais recente deles, o Star One D2, lançado em 2021. Está equipado com diversas faixas de frequência para transmissão de informação e dados, segundo Gustavo Silbert, diretor executivo da Embratel. “Podemos atender as mais variadas demandas do mercado, como de TV por assinatura, conectividade de empresas, conexões de telefonia celular, assim como para aumentar a performance de aplicações de dados, vídeo e internet do mercado empresarial”, diz.

Player tradicional no segmento de GEO, a SES decidiu investir numa estratégia multiórbita, de acordo com Ruy Pinto, chief technology officer (CTO). “Os satélites geoestacionários ainda são muito importantes para nossa comunidade de vídeo”. O mercado representa 50% das receitas totais da empresa em 2022.

A SES também tem 20 satélites O3b em órbita terrestre média (MEO), a 8 mil km da Terra. E está se preparando para o sistema MEO de próxima geração, O3b mPower, com os dois primeiros satélites, lançados em dezembro de 2022, quase chegando à órbita alvo, e mais dois programados para lançamento no fim de abril.

Outro mercado ainda incipiente no Brasil, mas com um potencial de crescimento que desperta o interesse dos provedores de sistemas de navegação por satélite são os nano satélites. É uma nova categoria de satélites minúsculos – pesam de 1 kg a 10 kg, custam menos de R$ 10 milhões e operam em órbita de 500 km da Terra.

A expansão no uso dos chamados nanosat desperta o interesse no domínio tecnológico. O Laboratório de Automação e Controle (LAC) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) trabalha no desenvolvimento de tecnologias para prover a capacidade de apontamento no espaço tridimensional ao satélite.

FONTE:

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2023/04/27/satelites-de-baixa-orbita-ganham-espaco-e-elevam-concorrencia.ghtml