Rodadas de investimento: o que é e como funciona a Série A

No ecossistema de inovação, as rodadas de investimento são etapas cruciais para as startups levantarem capital para acelerar ou expandir o negócio. Na série A, as empresas já apresentam maior maturação do que em estágios iniciais e buscam aportes para ganhar escala.

A série A é uma das rodadas de investimento pelas quais uma startup pode passar — Foto: Getty Images

No ecossistema de inovação, as rodadas de investimento são etapas cruciais para as startups levantarem capital para acelerar ou expandir o negócio. O tamanho dos aportes muda conforme o estágio de desenvolvimento da empresa — e a diferenciação de cada tipo de rodada nas chamadas “séries” ajuda a organizar o mercado.

O investidor consegue ter maior entendimento das necessidades da investida naquele momento, e a empresa, por sua vez, sinaliza para os fundos de investimento sua fase de maturação.

“Os investimentos são divididos em série também para dar uma sinalização ao mercado de que a empresa passou por diversos rounds, ou seja, que ela tem potencial de crescimento e sucesso”, explica Nathan Valadares, COO da Viden.vc, fundo focado em negócios orientados para a Web 3.0.

Você provavelmente já ouviu falar nos termos série A, série B e série C. Na prática, o que muda de uma para a outra é o valor do capital investido. “Existe também uma diferença nos desafios da empresa em cada estágio. Uma startup em fase inicial oferece maior risco. Se o negócio já apresenta maior robustez, o risco para o investidor é menor, mas aumentam as expectativas para o resultado daquela operação”, acrescenta Nathan.

Entenda abaixo o que é e como funciona a rodada série A.

Série A: o que é

A série A é uma das rodadas de investimento pelas quais uma startup pode passar. Na “hierarquia” das rodadas, ela vem depois do investimento-anjo, investimento semente (pré-seed) e seed, mas vale lembrar que nem todas as startups passam por todas essas etapas em ordem cronológica. “Não é uma linha do tempo fechada”, lembra Nathan.

Em seguida, vêm as séries B e C, podendo chegar a D, E e F. Por quanto mais séries uma startup avança, mais ela demonstra ao mercado que os investidores continuam apostando no negócio.

Qual a diferença da série A para as etapas anteriores?

A principal diferença são os valores envolvidos, que aumentam conforme a empresa ganha maturação. Uma vez que ela tenha uma operação mais robusta, têm também dados mais fortes para mostrar aos investidores, a fim de provar que o negócio dá certo e garantir novos aportes.

Nos estágios anteriores à série A, a startup está em fase mais inicial de desenvolvimento. No caso do investidor-anjo, por exemplo, o capital investido vem de uma pessoa física disposta a apostar naquela empresa. O dinheiro, geralmente, é utilizado para testar a tese do negócio, montar o time de profissionais, entre outras demandas que vão dar início à operação.

Quando se fala em investimento semente ou pré-seed, o dinheiro é utilizado para as pesquisas iniciais, que vão trazer uma série de insights para o founder: validação de mercado, quem será o consumidor daquele produto ou serviço, entre outros. Geralmente, quem investe nessa rodada é o próprio dono da startup e pessoas próximas a ele.

No caso do seed, a empresa ainda está em estágio inicial, mas os investidores já estão em busca de algo mais concreto para analisar, destaca a plataforma Distrito, que acompanha o mercado de startups.

Na série A, a startup geralmente está buscando investimento para quê?

Na série A, a startup já tem uma base mais sólida e está buscando investimentos para dimensionar o produto em mais mercados, ou para fortalecer sua base de usuários.

“Essa startup já precisa ter o modelo de negócios construído, com clientes e uma receita expressiva. Isto é, a empresa já tem que estar tracionada, tem que ter se provado como negócio e, claro, provado que é capaz de escalar a operação e angariar novos clientes”, explica Antônio Patrus, diretor da Bossanova, VC brasileiro com mais de 1.500 startups investidas.

Quais são os valores envolvidos?

“A série A é uma rodada que fica entre o chamado early-stage e o late-stage, que são os estágios mais avançados de funding, por isso essa faixa de valores costuma ser bastante variada”, explica Antônio Patrus.

Ele cita o caso da BHub, startup focada em otimizar processos internos de outras companhias. No fim de 2021, a empresa captou R$ 116 milhões numa rodada série A. Em setembro do ano passado, anunciou uma extensão de R$ 40 milhões no valor captado anteriormente, elevando o montante da série A a R$ 156 milhões. “É uma exceção, mas pode acontecer, dependendo do tipo de produto, do setor e dos números apresentados pela startup aos investidores”, observa Antônio.

A Astella Investimentos, gestora de fundos de investimento de Venture Capital focada em Early Stage, estima uma faixa de US$ 4 milhões a US$ 10 milhões para o ticket do investimento na série A — aproximadamente R$ 20 milhões a R$ 50 milhões (cotação do dólar em 14/4/23).

Qual o papel do investidor após aportar capital?

Os principais agentes investidores nessa fase são fundos de venture capital, mas, a depender do interesse do investidor, pode haver a presença de um executivo que o representa para ajudar na alocação desse capital.

“A quantidade de dinheiro envolvida dá ao investidor a capacidade de alocar pessoas que fiquem mais dentro do dia a dia da operação da startup. É comum, por exemplo, levar um executivo ou conselheiro para participar das reuniões e estar mais ativo no dia a dia. Isso ajuda a startup a alocar esse recurso aportado de maneira mais eficiente para garantir o crescimento até a próxima rodada de investimento”, explica Antônio.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/tudo-sobre/noticia/2023/04/rodadas-de-investimento-o-que-e-e-como-funciona-a-serie-a.ghtml