Petrobras quer fazer uma Itaipu em energia eólica offshore

Projeto com Equinor pode chegar a US$ 70 bilhões e faz parte dos planos de transição energética.

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, começa a pôr em marcha plano de transição energética — Foto: Leo Pinheiro/Valor

Mesmo antes de assumir a Petrobras, o CEO Jeal Paul Prates vinha batendo na tecla da transição energética e da necessidade da estatal de direcionar capital para investimentos nesse sentido, e não para a distribuição farta de dividendos. Hoje, a companhia deu uma sinalização do que pode ser essa necessidade de capital. A estatal assinou uma carta de intenções com a norueguesa Equinor que pode resultar num parque de quase US$ 70 bilhões em investimentos para geração de energia eólica offshore.

A carta amplia a cooperação entre as empresas para avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração eólica na costa brasileira, com potencial para gerar até 14,5 GW. “Esse acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o expressivo potencial eólico offshore do nosso país e impulsionando nossa trajetória em direção à transição energética”, disse o presidente da Petrobras.

Num evento em Houston, Prates destacou a relevância da capacidade de geração, comparando com a maior hidrelétrica brasileira. “O que estamos anunciando aqui hoje é uma Itaipu de eólica”, disse o CEO, conforme reportou a Reuters. Com 20 unidades geradoras, a hidrelétrica de Itaipu tem 14 GW de potência instalada e responde por quase 10% da energia consumida no Brasil e 86% da energia consumida no Paraguai.

A produção, de fato, do parque eólica levaria de seis a 10 anos para ter início.

O acordo é fruto da parceria firmada entre Petrobras e Equinor em 2018 – e teve seu escopo ampliado para além dos dois parques eólicos Aracatu I e II (localizados na fronteira litorânea entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo), previstos inicialmente. Além desses dois projetos, o novo acordo prevê avaliação da viabilidade de parques eólicos de Mangara (na costa do Piauí); Ibitucatu (costa do Ceará); Colibri (fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará), além de Atobá e Ibituassu (ambos na costa do Rio Grande do Sul). O acordo tem vigência até 2028.

“Vamos juntar nossa capacidade de inovação tecnológica offshore, reconhecida mundialmente, e a nossa experiência no mercado de geração de energia elétrica brasileiro com o expertise da Equinor em projetos de eólica offshore em vários países. Vale destacar, porém, que a fase é de estudos e a alocação de investimentos depende de análises aprofundadas para avaliar sua viabilidade, além de avanços regulatórios que permitirão os processos de autorização para as atividades, a ser feita pela União”, complementou Prates.

“Juntos, estamos engajados ativamente para contribuir com a realização da energia eólica offshore e da transição energética do Brasil, criando as condições iniciais necessárias para que a energia renovável se desenvolva de maneira sustentável”, disse Anders Opedal, CEO da Equinor, em nota.

A Petrobras reiterou seu objetivo de atingir metas de curto prazo de redução de carbono e sua ambição de neutralizar as emissões nas atividades sob seu controle até 2050. No Plano Estratégico da Petrobras para o período de 2023 a 2027, a eólica offshore é um dos segmentos priorizados.

Os estudos em eólica offshore precedem Prates. Desde o início do ano passado a Petrobras tem um grupo multidisciplinar avaliando o assunto, assim como o investimento na produção de hidrogênio verde. O desafio, segundo executivos da própria petrolífera, é ajustar o risco-retorno dos projetos em alto-mar. Conforme dois analistas do setor, o volume médio de investimento necessário para um projeto offshore é cerca de 3 a 4 vezes maior que o capex de uma geradora eólica em terra.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/petrobras-quer-fazer-uma-itaipu-em-energia-eolica-offshore.ghtml