Pesquisa da Mozilla revela o quão “saudável” é a internet

Pesquisadores da Mozilla realizaram o primeiro estudo Internet Health Report (Relatório da Saúde da Internet), que avalia cinco componentes centrais da web: segurança e privacidade, abertura, inclusão digital, alfabetização na web e descentralização.

O estudo também teve por objetivo avaliar profundamente a direção do uso da internet e o que isso significa para o bem estar da vida online. Os pesquisadores acreditam que alguns indicadores precisam ser observados, mas que algumas áreas já estão apresentando melhorias, como a acessibilidade e criptografia. No entanto, outras necessitam de mais cuidado, como censura, assédio online e uso de energia.

A companhia ainda relata que o ano de 2017 foi o pior para a tecnologia, citando problemas com a Uber, fake news, Facebook e, basicamente, todo o Vale do Silício.

Confira um resumo de cada tópico analisado pela Mozilla.

Privacidade e Segurança

Um dos destaques na questão de privacidade e segurança é a Internet das Coisas. O estudo conta que dados vulneráveis podem ser coletados para diversos usos, citando alguns exemplos como os carros inteligentes, que possivelmente podem vender nossos hábitos no trânsito para empresas de seguro, ou ainda aspiradores de pó digitais que funcionam coletando detalhes do layout de nossas casas.

São exemplos hipotéticos, mas que podem mostrar a necessidade por uma maior segurança na hora de utilizar esses gadgets. Conforme a tecnologia vai se expandindo e a internet crescendo, mais os ataques virtuais se tornam realidade com graves consequências.

Abertura

Na questão da abertura, a Mozilla relata que as máquinas inteligentes não estão sempre certas. A Inteligência Artificial (IA) já está sendo usada em processos a favor da medicina, negócios e transportes, mas também pode provocar desinformação.

Os pesquisadores conversaram com Meredith Whittaker, cofundadora do AI Now Institute e cientista pesquisadora da Universidade de Nova York que comanda um estudo sobre as implicações sociais causadas pela IA.

Ela relata que um dos maiores problemas no ecossistema da IA é que a maioria das tecnologias é criada e controlada por empresas poderosas como Amazon, Google e Facebook, nos Estados Unidos, ou pela TenCent e Baidu, da China, sendo praticamente impossível que alguém crie um negócio na área “com um computador e uma boa ideia em sua garagem”.

Whittaker conta que o problema é que um grupo homogêneo de pessoas, como “homens americanos do Vale do Silício”, constrói uma tecnologia e pode omitir pontos de vista e as necessidades de pessoas de fora do seu ramo de experiência. A cientista ainda cita que já foram descobertos diversos exemplos de sistemas tendenciosos e preocupantes que provocam a discriminação, pois são tecnologias que influenciam a vida de bilhões de pessoas diferentes.

Como solução, a pesquisadora acredita que algumas questões precisam ser respondidas, avaliando o impacto político e social, e que sejamos mais cautelosos ao utilizar tecnologias dotadas de IA, pelo menos até que tenha sido criada uma infraestrutura adequada ao nosso entendimento, com a garantia de que ela é segura.

Inclusão digital

Finalmente as companhias de redes sociais estão agindo contra o assédio online, mas precisou que escândalos atingissem a mídia para que esse problema começasse a ser resolvido, principalmente para as minorias.

O estudo conta algumas iniciativas feitas por grandes empresas para combater os crimes, como o Instagram, Gfycat e Twitter. No entanto, ainda há muito a ser debatido para chegar a soluções viáveis e que atendam a uma grande demanda.

Alfabetização na web

A pesquisa da Mozilla não poderia deixar de citar as fake news. Os pesquisadores contam que a quantidade de desinformação presente na internet mostra o quanto a web está “quebrada”, visto que a maioria das pessoas adquire informações pelas redes sociais.

De acordo com o estudo, as linhas do tempo das redes sociais acabam priorizando a exibição de notícias com mais curtidas, comentários e compartilhamentos, ou seja, as que chamam mais atenção, sem contar que os anúncios tendem a serem mais direcionados a pessoas que “combinam” com tal informação.

A Mozilla cita que algumas ferramentas estão sendo criadas para acabar, ou ao menos reduzir, as fake news, mas que a grande solução só vai aparecer quando houver uma regulação com mudanças radicais no modelo atual de uso da internet.

Descentralização

O estudo revela que as grandes empresas de tecnologia fazem parte não só da nossa rotina diária, mas também da economia global e democracia. Resultado disso é que elas trouxeram inúmeros benefícios na comunicação, criatividade e comércio; ou seja, sem elas haveria menos informação, menos velocidade e menos eficiência.

No entanto, a pesquisa destaca que o problema é justamente o fato de essas empresas serem muito grandes e praticarem negócios de natureza monopolista. Leis estão sendo impostas em prol de uma internet mais saudável e competitiva, e precisamos repensar sobre como o governo pode ser mais efetivo na era digital, tornando as relações mais humanas.

FONTE:  CANALTECH