Quase um terço dos fundadores de startups brasileiras são empreendedores de segunda viagem

Segundo pesquisa realizada por Distrito e MAYA Capital, 66,8% dos empreendedores do setor já estavam inseridos no ecossistema

O ecossistema de inovação brasileiro já tem fundadores de mais de um negócio. É o que mostra um levantamento realizado pelo Distrito com a MAYA Capital. Segundo os dados do estudo, 66,8% dos empreendedores do setor declararam que já estavam inseridos no universo de startups. E mais: 29,1% deles haviam participado da criação de outra empresa do segmento anteriormente. “Ter empreendedores de segunda viagem é um ótimo sinal para o ecossistema. Significa que temos um ciclo virtuoso que impulsiona novos negócios”, afirma Gustavo Gierun, CEO do Distrito.

O estudo foi realizado com 223 fundadores de startups brasileiras e teve como objetivo mapear o ecossistema de inovação do Brasil, analisando o perfil dos fundadores e suas opiniões sobre pontos estratégicos de seus negócios, como investimentos e modelo de trabalho. As respostas foram coletadas em maio e junho de 2021.

A pesquisa encontrou principalmente negócios em estágios iniciais — 76,7% das empresas estão no mercado há três anos ou menos. O dado tem impacto direto no número de funcionários: 25,6% das startups têm apenas o fundador, enquanto 35,4% possui menos de 9 colaboradores.

Sobre captação, o estudo mostra que 58% das empresas ainda não receberam investimento externo. Considerando apenas os que já captaram recursos privados, 38,5% dos fundadores conseguiram aportes buscando ativamente o fundo. A segunda forma mais comum é justamente o contrário (28,6%).

A realidade do trabalho remoto foi abordada pela pesquisa. A maioria dos entrevistados (52,2%) disseram que a empresa funciona completamente em home office — mesmo com todas as dificuldades. Para 44,5%, o trabalho remoto é tão produtivo quanto o presencial. Do outro lado, 14,1% consideram que o home office é menos produtivo.

Sobre demissões, 54,5% das startups revelam que não tiveram de demitir funcionários no último ano. Ao contrário: 40% das startups pretendem receber pelo menos 5 pessoas, e outras 25,9% esperam contratar entre 6 e 10 pessoas. Segundo os fundadores, profissionais da área de TI são os mais difíceis de encontrar (59,6% das respostas).

De acordo com o levantamento, 80% dos fundadores têm entre 25 e 44 anos. Empreendedores com menos de 25 e mais de 50 anos ficaram com 5,5% e 8,6%, respectivamente. Já sobre a escolaridade, o estudo revela que 95% dos fundadores de startups do Brasil têm ensino superior completo — com pós-graduação e/ou MBA somam 54,7%.

Para Gierun, o resultado destaca que o nível de escolaridade dos fundadores contribui para os resultados positivos do setor — mas também demonstra que existe um caminho a ser seguido. “Esses dados reforçam a importância de investir em educação e nas políticas de acesso às universidades pelas classes populares e demais grupos historicamente excluídos. Com isso, o mercado de inovação será mais acessível”.

Analisando a demografia, o levantamento revela que São Paulo é o point dos empreendedores — o estado concentra 63,7% das startups sediadas no país. O Nordeste e o Norte são as regiões menos representadas, com 2,3% e 1,8%, respectivamente.

O levantamento revela que 45% das startups possuem programas informais de diversidade e inclusão, 13% possuem políticas formais e 18% estão em vias de implementação. No entanto, 24% dos fundadores entrevistados não planejam implementar políticas de diversidade e inclusão por enquanto.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2022/05/quase-um-terco-dos-fundadores-de-startups-brasileiras-sao-empreendedores-de-segunda-viagem.html