Robô brasileiro usa inteligência artificial para testes de vista e detecção de catarata

ADAM ROBO, PROTÓTIPO BRASILEIRO PARA TESTES DE VISTA SIMPLIFICADOS (FOTO: REPRODUÇÃO/ADAM ROBO)

Adam Robo foi o representante brasileiro na Imagine Cup, copa de inovação promovida pela Microsoft. Máquina usa princípios de inteligência artificial para teste de visão semiautônomo

Você provavelmente já viu e tentou ler uma tabela de Snellen. Desenvolvida em 1862, ela traz um apanhado de diferentes letras divididas em 11 linhas que servem para averiguar se uma pessoa tem problemas de visão. Desde então, ela tem sido usada há seis metros de distância em testes de visão pelo mundo.

Mas uma ideia nascida no Brasil propõe uma mudança importante para democratizar os testes de vista. O Adam Robo é um aparelho que usa um jogo de lentes para que seja possível realizar o mesmo teste com apenas 30 centímetros de distância. Além disso, o produto usa noções de inteligência artificial, para que seja extremamente simples a realização de um teste de vista.

A ideia chamou a atenção do mundo ao ficar entre os semifinalistas da etapa global da competição Imagine Cup, uma copa entre startups realizada pela Microsoft, que aconteceu entre os dias 23 e 25 de julho na sede da companhia, em Redmond, nos Estados Unidos. Entre 48 times de 33 países diferentes, a equipe criadora do Adam Robo conseguiu ficar entre os 18 semifinalistas — mas, infelizmente, não se classificou entre as três melhores ideias escolhidas por um corpo de juízes.

Época NEGÓCIOS testou o produto. O aparelho tem como proposta ser mais leve e portátil do que outras soluções com o mesmo fim. Ele pode ser levado em uma mochila, por exemplo, permitindo que comunidades de difícil acesso tenham a possibilidade de realizar um teste de vista. Uma primeira versão, voltada ao público infantil, conta com cores vivas e tem visual divertido. A ideia tem avançado rapidamente desde sua primeira aplicação.

A versão mais recente, por exemplo, conta com acompanhamento autônomo. Um robô conversa com quem faz o teste e faz perguntas simples e diretas. Durante o teste, o robô pede que o usuário responda quais são as letras exibidas, além de perguntar nome e idade do “paciente”. Todas as respostas devem ser dadas em voz alta — e são, então, transcritas pelo aparelho. A ideia é que o tempo de treinamento para que uma pessoa possa operar o Adam seja o menor possível. O teste deve ser capaz de identificar problemas de visão tais como miopia e astigmatismo.

 

Outra funcionalidade do Adam que aplica princípios de inteligência artificial é o teste de catarata. Uma pequena câmera localizada acima do aparelho fotografa os olhos de quem faz o teste. A foto é então comparada a outras imagens de olhos com catarata e sem catarata em um banco de imagens. Tudo isso para que o robô seja capaz de dizer se existe a possibilidade da incidência de catarata ou não naquele paciente.

“Nosso plano agora é continuar aprimorando a solução. Queremos fazer com que todas as aplicações funcionem perfeitamente, para que possamos lançar a versão final para o mercado”, afirma Juliano Santos, criador do Adam Robo. “Queremos fazer o lançamento do Adam em 2019. Para isso, temos de finalizar essa segunda versão autônoma e potencializar a detecção de doenças.”

A área da saúde foi o tema de muitos projetos que disputaram com o Adam Robo na competição. O vencedor, do Canadá, usa princípios de inteligência artificial para o desenvolvimento de uma prótese de braço que seja capaz de pegar objetos sobre superfícies.

FONTE: ÉPOCA