Portugal quer rapidamente depender apenas de energia renovável

O secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, sublinhou ontem, em Madrid, que Portugal “tem grandes condições para se tornar num dos primeiros países do mundo” a depender exclusivamente de fontes de energia renovável.

“Da parte do Governo português, será o mais rápido possível. Queremos criar as condições para que isso aconteça”, disse Jorge Seguro Sanches à margem do congresso ibérico “Gás natural: ecologia eficiente para a mobilidade”, em Madrid.

O governante referiu que o objectivo é ser “totalmente renovável e não apenas um mês por ano”.

A produção de electricidade renovável no mês de março ultrapassou o consumo de Portugal continental, o que foi considerado um marco histórico pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis e a associação ambientalista Zero.

Dados da REN (Redes Energéticas Nacionais) indicam que a eletricidade de origem renovável produzida em março do corrente ano foi de 4.812 Gigawatts por hora (GWh), ultrapassando o consumo de Portugal Continental, que foi de 4.647 GWh.

O secretário de Estado da Energia disse que desde o início da entrada em funções do actual executivo já foi autorizada a instalação de parques com “mais de 800 ‘megawatts’ de energia solar sem qualquer tipo de subsídios”.

“São empresas que vão a mercado e que são competitivas com qualquer outra central de produção”, como aquelas que funcionam a carvão, gás ou barragens hidroeléctricas, assegurou Jorge Seguro Sanches.

Segundo ele, o custo de produção das renováveis “tem vindo a descer imenso”, tendo dado o exemplo do preço que o mercado paga por cada ‘megawatt’ por hora médio de energia solar que baixou de 300 euros, nas centrais subsidiadas, para 50 euros, “ou seja, seis vezes menos”.

“Isto deve-se acima de tudo à grande evolução tecnológica”, disse o secretário de Estado, acrescentando que na estratégia de produção de energia a partir de renováveis falta apenas equacionar o problema da falta de capacidade de armazenamento da energia.

Jorge Seguro Sanches não tem dúvidas em afirmar que “do ponto de vista da defesa do Planeta, o futuro vai ter de ser renovável”, mas do ponto de vista da autonomia necessária “a mobilidade eléctrica ainda não está nos mínimos em que estão outros tipos de transporte”.

Nesta área, reconheceu que o gás natural ao poluir muito menos é uma boa alternativa aos restantes combustíveis fósseis, como o gasóleo ou a gasolina.

“Portugal tem razões para continuar a construir uma estratégia baseada nas renováveis. Isso não significa que não estamos interessados em substituir muito daquilo que é o nosso consumo de combustíveis de derivados de petróleo por outro mais limpo como é o caso deste [gás natural], que vemos com muito interesse”, concluiu Seguro Sanches.

FONTE: D NOTÍCIAS