Professor analisa uso da inteligência artificial nas eleições de 2018

Luiz Renato Regis de Oliveira Lima é Ph.D. em Economia pela University of Illinois nos Estados Unidos

O professor titular do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Luiz Renato de Oliveira Lima, comenta em seu novo artigo no Portal WSCOM, a importância da nteligência artificial para nas eleições de 2018. Ele lembra que o mecanismo foi foi empregada com razoável sucesso nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Leia o artigo na íntegra:

Inteligência artificial nas eleições de 2018

Inteligência artificial foi empregada com razoável sucesso nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos. A metodologia consiste em captar mensagens postadas em redes sociais por uma quantidade expressiva de eleitores. Essas mensagens são então avaliadas por métodos estatísticos e computacionais com o objetivo de identificar fatores considerados relevantes pelos eleitores. Dado que esta análise é feita diariamente, o candidato consegue ter uma resposta instantânea a respeito da receptividade de suas idéias e do impacto de suas palavras na opinião do eleitorado. Com esta informação, o candidato pode traçar uma estratégia de campanha ótima, visando maximizar o número de votos recebidos.

Para citar um exemplo simples que ocorre atualmente na cena política do Brasil, utilizamos um linguagem computacional para extrair palavras de “tweets” divulgados pelas principais revistas e jornais do país (IstoÉ, Época, Veja, Folha de São Paulo, portal G1 e Estadão). O código criado nos permite identificar as principais palavras associadas aos nomes do ex-presidente Lula e do Deputado Federal Jair Bolsonaro. Foram analisados um total de 3.200 tweets publicados por essas revistas e jornais. As três palavras mais associadas ao nome do ex-presidente Lula foram “Moro”, “defesa” e “lava jato”. As palavras mais associadas ao Deputador Jair Bolsonaro foram “Lula”, “Maria do Rosário” e “Dória”. Portanto, ambos os candidatos possuem seus nomes expostos às ações na justiça, mas o nome do ex-presidente encontra-se muito mais atrelado aos fatos negativos relacionados à operação lava jato.

Esta simples análise já nos permite entender, em parte, o sucesso crescente da campanha do Deputador Jair Bolsonaro. De fato, sua campanha tem sido baseada em fortes críticas ao PT e ao Lula. Os dados mostram que essa estratégia gera resultado porque o ex-presidente está fortemente atrelado às notícias negativas relacionadas à ação penal que ele responde na operação lava jato. A medida que as eleições de 2018 se aproximam, percebe-se que o uso desse instrumental se mostrará indispensável na montagem de estratégias de campanha. O departamento de economia da UFPB tem sido pioneiro no desenvolvimento de pesquisa na área de inteligência artificial e “machine learning”. O aluno de doutorado, Lucas Godeiro, tem trabalhado numa tese em que inteligência artificial é aplicada para prever variáveis econômicas a partir de textos publicados pelo banco central dos Estados Unidos. Essa técnica consiste em transformar palavras em números, e depois identificar quais dessas palavras são úteis para a previsão econômica. Esta mesma técnica pode ser empregada para monitorar o sentimento do eleitor no tocante as propostas e discursos dos principais candidatos. Com essa informação disponível em tempo real, cada candidato poderá ajustar suas opiniões a fim de reduzir a distância do seu eleitor.

Os candidatos que conseguirem observar mais rapidamente a reação do eleitorado às suas propostas e idéias poderão elaborar um discurso ótimo para ser usado durante um debate político, bem como desenvolver uma estratégia de campanha que maximize o número de votos recebidos. A inteligência artificial servirá, portanto, para revelar aos candidatos quais são as principais demandas do eleitorado e como resolvê-las. Tudo indica que teremos, pela primeira vez em nossa história, uma campanha eleitoral decidida pelas idéias e pela tecnologia.

Luiz Renato Regis de Oliveira Lima. Ph.D. em Economia pela University of Illinois nos Estados Unidos e Professor Titular do departamento de Economia da UFPB.

FONTE: WSCOM