Por que as empresas precisam entender a hiperconectividade

O 5G habilita um amplo espectro de conexões, entre pessoas, entre máquinas e entre máquinas e pessoas. Pesquisa da KPMG com empresas brasileiras mostra que 71% delas pretende investir em 5G associada a alguma atividade de negócios.

Até o final de 2022 o mundo terá atingido a marca de 1 bilhão de conexões ativas de 5G. Parece muito, mas ainda é pouco perto do potencial estimado de aceleração das conexões da chamada Internet de Tudo (IoE, ou Internet of Everything), que envolve coisas inteligentes, pessoas, processos e dados, conectados o tempo todo, com informações em tempo real fluindo entre eles. É a tal da hiperconectividade, que ganhou espaço no dicionário Collins.

Um relatório recente da GSMA – The Mobile Economy 2022 – aponta que as conexões móveis têm absolutamente tudo a ver com isso. E indica que estamos emergindo para um mundo ainda mais conectado depois de dois anos de pandemia. 2021 terminou com 5,3 bilhões de pessoas tendo pelo menos uma assinatura para conectividade móvel, sendo 4,2 bilhões com assinatura de serviços de internet móvel. Do ponto de vista de número de conexões totais (SIM cards), estamos falando de 8,3 bilhões. E esses números excluem as licenças de celular para IoT (máquina a máquina).

linha do tempo da implantaçao do 5G global

É nesse cenário que a tecnologia de conectividade móvel 5G entra para acelerar. O relatório da GSMA aponta que em 2025 o 5G vai representar 25% de todas as conexões ativas (versus 8% em 2021), o que quer dizer 2 bilhões de assinaturas de internet de altíssima velocidade.

O impacto econômico desse crescimento é medido na casa dos US$ trilhões: Em 2021, as tecnologias e serviços móveis geraram US$ 4,5 trilhões em valor agregado (5% do PIB global). O valor, em 2025, sobe para US$ 5 trilhões, impactando especialmente economias em desenvolvimento e países mais pobres. A expectativa é que o 5G beneficie todos os setores da economia, afetando principalmente as áreas de serviços e manufatura.

Uma projeção feita pela International Data Corporation (IDC Brasil), estima que a tecnologia 5G movimentará US$ 25,5 bilhões no Brasil nos próximos três anos. Os setores que mais vão atrair investimentos são aplicações de inteligência artificial (IA)internet das coisas (IoT), computação em nuvem, big data e cibersegurança.

Empresas brasileiras de olho

A pesquisa “Tecnologia 5G, a hiperconectividade que vai mudar o mundo“, lançada pela KPMG no final de fevereiro, desenha o mapa de interesse das empresas brasileiras em investir nessas mudanças para acelerar negócios. Foram ouvidas 110 pessoas em cargos de liderança em empresas de diferentes portes e verticais econômicas (32% eram CFOs e 18% eram CEOs).

A grande maioria (71%) das empresas pretende investir em 5G associada a alguma atividade de negócios. Um quinto (20%) já investem. Metade (52%) declararam conhecimento intermediário sobre o assunto: sabem o que é, mas têm duvidas sobre como investir e onde aplicar. O problema pode estar nas 29% que disseram desconhecer por completo a tecnologia e seus impactos nos negócios.

Por isso há um gap entre a intenção e a ação e um caminho grande a ser andado. Quase a metade (46%) das empresas não sabe quanto vai investir. O montante do investimento (para os que já definiram o orçamento) é em média R$ 50 milhões, valor que é considerado relativamente pequeno pelo relatório. Onde pretendem investir o dinheiro? As principais aplicações incluem infraestrutura de TI/nuvem (20% das respostas), experiência do cliente (14%), marketing e comunicação (13%), cadeia de suprimentos/logística (12% ), e operações/back office (12%).

Com o leilão do 5G realizado, em novembro de 2021, 10 operadoras devem colocar a mão na massa para garantir a implementação da rede em todas as capitais até julho deste ano. Um relatório lançado pela Anatel estima, em um cenário mais agressivo, que o total de estações radio base (ERBs) deve chegar a 154,9 mil até o final da década (hoje são 96,4 mil). Mas a cobertura nacional só será alcançada em 2029.

Se ficarem esperando a estrutura ser implementada para agir, as empresas vão repetir o mesmo erro cometido com relação à Transformação Digital básica. Em janeiro de 2019, só 7% das empresas globais estavam digitalmente maduras. Aí veio a pandemia e o momento “corram para as colinas” atingiu o mercado em cheio. O famoso memo do CEO da Microsoft, Satya Nadella, dizendo que foram dois anos de aceleração em alguns meses, é citado no documento da McKinsey, The Quickening, que vale lembrar.

FONTE: https://theshift.info/hot/por-que-as-empresas-precisam-entender-a-hiperconectividade/