Quando carro e bicicleta se falam por celular

Empresas testam rede 5G para aplicações de segurança no trânsito, que exigem alta velocidade e precisão

BICICLETAS E CARROS AUTÔNOMOS CONECTADOS: SERIA ESSE O FUTURO DA MOBILIDADE? (FOTO: DIVULGAÇÃO/TELEFÔNICA)

Cidades inteligentes ou “smart cities“, se quiserem merecer o nome, vão ter de se tornar também cidades com trânsito muito mais seguro. Um grupo de oito empresas fez em Barcelona, neste domingo (dia 24), uma das primeiras demonstrações de rua com rede 5G para aplicações de segurança no trânsito. O teste usou um protocolo universal de comunicação entre máquinas, o C-V2X — lê-se “CV to X”, que significa “celular-veículo para qualquer objeto”.

Na demonstração, o motorista de um carro conectado, prestes a fazer uma conversão à direita, recebeu de um poste conectado o aviso de presença de pedestre atravessando a rua após o contorno da esquina; uma bicicleta conectada informou sua presença ao motorista de um carro conectado; e um carro conectado, mais à frente, informou o motorista de outro, mais atrás, que estava parado no meio da via. Com a tecnologia, os obstáculos não precisam estar perceptíveis para os sensores embutidos no automóvel.

Trata-se de um uso da rede fundamental para a difusão de carros autônomos (que vão poder usar a mesma tecnologia para tomar suas decisões, em vez de apenas informar o motorista) e tem exigências bem específicas, em relação a outras aplicações de comunicação entre objetos, em comércio, marketing, lazer e serviços públicos.

Bicicleta conectada a rede 5G (Foto: Marcos Coronato)

Em aplicações de segurança, a localização dos envolvidos precisa ser comunicada à rede com exatidão de centímetros, o que ainda não é possível com a geolocalização dos celulares (por isso, é o poste ou semáforo que precisa avisar um carro sobre a localização exata dos pedestres).

“Além disso, precisamos processar muitos dados — vindos dos carros, bicicletas, semáforos, faixas de pedestre — e devolver informação relevante em milissegundos”, explicou Mercedes Fernandes, gerente de inovação da Telefonica, empresa coordenadora da demonstração. Em linguagem técnica, diz-se que a rede precisa trabalhar com baixa latência.

A alta velocidade de resposta necessária só se consegue com o emprego do conceito de “edge computing”, ou seja, o poder de processamento e a memória necessários às operações precisam estar distribuídos, e não concentrados em só um dos objetos envolvidos na “conversa”.

O equipamento de comunicação, por enquanto, tem tamanho não desprezível — algo como metade de uma caixa de sapatos. No teste, foi instalado na dianteira da bicicleta e no topo do carro, como uma antena. Mercedes acredita que é questão de tempo até que se torne pequeno e leve o bastante para ser incorporado à estrutura de bicicletas e até de celulares.

Além da Telefonica, participaram da construção do “ecossistema” de objetos conectados as companhias Ericsson, Qualcomm, Ficosa Etra, i2cat, Seat, CTTC e UPC, além da iniciativa Mobile World Capital Barcelona, uma fundação com capital privado e público para transformar a capital da Catalunha em referência global de conectividade.

FONTE: ÉPOCA