Projeto cria aplicativo colaborativo que mapeia zonas de risco para LGBT

Iniciativa é do grupo Resistência Arco-Íris, da Faculdade Oswaldo Cruz. Investimento foi captado de emenda parlamentar. Associação estuda formas de capitalização da ferramenta

No próximo dia 18 de dezembro, será lançado o aplicativo Dandarah, que tem o objetivo de mapear zonas de risco para LGBTs. A ferramenta foi idealizada pela pesquisadora Mônica Malta, do projeto Resistência Arco-Íris, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). O aplicativo está disponível, na versão Beta, na Play Store. Em breve também estará na App Store.

O nome da ferramenta é uma homenagem à travesti Dandara Ketlyn, que foi assassinada em 2017, no Ceará.

O valor investido para a criação da ferramenta é parte de uma emenda parlamentar destinada pelo ex-deputado federal Jean Wyllys. “O app é um dos produtos finais do projeto Resistência Arco-Íris, que captou R$ 500 mil.”, afirma Bruna Benevides, pesquisadora do projeto.

Pesquisa interna ajudou na concepção do projeto
Mônica teve como base para o desenvolvimento do app uma pesquisa iniciada há dois anos na Ensp e também as informações obtidas por meio de grupos mobilizados em diversas cidades brasileiras, reunindo lideranças, profissionais de educação, assessoras parlamentares e ativistas LGBT.

A partir da discussão de temas como panorama e impacto da violência, estigma e discriminação voltados para a população LGBT no Brasil – além de sugestões sobre funcionalidades que gostariam de incluir no aplicativo – foi possível estabelecer um processo colaborativo para que o app seja uma ferramenta amplamente utilizada pela população LGBT.

Cada usuário poderá inserir os locais que considera seguros, bem como opinar sobre localizações já existentes na plataforma de geolocalização.

O aplicativo foi testado previamente em sete cidades brasileiras: Aracaju, Uberlândia, Brasília, Belém, Niterói, Salvador, Francisco Morato e Rio de Janeiro, com o intuito de aperfeiçoar as funcionalidades. Os testes alcançaram cerca de 130 pessoas LGBT, com diversos perfis de classe, raça e gênero, que puderam colaborar com o projeto.

Botão de pânico
O Dandarah conta com um botão de pânico que, quando acionado, envia imediatamente para cinco pessoas cadastradas pelo usuário uma mensagem informando que ele(a) se encontra em situação de risco. O aplicativo também será um canal de informação sobre delegacias e serviços de apoio mais próximos e de locais seguros – tudo com contribuição do usuário, que poderá marcar esses locais no mapa.

Toda a parte operacional ficará a cargo da Antra. Após o lançamento, será iniciada a fase de recolhimento de dados e apresentação de resultados para a captação de recursos. “Por ser uma ação de instituições da sociedade civil, não há previsão de lucro. Somos uma instituição sem fins lucrativos e qualquer movimentação neste sentido seria exclusivamente para melhorias do app”, afirma Bruna.

FONTE: PEGN