Professores usam robôs e jogos para fixar conteúdos do Enem

Confira dicas para aprender Ciências da Natureza de forma lúdica

A divisão da distância percorrida por um corpo pelo tempo gasto na viagem resulta na velocidade média. Ok! O conceito está anotado, mas e se fosse possível fazer experimentos, aplicando-o na prática? Para facilitar o aprendizado dos estudantes, professores contaram que estão usando aplicativos de celular, séries, filmes e até videogame em sala de aula.

Na tarde de ontem, o Sesi montou um espaço de robótica no Salvador Shopping para ensinar estudantes e curiosos a colocar em prática conceitos de Química e Física. O objetivo é perceber como esses conhecimentos podem ser trabalhados de forma lúdica no dia a dia.

Tiago Maciel contou que os estudantes trabalham o raciocínio lógico (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

O professor de Robótica Educacional Tiago Maciel contou que os estudantes montam um robô e precisam realizar algumas tarefas, como arremessar e capturar objetos e atravessar plataformas, trabalhando conceitos da Física.

“Fazemos a simulação de um treino, que é o desenvolvimento de um robô para cumprir umas missões. Os estudantes trabalham resolução de problemas, raciocínio lógico e criação de estratégias, além da criatividade”, disse ele.

Hamilton Costa, 14 anos, está no 9º ano do ensino fundamental e ainda não decidiu qual carreira vai seguir, mas fez questão de participar do evento para aprender novos conceitos. Ele era um dos mais empolgados com o robô.

“É interessante, porque a gente trabalha várias matérias de uma maneira mais divertida. Eu não gosto de Física, mas gosto de Matemática. Aqui, eu consigo trabalhar os dois de uma forma que eu consigo entender mais fácil, como a transformação de energia gravitacional potencial em energia cinética, por exemplo”, disse.

Além dos conceitos citados por Hamilton, os professores disseram que são trabalhadas as definições de ondas eletromagnéticas, cinemática, energia potencial elástica, velocidade, deslocamento e tempo, entre outros assuntos frequentes no Enem. O espaço está aberto ao público até o dia 17 deste mês, é gratuito e as oficinas acontecem a partir das 13h, com robótica, espaço de ciências e formação de youtubers.

Oficinas acontecem até o dia 17 de outubro (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Outras ferramentas
Em breve, as salas de cinema estarão lotadas para a estreia de mais um filme de super-heróis e, para os professores, esse pode ser um ponto positivo, porque, se bem observadas, essas obras podem ir além do entretenimento e oferecer aos estudantes conhecimento. Quem explica é o professor de Química dos Colégios Dom e Bernoulli, Carlos Duplat.

“Através desses filmes e de algumas séries é possível trabalhar conceitos da Química e da Física. Em Homem de Ferro 3, por exemplo, o protagonista tenta produzir um novo elemento químico. Isso rendeu uma discussão na sala de aula sobre os elementos da química e como eles podem ser relacionados. O mesmo com a série Breaking Bad”, argumenta.

Duplat contou ainda que o videogame e os jogos de tabuleiro são outras ferramentas que melhoram o desempenho dos estudantes. A paixão por esses recursos é tamanha que o mestre criou o próprio aplicativo e já usou a disputa como prova em sala de aula. “Os alunos precisavam fazer experimentos e relacionar elementos para passar de fase”, descreve.

Yulo Freitas acredita que a ludicidade ajuda no processo de aprendizagem(Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Para o professor de Física do Colégio Sesi Yulo Augusto Freitas, a ludicidade é uma característica indispensável no processo de aprendizado e um desafio para os mestres. Ele acredita que, quando os estudantes aprendem a relacionar os assuntos ao dia a dia, fica mais fácil entender o conteúdo e, por isso, estimula os alunos a contribuírem nas aulas.

“O estudante não deve ficar apenas como espectador do conhecimento, ele precisa participar de forma direta, criando robôs e desenvolvendo ideias. Isso facilita a aprendizagem, porque ele começa a se sentir parte do processo. Faz com que a assimilação do conteúdo se torne mais prazerosa, fácil e significativa”, disse.

Estudantes observam conceitos de Química e Biologia na prática (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Os professores ouvidos pelo CORREIO disseram que os estudantes precisam ficar atentos às diferentes formas de aprender e fazer o exercício de observar quando os diversos conceitos de Ciências da Natureza são aplicáveis no cotidiano.

Lays Verena, 15, pretende seguir a Medicina como carreira e conta que as atividades práticas estão ajudando nesse sentido. “Tem pessoas que aprendem no quadro e outras não. Então, esses recursos são uma forma de facilitar isso, aprendendo vários campos de forma divertida”, afirmou.

Robô precisa realizar missões para completar o percurso (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)

Esse desejo por interação entre conhecimento e rotina está sendo cada vez mais demandado pelas novas gerações, segundo o professor de Física do Colégio Antônio Vieira, Alexnaldo Neves. O mestre frisou que fazer as experiências ensinadas no quadro é importante e, para quem não tem um laboratório bem equipado em casa ou na escola, existem algumas ferramentas que estão à mão e também podem ajudar.

“Os conceitos de Química e Física são muito abstratos, então, encontrar uma maneira de torná-los visuais ajuda no aprendizado. Uma universidade americana desenvolveu simuladores que podem ser usados nesse sentido. Estão disponíveis na internet. O estudante experimenta na tela o conhecimento trabalhado em sala de aula”.

O professor destacou que as mudanças não substituem o ensino tradicional, mas funcionam de forma complementar. “O ensino não pode ser unilateral. Aquela ideia do professor passando o conhecimento e o aluno apenas como ser passivo já não funciona mais. O ensino tradicional ainda é válido e o quadro não deve ser abandonado, mas é preciso explorar outros recursos”, defendeu.

FONTE: CORREIO