Procedimento foi considerado bem sucedido em ratos e começou a ser testado em gatos. Estudo é realizado em parceria entre a UFG e a UNB.
Pesquisa usa nanotecnologia para castrar animais sem cirurgia em Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Carolina Madeira Lucci
“A castração cirúrgica dá certo, mas é invasiva, e pré-dispõe o animal a infeção, ele precisa tomar remédios e exige um cuidado maior. Desde a década de 70 se busca um procedimento não invasivo para castrar os animais, principalmente visando a diminuição de animais de rua e invasores”, explicou Carolina.
“A gente consegue liberar o animal após o procedimento, na castração cirúrgica o animal ainda tem que ser assistido, esse é um ponto fundamental. A pesquisa é fruto de uma parceria entre uma veterinária e um físico”, completou Andris.
O procedimento, segundo Andris, consiste em injetar nanopartículas de óxido de ferro no testículo do animal sedado. Depois, a área é esterilizada por meio da aplicação de um campo magnético, a magnetohipertermia, ou de uma luz de LED, conhecida como fotohipertermia.
“Você injeta nanopartículas na região e isso gera um calor muito localizado. Os testículos dos animais machos já são por natureza muito sensíveis a alta temperatura, qualquer aumento já afeta a produção de espermatozoides”, descreveu a professora Carolina.
Procedimento de castração sem cirurgia em ratos — Foto: Reprodução/Jivago et al. Pharmaceutics 2021
Carolina explicou que a área recebe uma temperatura que chega aos 45ºC e dura cerca de 15 minutos. Os primeiros resultados da pesquisa foram publicados em formato de artigo no periódico internacional Pharmaceutics.
A pesquisadora explicou ainda que, com o sucesso do procedimento em ratos, há 10 dias os testes em quatro gatos começaram a ser feitos.
“Os ratos aparentemente não sentiram dor e tiveram como efeito colateral apenas uma lesão de pele muito suave, só que quando a gente muda de espécie a preocupação inicial é avaliar se vai funcionar igual, a gente já viu que precisa de algumas adaptações”, pontuou Carolina.
A pesquisadora afirmou que ainda não há resultados dos procedimentos feitos nos gatos e a expectativa é depois que padronizar para gatos, em experimentos de curto e longo prazo, depois disso deve começar em cães.
“Tem cães em diferentes tamanhos, então é possível que a gente tenha que fazer adaptações. Os gatos, mesmo de raças diferentes, têm mais ou menos o mesmo tamanho”, falou Carolina.