Por que o 5G vai muito além de celulares mais rápidos

MODELO DE CARRO AUTÔNOMO DA VOLVO. CARROS AUTÔNOMOS SÃO UMA DAS TECNOLOGIAS QUE UTILIZARÃO A REDE 5G (FOTO: DIVULGAÇÃO/VOLVO)

Imagine que você está indo para o trabalho dentro de um carro autônomo. Em certo momento na estrada, precisa trocar de pista. Há espaço, mas logo atrás vem outro veículo e você não tem certeza de que terá tempo para entrar na frente dele sem bater. Não que isso devesse ser uma preocupação. Afinal, como o seu carro está conectado e compartilha informações com os outros veículos na estrada, o automóvel que vem logo atrás sabe que precisa desacelerar sem sequer haver necessidade de você dar seta.

A cena anterior está longe de ser algo muito futurístico — a indústria automobilística, além de empresas de tecnologia como Google e Uber, está trabalhando para torná-la realidade. Esses carros inteligentes, no entanto, vão exigir um poder de conexão móvel muito além do que estamos acostumados a ter hoje em nossos celulares. E faz sentido. Dentro de um veículo autônomo, cada segundo é crítico. Você não quer frear tarde demais quando uma pessoa entra do nada na sua frente. Por isso, essa e outras tecnologias disruptivas devem usar uma nova geração de internet móvel, o 5G.

Durante a edição de 2017 da CES, um dos maiores eventos de eletrônicos do mundo,  Steve Mollenkopf, CEO da Qualcomm, fez uma afirmação que pareceu ambiciosa naquele momento: “O 5G é a nova eletricidade”. Um ano depois, a gigante de tecnologia mantém sua aposta. Nesta semana, executivos da empresa discutiram os impactos dessa tecnologia durante o Qualcomm 5G Day, em San Diego, na Califórnia. Segundo eles, a nova geração terá inúmeros usos — não só no smartphones.

Serge Willenegger, vice-presidente sênior de product management da Qualcomm Technologies, explicou que, da mesma forma que a eletricidade um dia aumentou a produtividade da indústria, permitindo a automação de tarefas, a combinação do 5G com a inteligência artificial deve levar a indústria para um novo nível de automação.

De acordo com Durga Malladi, vice-presidente de engenharia da Qualcomm, o 5G pode mudar a forma como conhecemos a indústria hoje, possibilitando um “ambiente mais complexo do que nunca”. Malladi diz que a tecnologia está sendo desenvolvida de forma a não precisar de um novo G mais tarde. (Ou seja, um potencial 6G ainda é muito distante da realidade.)

A expectativa é que o 5G seja dez vezes mais rápido do que o 4G. Além dos carros autônomos e da indústria, há novas oportunidades na área de consumo, com equipamentos de realidade virtual que possibilitem uma experiência de usuário muito superior.

Ainda assim, a tecnologia vai chegar primeiro aos celulares. Havia uma expectativa de que os primeiros aparelhos seriam lançados em 2020, mas a data mudou e os primeiros smartphones chegam ao mercado em 2019. A Qualcomm anunciou que já há parcerias firmadas para lançar aparelhos com o seu primeiro modem 5G comercial, o Snapdragon X50. Entre as fabricantes com lançamentos em 2019, estão Asus, HTC, LG, Sony e Xiaomi.

“Estamos otimistas em relação ao 5G”, disse Cristiano Amon, brasileiro que se tornou este ano presidente da Qualcomm Incorporated. “Em primeiro lugar, representa um upgrade de conectividade, numa hora que queremos dados ilimitados.” Ele destacou o poder do 5G de mudar as experiências sociais, levando a uma evolução das redes sociais e a um entretenimento mais imersivo.

Um estudo recente intitulado “The 5G Economy”, feito pela IHS Markit e encomendado pela Qualcomm, defende que até 2035 o 5G poderia gerar até US$ 12,3 trilhões em bens e serviços mundialmente.

FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS