Por um design que “transborda”

Carolina Kia Takada, sócia e CEO da Weme (Crédito: Divulgação)

Carolina Kia Takada é formada em administração de empresas pela FEA-USP e atuou por cinco anos na PwC. Atualmente é sócia e CEO da Weme, consultoria de design e inovação e co-organizadora do TEDx Campinas. Desde sua criação, a Weme já desenvolveu mais de 800 projetos para 200 empresas de grande porte, apoiando-as na criação de novos produtos e serviços.

Grande estudiosa do design e da inovação, é também professora de design thinking e transformação digital, palestrante e investidora anjo. Em maio, passou a integrar o Conselho de Administração da Seguros SURA. O convite veio a partir de uma palestra que Carolina proferiu sobre transformação digital para o time diretivo da empresa.

Meses atrás, Carolina foi entrevistada no podcast da THE SHIFT para falar sobre a importância design para a inovação. Selecionamos os melhores trechos dessa entrevista, que iluminou a maneira como entendemos o design e como ele deve ser adotado para repensarmos as formas de crescimento e de relacionamento nas nossas vidas, nas organizações e na sociedade”.

Rosane Serro

O CAMINHO DA INOVAÇÃO

“Nossa principal tese de inovação diz que quando olhamos para um processo em curso dentro de uma grande organização, por exemplo, nós temos uma jornada que é cumprida, realizada e que impacta pessoas. E se temos pessoas envolvidas, temos dores, necessidades, desejos, motivações e frustrações… Com tudo isso, podemos, por meio do design, compreender o que está acontecendo para que possamos melhorar ou projetar uma nova jornada: o processo. Isto ocorre quando pensamos em processos.

Também usamos o design para projetar novos produtos digitais, por exemplo. Sempre que precisamos melhorar uma etapa específica da jornada de uma pessoa, de um consumidor ou de um cliente – através de um produto digital – utilizamos primeiro o design para compreender as pessoas, as dores e as necessidades. E aí sim, partimos para projetar esse produto digital ou toda uma nova unidade de negócio ou ainda uma nova organização. Ou seja, usamos o design para tudo e depois ele transborda para nossa vida pessoal .

Usamos o design para tudo e depois ele transborda para nossa vida pessoal.
Acontece muito de as organizações terem ideias incríveis. Investem um dinheiro enorme, consomem muito tempo, energia e expectativa para, na hora em que o produto chega às mãos dos usuários, não haver uso, engajamento, não resolve nenhuma dor. Estava conversando com uma empresa que tinha planejado 100.000 downloads de um aplicativo e estava com apenas 100 pessoas que efetivamente acessaram o programa. E não entendiam o motivo. São necessários muitos testes. É muito aprendizado conjunto com os clientes para os quais estamos criando algo.

É importante compreender este comportamento e gerar uma solução a partir disso. Nós não somos todo mundo. E não somos iguais às pessoas que têm dados demográficos parecidos com os nossos.

Primeiro é necessário entender as dores. Depois, geramos ideias para atender aquelas pessoas.
Há um exercício muito simples que fazemos – exatamente neste processo de ideação, que é esse momento de divergir e gerar uma quantidade enorme de ideias – que é dar algumas ideias num post-it. Escreva. E depois faça um processo de desapegar: voltar às ideias que fazem mais sentido naquele contexto e eventualmente rasgar, apagar ou jogar fora aquelas que não foram adotadas. Mesmo neste exercício, que dura 10 minutos, é como se fosse um aquecimento.

Há pessoas que se apegam a ideias que elas escreveram no post-it. Se a gente se apega numa ideia num post-it, imagina nas grandes organizações, quando temos grandes projetos?
Às vezes, é o grande projeto de sua carreira, de sua trajetória. Você cria uma expectativa em cima daquilo. É natural do ser humano. O exercício do design é um exercício de divergência e convergência.

Em 2019, US$ 1,3 trilhão foi investido no segmento de transformação digital, mas 70% desse valor foram com iniciativas que não deram resultado nenhum.
A empresa tem que estar aberta à esta cultura, ao aprendizado, ao teste, à experimentação. E, à medida que vai tendo histórias de sucesso, vai transbordar para a organização.

O grande diferencial se encontra em, ao projetar um serviço, pensar nas jornadas das pessoas, suas dores e necessidades e – a partir disso – conseguimos melhorá-las. Por isso, ouvimos cada vez mais o uso desses termos: experiência, user experience, customer centricity, customer experience. Essa é a lógica dominante do serviço: no fim, tudo é um serviço.”

A íntegra dos melhores momentos da entrevista você lê no site da THE SHIFT.

Repensando o valor do design
Quando as pessoas pensam em design, elas logo pensam na beleza de um produto ou na funcionalidade de um serviço – e isto, definitivamente, faz parte do design. No entanto, o valor do design, e do que ele é capaz de fazer, vem evoluindo com o tempo. O protagonismo do Design de Serviço é só um exemplo.

A indústria do design é a que está mudando mais rapidamente. Veja!

Um bom designer pensa em impacto, diz Martha Cotton, Diretora de Design do Grupo para Pesquisa na Fjord. “Existe desing na maneira como nos relacionamos com qualquer coisa em nossas vidas. Vem da ideia de que ações, além de produtos, também podem ser desenhadas”.

A Design Economy tem sido a avaliação mais abrangente do estado do design no Reino Unido. O relatório do Design Council este ano explora o maior valor social e ambiental do design, e sua contribuição econômica.

Produto mais sustentável? Comece pelo design. A fase de projeto é onde as empresas deveriam focar para endereçar a pegada de carbono em produtos e serviços.

Desperdício x Design. É hora de repensar tudo. Entramos em um cenário de “coma a sua comida e a embalagem também“.

Design Justice pode transformar a sociedade. Conceito defende um olhar crítico sobre o desgin, para que deixe de perpetuar as estruturas de poder existentes, tornando-se mais equitativo e inclusivo. Materializa o desejo do design para todos.

Design é chave para melhorar a percepção da sua marca. Segundo o especialista Marty Neumeier, há uma lacuna entre como as empresas se apresentam e como o consumidor as enxerga.

Design Participativo: trazendo usuários para o processo de design.

FONTE: https://theshift.info/