Para ser ambientalmente melhor, Bravo incorpora caminhões a gás com foco no biometano

A Bravo Serviços Logístico incorpora quatro caminhões Scania movidos a gás já com o foco no maior potencial para redução das emissões de poluentes que este tipo de motorização pode oferecer. Será com o abastecimento com biometano (fonte renovável) em vez do uso do GNV (gás natural veicular — de fonte fóssil). Para isso, a empresa firmou parceria com a Geo Biogás & Tech com a finalidade de teste piloto de abastecimento da frota.

No último ano, a Bravo realizou um período de teste em um de seus veículos, que faz rotas que integram a operação de transporte de curta distância, do armazém para o cliente e vice-versa. O investimento de mais de R$ 3 milhões também proporciona a diminuição de ruídos – com a tecnologia do motor ciclo Otto, esses modelos são 20% menos ruidosos do que os movidos a diesel.

A revista TRANSPORTE MUNDIAL já acompanhou uma operação real da RN Logística a serviço da L’Oréal para avaliar o Scania R 410 6×2 a gás. Leia mais ao final deste texto o resumo das impressões sobre o modelo.

Economia Circular

“Para nós é gratificante iniciar um projeto inovador alinhado à Economia Circular. Uma das nossas estratégias de redução da emissão de CO₂ no transporte é buscar alternativas de combustíveis, como o biometano”, comenta Viviane Ruza, gerente de sustentabilidade da Bravo Serviços Logísticos.

Para Alessandro Gardemann, CEO da Geo Biogás & Tech, o biometano é a solução limpa e viável para descarbonizar o transporte logístico, um dos grandes desafios do processo de transição energética para fontes limpas na próxima década. “A Bravo é uma das empresas comprometida com a descarbonização de suas operações, apostando em uma solução que consegue substituir 100% o gás natural de fontes fósseis e na maioria o diesel, viabilizando assim uma operação mais sustentável para o transporte logístico”, afirma Gardemann.

GNV x Biometano

O motor OC13 Euro 6 (Proconve P8) do Scania R 410 é um dos mais modernos para utilização tanto de GNV como com biometano. O que faz o resultado na redução de emissões entre os dois tipos de gases, é que o primeiro não é de fonte renovável, mesmo que abundante no planeta, e o segundo, é de fonte renovável e promove a chamada economia circular.

O biogás, base para o biometano, é produzido a partir de resíduos orgânicos jogados na natureza por 100% das pessoas, seja de materiais descartados em fazendas, indústrias, comércios e residências. Há muitas formas de reaproveitamento dos resíduos orgânicos, mas, até o momento, quase a totalidade é jogada em lixões, redes de esgotos, rios e nos oceanos. Como matéria-prima, esses resíduos podem gerar tanto energia elétrica como combustível mais limpo para veículos.

Amplamente já produzido na Europa, o biometano começou a ganhar importância no Brasil mais recentemente. A Raízen, com parceiros, é uma das maiores investidoras nesta “nova” indústria, com projetos de usinas para energia elétrica e, quem sabe, em breve, para combustível. Novo investimento acaba de ser realizado pela Raízen, por meio da Raízen Geo Biogás S.A., a “joint venture” dela com a Geo Energética, para a construção da segunda planta de biogás, a primeira dedicada à produção de gás natural renovável (biometano). Com investimento aproximado de R$ 300 milhões, a planta anexa ao Bioparque Costa Pinto localizado em Piracicaba (SP) terá capacidade de produção de 26 milhões de m³ de gás natural renovável por ano, o suficiente para abastecer aproximadamente 200 mil clientes residenciais.

Em termos do fornecimento de biometano em postos de combustíveis, diferentemente do Rio de Janeiro, São Paulo está muito atrasado. Como ainda não há postos de biometano no estado mais rico do País, a JSL, um dos maiores operadores logísticos e investiu em caminhões Scania a gás, trabalha com a perspectiva de redução de apenas 15% das emissões. Na medida que puder utilizar o biometano, pode ser misturado com o GNV no tanque, o benefício ambiental cresce. Além da redução das emissões em cerca de 95%, o biometano pode gerar novas indústrias de reciclagem de lixos orgânicos e criar centenas de novos empregos.

Segundo a Abiogás, o Brasil, atualmente, tem potencial para ser o maior produtor de biometano do mundo e para substituir 45% do diesel pela energia renovável e brasileira.

“Na JSL adotamos diferentes medidas de modo a mitigar os impactos de nossas emissões. Para aumentar a eficiência na operação, priorizamos combustíveis alternativos por caminhões 100% a gás. A iniciativa é a ponta de lança de um novo modelo operacional que alia otimização logística e redução na emissão de dióxido de carbono e de outros gases do efeito estufa”, destaca Eduardo Pereira, diretor comercial da JSL.

Resultado da RN — L’Oréal

A revista TRANSPORTE MUNDIAL  acompanhou parte da operação da RN Logística a serviço da L’Oréal entre RJ-SP-RJ para avaliar o Scania R 410 6×2 a gás com o motor OC13 de 12,7 litros, 410 cv e 2.300 Nm de torque. Foi o primeiro modelo a gás vendido pela Scania. No percurso do Rio para São Paulo, o caminhão era abastecido com biometano, pois há postos no estado fluminense. Porém, no retorno, o caminhão voltava com GNV por falta de posto com biometano para abastecimento no estado paulista.

Na avaliação, publicada na edição 194, a conclusão foi a seguinte: Os motores do Ciclo Otto, e de grande porte, normalmente consomem mais combustível. É preciso fazer contas e conversões para ter uma boa indicação de consumo uma vez que diesel e gás têm diferentes quantidades de energia. Neste caso, a maneira mais correta e justa de se medir consumo é valendo-se da medida em megajoules (MJ). Grosso modo, um MJ é a quantidade de energia necessária para se aumentar a temperatura de um combustível e, assim, fazer o motor funcionar.

O gás tem um poder calorífico de 47 MJ/kg (megajoules por kg), mas como tem densidade de 0,7 kg/m³ (a 20 °C), temos que 1 m³ de gás contém 33 MJ de energia, em média. O diesel tem 42,5 MJ/kg, mas com densidade de 0,85, dando 36 MJ/kg. Fazendo-se continha de conversão, temos o seguinte valor: 1 litro de diesel (36 MJ) equivale a 1,1 m³ de GNV.

Com essa conversão em mãos, temos um bom veredito com relação ao consumo do Scania a gás. É um caminhão econômico. A engenharia da Scania acertou a mão nos ajustes dos seis cilindros do OC13. O caminhão vem fazendo média surpreendente para um pesado: 3,4 km por kg de gás, o que daria, se fosse comparar com um caminhão pesado a diesel, a incrível marca de 3,2 km por litro.

Equipado com oito cilindros de gás acondicionados nos dois lados do chassi logo atrás da cabine, o caminhão tem autonomia de quase 500 quilômetros. A baixa autonomia ainda é um problema para que esse tipo de veículo seja empregado em longas distâncias, mas caso tenhamos melhorias na infraestrutura de abastecimento de gás por todo o Brasil, a solução pode se tornar bastante interessante por suas vantagens que superam o único problema que é a baixa autonomia.

O caminhão anda mais, é mais silencioso, tem emissão que pode atender perfeitamente a nova legislação Euro 6 que ainda entrará em vigor e ainda é 20% mais econômico. A somatória dessas vantagens compensa os 30% a mais que o transportador pagará pelo produto. Mas ainda não é possível calcular a cesta básica de peças tampouco o valor de revenda. Saberemos isso com precisão em 2025.

FONTE:https://transportemundial.com.br/bravo-incorpora-caminhoes-a-gas-com-foco-no-biometano/