Satélites da SpaceX serão usados para ajudar a prever o “clima” no espaço

Cada vez mais dependemos de sistemas de comunicação baseados em satélites, seja para identificar desmatamento, acompanhar as mudanças causadas pelo aquecimento global ou mesmo encontrar o caminho até a farmácia mais próxima. Por isso, é cada vez mais importante nos anteciparmos aos fenômenos que podem prejudicar o funcionamento destes sistemas, como as tempestades espaciais, que podem interromper comunicações ou simplesmente derrubar satélites despreparados.

E não estamos nem falando de grandes fenômenos como o Evento de Carrington de 1859, mas sim de tempestades muito mais modestas e frequentes, ainda mais nesta época em que o Sol está entrando em um período mais intenso de seu ciclo de atividade.

Por isso a Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (NOAA), orgão do governo dos EUA responsável pelo monitoramento do clima, entre outras atribuições, quer melhorar os sistemas de previsão do “clima” no espaço. Mas há um problema: faltam dados suficentes para isso.

“Queremos capturar a física do solo até o espaço”, disse Tzu-Wei Fang, cientista espacial da NOAA ao site Space. “Mas não temos uma amostra de dados suficiente. O modelo da atmosfera inferior diz exatamente que vai chover amanhã porque temos todos os tipos de medições de balões e aviões disponíveis. Mas não temos muitos satélites lá em cima fornecendo informações. Para melhorar nosso modelo e o sistema de previsão, realmente precisamos trazer mais dados”, disse Fang.

Satélites Starlink são colocados em órbita a uma altitude de apenas 330 km, onde são suscetíveis a tempestades solares. (Imagem: SpaceX)

É aqui que entra a SpaceX: operando um número cada vez maior de satélites em uma órbita baixa ao redor de nosso planeta para oferecer banda larga a qualquer ponto do planeta através do serviço Starlink, a empresa tem interesse em saber como proteger seus equipamentos das intempéries no espaço. E o risco é grande: em fevereiro deste ano uma tempestade solar atingiu em cheio um grupo de satélites Starlink recém-lançado e derrubou 40 deles, causando um prejuízo de milhões de dólares.

Isso aconteceu porque as partículas eletromagnéticas emitidas pelo Sol causaram um ligeiro aumento na densidade da atmosfera, aumentando seu atrito, ou arrasto, com os satélites. Isso reduziu a velocidade das espaçonaves, ao ponto de que elas não conseguiram mais manter sua posição em órbita e reentraram na atmosfera. Por isso, a SpaceX firmou uma parceria com a NOAA. “Eles irão compartilhar conosco informações sobre a órbita de seus satélites para nos ajudar a estimar o arrasto. Como eles tem tantos satélites, isso vai nos dar muitos dados”.

Os dados da SpaceX são especialmente valiosos por causa de uma característica de seus satélites: eles orbitam a Terra a uma altitude de 550 km, mas quando chegam ao espaço são liberados em uma altitude muito menor, 330 km, antes de manobrar para a posição final usando propulsores próprios. É nessas altitudes que os satélites são mais vulneráveis aos efeitos das tempestades espaciais, e é exatamente nesta “faixa” que há deficiência de dados, pois poucos satélites voam tão baixo, disse Fang.

FONTE: https://canaltech.com.br/espaco/satelites-da-spacex-serao-usados-para-ajudar-a-prever-o-clima-no-espaco-220058/