A revolução dos marketplaces: o que esperar das plataformas de venda no metaverso?

Apesar do furor a respeito do comércio nos ambientes virtuais, especialista recomenda ter cautela ao cogitar investir neste setor.

Quando Mark Zuckerberg declarou sua intenção de tornar o Facebook uma empresa do metaverso, o assunto tornou-se o foco de marcas, consumidores e amantes da tecnologia. Durante a pandemia de Covid-19, muitas empresas aceleraram seu processo de digitalização e, agora, estão em busca da melhor plataforma de venda no metaverso: seria ela o e-commerce ou o marketplace?

Na busca por respostas, investidores e empresas devem analisar as possibilidades e oportunidades trazidas em cada plataforma.

O futuro no ambiente virtual

O metaverso é considerado o sucessor da internet que conhecemos hoje. Nas últimas três décadas, acompanhamos uma transformação significativa em quase todos os setores da indústria – especialmente no varejo, setor que tem sido muito impactado pela internet e smartphones. Os e-commerces vêm substituindo as lojas físicas, mas também começaram a perder espaço para as compras feitas nas redes sociais. Como próximo passo desse processo de digitalização, o metaverso está apresentando às empresas e consumidores um futuro em que as pessoas viverão, trabalharão e farão compras em um ambiente virtual.

Imagine uma loja do Instagram convertida em uma experiência virtual 3D que espelha fielmente a loja física. Os produtos digitalizados podem ser adquiridos por milhares de usuários em todo o mundo ao mesmo tempo. Como resultado desse processo, ao longo da próxima, os gigantes do varejo passarão da internet comum para o metaverso devido ao aumento da interação com o cliente e do tempo gasto na plataforma. Isso trará um aumento no orçamento da empresa e nos recursos utilizados para inserir sua marca no metaverso.

Com tantas promessas, Mario Aguilar, CEO da GLED International Education e especialista em estratégias tecnológicas de tendências e mercados, ressalta que as estruturas de vendas nas plataformas devem ser analisadas sob o ponto de vista de imersão e experiência do cliente.

“A experiência do usuário pelo metaverso imersivo dos óculos de realidade virtual (Meta Quest Pro, Meta Quest 2, Pico 4, entre outros) e o realizado por websites são sistemas distintos. Isso porque a experiência de navegação no metaverso por meio de um endereço web reduz muito a sensação imersiva, como no Decentraland e The Sand Box. Desta forma, até a apresentação dos produtos nas prateleiras digitais sofrem mudanças. Utilizando-se os óculos de VR com manoplas podemos tocar e pegar objetos, elevando muito a sensação do usuário em relação ao produto ofertado. A navegação web continuará utilizando o sistema de marketplaces e e-commerces, tendo apenas a ferramenta de 360º como um diferencial adicional na apresentação dos produtos”, diz.

Experiência imersiva: um conceito cada vez mais elitizado

Outro ponto a ser considerado a respeito da imersão do usuário nas plataformas de vendas digitais é a possibilidade de aquisição de hardwares que permitem essa experiência. Mario Aguilar relembra: “Estávamos acompanhando o crescimento a passos largos dos universos de criptomoedas e NFTs durante toda a pandemia – entre março de 2020 e dezembro de 2021. Porém, neste ano entramos no chamado ‘inverno Cripto’, a cotação do Ethereum, que estava em R$ 26 mil em novembro de 2021, despencou para R$ 6 mil em novembro de 2022. As ações da Meta caíram 67% nos últimos 12 meses e os volumes de NFTs comercializados no OpenSea despencaram 80%”.

Para piorar o cenário, os valores dos melhores óculos de realidade virtual do mercado, que permitem as melhores experiências de navegação no metaverso, são vendidos por preços muito elevados: o Meta Quest Pro chega aos R$16 mil e o Meta Quest 2 não é vendido por menos de R$ 2.300,00. Dessa maneira, o especialista conclui: “A melhor experiência imersiva de metaverso está ficando muito elitista, podendo ser utilizada e acessada por poucos usuários. Estamos restritos aos ambientes de games já consagrados, como Roblox e Fortnite. Agora é torcer para que 2023 modifique radicalmente este ambiente”.

A grande aposta é no sistema híbrido – misto da Realidade Aumentada com a Realidade Virtual – aponta Mario Aguilar. Anunciado em 2015, o projeto HoloLens, da Microsoft, não vingou na época de lançamento, mas voltam em 2023 com o projeto rebatizado de “hVerse”, e a Meta chega com o “Meta Quest Pro”. Mas, novamente, serão hardwares muito caros. Para o profissional, esses produtos deverão estar acessíveis somente em 2027.

Como o Brasil deve se posicionar nesse ramo?

Se o comércio virtual anda a passos lentos no exterior, o momento é de ainda mais cautela no Brasil. “Ainda estamos com a nossa moeda muito desvalorizada em relação ao dólar, e os custos para desenvolvimento estão realmente muito altos. Não há real retorno do investimento para e-commerce no metaverso. O que vemos é apenas campanhas ou eventos de gigantescas empresas multinacionais, que estão ‘colocando os pés’ nesse ambiente mais a título de marketing, mesmo”, aponta o especialista em estratégias tecnológicas de tendências e mercados.

O número de usuários consumindo no metaverso ainda é muito baixo, e a falta de alinhamento entre as Big Techs atrapalha ainda mais o mercado. Desta forma, Mario Aguilar não recomenda que pequenas e médias empresas arrisquem capital para entrar imediatamente no Metaverso: “Muita coisa ainda irá mudar em 2023 e 2024. Basta aguardar o melhor momento”.

FONTE: https://www.consumidormoderno.com.br/2022/12/13/revolucao-marketplaces-plataformas-metaverso/