Por e para onde vai o consumidor chinês?

Em 2018, os analistas preveem que os consumidores do Império do Meio adotem a inteligência artificial, procurem vias alternativas para lidar com o stress social, redescubram a medicina tradicional chinesa e se destaquem pelo individualismo e pela lealdade a marcas “amigas” de dispositivos móveis.

Estas são as conclusões de um novo relatório da Mintel, divulgado pelo portal WGSN, que procurou antecipar as principais tendências de consumo do mercado chinês em 2018.

As tecnologias móveis parecem ser a tendência-chave. Delon Wang, gestor de tendências para a Ásia-Pacífico na Mintel, reconheceu que «os consumidores chineses estão a confiar nas tecnologias móveis para suportar vários aspetos das suas vidas e isso é atribuído à velocidade e à conveniência que aportam».

De acordo com a pesquisa da Mintel, 87% dos consumidores nas principais cidades da China usaram pagamentos móveis em 2017, face aos 69% de 2016. Os dispositivos móveis e apps são a norma e o que outrora requeria interação ou algum outro tipo de contacto físico está a ser garantido através de dispositivos móveis.

«Olhando em frente, os consumidores ficarão cada vez mais confortáveis com a ideia de que tudo – independentemente de quão formal ou oficial seja – estará disponível via smartphone e questionarão as marcas incapazes de providenciar essa opção», explicou Wang. «Eventualmente, a realidade virtual (RV) e a realidade aumentada (RA) integrar-se-ão no espaço interativo móvel, complementando-se e permitindo que os consumidores tenham uma maior eficácia no trabalho e na esfera pessoal», acrescentou.

Os analistas preveem também que os consumidores chineses venham a assumir-se mais individualistas e vivam vidas não convencionais.

Novas vidas, novas influências

Os consumidores estão a escolher trabalhos mais flexíveis, a viajar para destinos incomuns e a viver de uma forma que as gerações mais antigas avaliariam como não convencional. Na verdade, 41% dos adolescentes gostariam de viver de forma não convencional. Ao fazer tudo isto, estão a absorver novas influências.

As novas tecnologias estão a acelerar esse efeito, oferecendo cada vez mais opções aos consumidores e proporcionando-lhes novas ferramentas para alterar o seu quotidiano.

«À medida que os consumidores se tornam mais individualistas, o desafio das marcas é responder às suas necessidades individuais», asseverou Joyce Lam, analista da Mintel Trends.

Aproximadamente 46% dos chineses em áreas metropolitanas (entre os 20 e os 49 anos) estão interessados em máquinas capazes de aprender sobre os seus hábitos, sugerindo que a capacidade da IA responder à personalidade e às preferências do utilizador para promover experiências personalizadas é cada vez mais importante para aquele consumidor.

Contra o stress

Enquanto isso, os níveis cada vez mais elevados de stresse social estão a levar as gerações mais jovens da China a exigir interações mais informais e divertidas nos planos virtual e físico, algo que as ajuda a relaxar nas interações sociais.

De acordo com a pesquisa da Mintel, 63% dos jovens entre os 20 e os 24 anos jogam online (gaming) para aliviar o stress e, no futuro, vão procurar outras formas de lidar com o stress social que experienciam diariamente.

Por outro lado, são cada vez mais os consumidores à procura de vidas mais saudáveis, felizes e equilibradas – querem antídotos para o congestionamento urbano e para a poluição ambiental e ambicionam construir cidades mais ecológicas.

A pesquisa Mintel revelou que 58% dos chineses metropolitanos estão dispostos a pagar mais por marcas éticas, para benefício da própria saúde.

O diretor da pesquisa, Matthew Crabbe, afirmou que, em 2018, «os consumidores chineses vão dar prioridade a produtos de maior qualidade que lhes ofereçam mais benefícios». Por isso, as marcas que revelem as práticas éticas por trás dos seus produtos poderão capitalizar com a tendência crescente.

FONTE: WGSN