Pesquisadores criam robô que sai da terra para o mar com facilidade

Os planos são usar essas máquinas em operações de busca e salvamento, monitoramento e defesa.

Máquina que troca os pés por hélice poderá ser usada em operações de salvamento – (crédito: Universidade Carnegie Mellon)

Na tentativa de sobreviver na natureza, muitos animais evoluíram para realizar mais de um modo de locomoção. Os crocodilos, por exemplo, podem correr e nadar na água na caça por suas presas. Inspirados nesses animais, pesquisadores da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, criaram robôs com locomoção multimodal. Os planos são usar essas máquinas em operações de busca e salvamento, monitoramento e defesa. A pesquisa foi destaque recentemente, na revista Advanced Materials Technologies.

“Fomos inspirados pela natureza para desenvolver um robô que pode realizar diferentes tarefas e se adaptar ao seu ambiente sem adicionar atuadores ou complexidade”, afirma, em nota, Dinesh Patel, coautor do estudo e pós-doutorando no Instituto de Interação Humano-Computador da Escola de Ciência da Computação da universidade estadunidense. Utilizando transformações reversíveis da forma corporal, o protótipo tem membros que podem ser reorientados para realizar novos modos de contato com a superfície.

Chamado de atuador biestável, o dispositivo que produz o movimento e as alterações no robô é feito de borracha impressa em 3D e contém molas de liga com memória que reagem a correntes elétricas, fazendo com que ele se contraia. Uma vez que a máquina muda de forma, ela fica estável até que outra carga elétrica a transforme de volta à configuração anterior.

Durável

Em terra, os atuadores curvos agem como pernas, permitindo que o robô caminhe. Na água, eles são colocados em uma posição ideal para atuar como hélices. Segundo os criadores, o dispositivo robótico requer apenas 100 milissegundos de carga elétrica para mudar de forma, além de apresentar alta durabilidade. A equipe fez uma pessoa andar de bicicleta sobre um dos atuadores algumas vezes e mudou as formas dos robôs centenas de vezes para comprovar essa característica.

“Construir um robô com sistemas separados projetados para cada ambiente adiciona complexidade e peso”, enfatiza, em nota, Xiaonan Huang, professor-assistente de robótica da Universidade de Michigan e participante do projeto. A equipe também criou outras duas soluções usando a tecnologia: um robô que pode rastejar e pular, e outro que rasteja e rola, inspirado em lagartas e tatus.

A expectativa é de que a solução seja usada em situações de resgate ou para interagir com animais marinhos e corais. O uso de molas ativadas por calor nos atuadores pode abrir aplicações em monitoramento ambiental, sensação tátil e eletrônica e comunicação reconfiguráveis, aposta a equipe. “Nosso atuador biestável é simples, estável e durável, e estabelece as bases para trabalhos futuros em robótica suave reconfigurável e dinâmica”, diz Patel.

FONTE: https://www.correiobraziliense.com.br/tecnologia/2023/04/5080528-pesquisadores-criam-robo-que-sai-da-terra-para-o-mar-com-facilidade.html