Por que as startups devem investir (de verdade) em Inteligência Artificial?

Se a ascensão das soluções cloud viabilizou a criação de sistemas inovadores e com pouco capital inicial – fator que foi essencial para fomentar o crescimento das startups – vivemos hoje uma nova revolução, formada pela expansão do Machine Learning e da Inteligência Artificial.

Só em 2022, os investimentos de startups brasileiras em IA cresceram 28%, ultrapassando a marca dos R$ 2,6 bilhões. A cada ano, assistimos um novo recorde de valores investidos nessa tecnologia, porém é fato que a maior parte é destinada a aplicações mais maduras como por exemplo o reconhecimento facial, OCR (reconhecimento ótico de caracteres), chatbot, contagem de pessoas entre outros.

Ainda falta um olhar mais disruptivo para essa tecnologia, e isso acontece porque poucas startups possuem no seu quadro de especialistas profissionais que consigam criar ou aprimorar seus próprios modelos e transformá-los em soluções que podem ser replicadas em escala comercial.

Ainda hoje, existe dentro das empresas um volume gigantesco de transações realizadas em uma planilha Excel. Tanto é que as soluções de RPA (automação de processos robóticos) continuam em notoriedade, apesar de já terem mais de 20 anos de existência.

Para se destacar e realmente explorar as possibilidades das soluções de Inteligência Artificial, as companhias precisam evoluir seus objetivos. Normalmente, as empresas utilizam o RPA para digitalizar um formulário com os dados ou o pedido de um cliente e cadastrá-lo em um sistema já obsoleto. Raras são as empresas que utilizam machine learning para tomar decisões já na primeira etapa do processo, como aprovar um crédito pessoal ou um pedido de compra. Geralmente é necessária uma aprovação manual posterior a esse processo.

Obviamente há dificuldades, pois se já é difícil e caro contratar um programador que trabalhe com sistemas cloud, por exemplo, esse problema se agrava ainda mais para especialistas de Inteligência Artificial. Mas existe um caminho ainda subaproveitado pelas empesas, pois

houve um aumento exponencial em soluções open source que explora o uso de IA. Veja que grandes provedores como o Google, por exemplo, acabam de lançar um processador de US$ 25 que permite conexão a uma USB habilitada para rodar modelos de IA em qualquer dispositivo, não apenas em nuvem.

Aqui no Brasil, o movimento de utilização desse tipo de serviço ainda é baixo, já que a contratação de mão de obra para realização de trabalhos mais manuais e mecânicos é barata, se comparada ao restante do mundo. E ainda hoje o mercado brasileiro, em todos os setores, ainda não mostra interesse na hiper personalização que pode ser desenhada por meio das tecnologias IA.

Apesar de todos os obstáculos, é inegável que a Inteligência Artificial deverá ser uma habilitadora de soluções disruptivas de grande impacto em vários mercados. Imagine uma seguradora de saúde ser capaz de diagnosticar seus segurados de forma preventiva, por meio da tecnologia e sem nenhum contato humano, em mais de 60% dos casos?

Qual seria o impacto para a empresa e para seus clientes, que poderão ser atendidos de forma ágil e personalizada, em qualquer horário e sem burocracia? A IA apresenta um mundo de possibilidades infinitas, que infelizmente ainda não é explorado devidamente.

E é com esse olhar, nas múltiplas possibilidades de se aplicar a Inteligência Artificial para resolver problemas difíceis e de custo alto para as empresas que as startups devem se aprimorar. Acreditamos que são as startups as grandes viabilizadoras dessa nova revolução, pois são elas que conseguem absorver rapidamente as tecnologias e testá-las em várias situações.

FONTE: https://olhardigital.com.br/2022/10/28/colunistas/por-que-as-startups-devem-investir-de-verdade-em-inteligencia-artificial/