Pesquisadores usam drones para pesar baleias

Inédito, o método foi utilizado por cientistas dinamarquesas e americanos

Baleia-franca-austral emerge na costa da Península Valdés, na Argentina (Fredrik Christiansen/Aarhus Institute of Advanced Studies/Divulgação)

A massa corporal de um animal diz muito sobre a sua história. É o índice que determinará a taxa metabólica e as necessidades de alimentação, além do crescimento, resistência ao jejum, regulação térmica, entre outras características. As baleias são os maiores animais do planeta. A menor da espécie, a baleia-franca-pigmeia, tem 6,5 metros e pesa 3 500 quilos, enquanto a exuberante baleia-azul impressiona com os seus 33 metros e 190 000 quilos. Contudo, historicamente, a coleta de dados sobre esses animais foi possível somente com a análise de exemplares mortos. Os indivíduos eram encontrados em operações de caça às baleias, pesca acidental ou encalhamentos em praias.

No início deste mês, pesquisadores do Instituto Aarhus de Estudos Avançados (AIAS), na Dinamarca, e do Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI), nos Estados Unidos, publicaram no periódico científico inglês Methods in Ecology and Evolution uma técnica para medir a massa corporal de baleias apenas com imagens aéreas capturadas por drones. De acordo com o autor principal do estudo e professor do AIAS, Fredrik Christiansen, “saber a massa corporal de uma baleia livre vai abrir novos caminhos de pesquisa. Poderemos olhar para o crescimento de indivíduos conhecidos para calcular o aumento da massa corpórea ao longo do tempo e a energia necessária para tal crescimento. Também poderemos descobrir a medida de energia diária necessária para as baleias e calcular o quanto elas precisam consumir de caça”.

Os pesquisadores uniram as fotos aéreas com dados históricos de captura para estimar a massa de baleias-franca. Primeiro, as imagens foram feitas com veículos aéreos não tripulados. Eles registraram o comprimento, a largura e a altura dos animais. A partir desses dados, os cientistas puderam fazer estimativas sobre o volume do corpo dos animais e compará-las a dados já existentes coletados ao longo dos anos. Além de o método não ser invasivo, os cientistas acreditam que a mesma técnica poderá ser aplicada a outros mamíferos marinhos ao ajustar os parâmetros dos modelos criados para cada espécie.

FONTE: VEJA