Pesquisadores criam nanotecnologia contra alergia a amendoim

Nanopartícula usa RNAm (RNA mensageiro) para ensinar sistema imunológico a tolerar proteína do amendoim; entenda.

Por meio dessa nanopartícula, células do fígado ensinam sistema imunológico a tolerar proteína do amendoim (Imagem: AdobeStock)

Cientistas da UCLA (Universidade da Califórnia), nos EUA, desenvolveram um tipo inédito de nanopartícula para tratar e prevenir alergia a amendoim, uma das mais comuns entre crianças. Para isso, eles usaram tecnologia de RNAm (RNA mensageiro) – a mesma usada no desenvolvimento de vacinas contra Covid-19, por exemplo.

Por ora, a nanopartícula conseguiu amortecer sintomas de alergia grave a amendoim em camundongos, conforme divulgado pela universidade. Por conta desses resultados, estudo da UCLA saiu numa das edições da revista científica ACS Nano.

Como a nanopartícula funciona

Desenho da nanopartícula contra alergia a amendoim

Nanopartícula tem açúcares, que miram células do fígado (desenhos azul escuro e rosa), e RNAm para codificar fragmento de proteína (vermelho) (Imagem: Nel Lab/UCLA)

A nanopartícula desenvolvida pelos pesquisadores tem açúcares e RNAm. Os açúcares ficam na superfície da nanopartícula e mira células específicas no fígado. Já a “carga” de RNAm codifica um fragmento de proteína. Na prática, essas células do fígado ensinam o sistema imunológico a tolerar a proteína do amendoim. Isso, por sua vez, alivia os sintomas da alergia.

Em testes em camundongos, a nanopartícula não apenas reverteu alergias ao amendoim, mas impediu que elas se desenvolvessem, informou a UCLA. Essa partícula, inédita até então, é tão pequena que precisa ser medida em bilionésimos de metro. É como se sua medida fosse um punhado de notas numa pilha de R$ 1 bilhão. Daí o “nano”.

Até onde podemos descobrir, o RNAm nunca foi usado para uma doença alérgica. Mostramos que nossa plataforma pode funcionar para acalmar as alergias ao amendoim e acreditamos que pode fazer o mesmo com outros alérgenos, em alimentos e medicamentos, bem como em condições autoimunes.

André Nel, coautor do artigo, professor de medicina da UCLA e diretor de pesquisa do Instituto de Nanosistemas da universidade

Próximos passos

Pesquisadora preparando teste de anticorpos em laboratório

Testes da nanopartícula em humanos devem rolar em três anos, estimam pesquisadores (Imagem: Governo dos EUA)

Nel estima que, com sucesso em mais estudos de laboratório, a nanopartícula pode estar em ensaios clínicos (leia-se: ser testada em humanos) dentro de três anos. Inclusive, seu laboratório começará, em breve, o processo regulatório necessário para esse novo passo da pesquisa, divulgou a universidade.

Enquanto isso, a equipe explora se a nanopartícula pode ser usada, também, para tratar diabetes tipo 1. Nesta doença, o sistema imunológico ataca células do pâncreas que permitem ao corpo obter energia dos alimentos.

FONTE: https://olhardigital.com.br/2023/04/12/medicina-e-saude/pesquisadores-criam-nanotecnologia-contra-alergia-a-amendoim/