Os melhores livros de economia, negócios e tecnologia de 2019

Obras refletem sobre temas que definirão o futuro da sociedade, como inteligência artificial, meio ambiente e inovação

De como criar um ambiente propício para gerar ideias inovadoras a uma análise sobre o motivo que levou o livre mercado perder sua força nos Estados Unidos: os melhores livros de economia, negócios e tecnologia de 2019 trazem reflexões necessárias para o futuro. A Época NEGÓCIOS selecionou algumas das obras mais celebradas do ano, para você colocar em sua lista de leitura. Elas exploram temas como meio ambiente, inovação, racismo e desigualdade de gênero.

Os livros nesta lista ainda não têm edição brasileira. Todos os títulos em português são traduções livres.

Invisible Women: Exposing Data Bias in a World Designed for Men, de Caroline Criado-Perez (Mulheres Invisíveis: Expondo o Viés de Dados em um Mundo Criado para Homens)

Dizem que números são imparciais, mas Caroline Criado-Perez argumenta que dados acabam envenenados pela parcialidade dos humanos que trabalham com isso. Esse viés é especialmente forte na questão de gênero e resultou em uma sociedade desenvolvida pensando apenas em homens.

Os exemplos de Criado-Perez vão desde o tamanho dos celulares, às vezes muito grandes para mãos de mulheres, até acidentes de carros. Até pouco tempo atrás, não se fazia testes de segurança com manequins femininos.

Em sua resenha do livro, o The Guardian afirma que além de mostrar o “data gap” entre homens e mulheres, o livro de Criado-Perez também mostra como pouco tem sido feito para mudar isso.

Range: How Generalists Triumph in a Specialized World, de David Epstein (Alcance: Como Generalistas Triunfam em um Mundo Especializado)

Em seu livro, David Epstein busca acabar com a ideia de que o mundo pertence aos especialistas. Em vez disso, ele argumenta que aumentar o escopo de seus interesses é vital para se ter sucesso em várias áreas, seja no mundo corporativo, no jazz ou em esportes.

“Range” é um livro para ser lido por quase todos, independentemente da área. Epstein aproveita o tópico da generalização para escrever um livro essencialmente generalista.

Kochland: The Secret History of Koch Industries and Corporate Power in America, de Christopher Leonard (Kochland: A História Secreta da Koch Industries e do Poder Corporativo nos Estados Unidos)

Christopher Leonard passou 7 anos pesquisando, apurando e escrevendo “Kochland”, livro definitivo sobre a ascensão da Koch Industries nos Estados Unidos. Nele, Leonard usa a empresa dos irmãos Koch para entender melhor a evolução do sistema corporativo norte-americano nos últimos 50 anos.

O resultado revela um pouco mais sobre uma das empresas mais secretas do mundo. A influência dos Koch está em todas as facetas da sociedade americana, desde a desigualdade econômica até mesmo o lobby político, argumenta Leonard.

Zucked: Waking Up to the Facebook Catastrophe, de Roger McNamee (Zucked: Acordando para a Catástrofe do Facebook)

Antes de Roger McNamee ser um crítico do Facebook, ele foi um de seus primeiros investidores. Agora, vendo a influência da rede social nas eleições norte-americanas, ele conta como percebeu que, aos poucos, a plataforma estava sendo usado para fins políticos.

Enquanto o CEO Mark Zuckerberg e outros líderes do Facebook se isentaram de culpa, McNamee começou a juntar vozes no Vale do Silício para forçar uma mudança na rede social. “Zucked” é fruto desse movimento.

The AI Economy: Work, Wealth and Welfare in the Robot Age, de Roger Bootle (A Economia da Inteligência Artificial: Trabalho, Riqueza e Bem-estar na Era dos Robôs)

Roger Bootle é um economista conhecido por ser heterodoxo. Ele, por exemplo, defende o Brexit, ao contrário de muitos de seus colegas. Em “The AI Economy”, Bootle mantém o pensamento heterodoxo com uma visão mais otimista, menos apocalíptica, da ascensão da inteligência artificial.

A tese de Bootle é que a chegada da inteligência artificial não vai causar o desemprego massivo que alguns economistas preveem. Apesar de andar na contramão de muitos pesquisadores, o Financial Times afirmou que vozes como essa precisam ser escutadas.

The Technology Trap: Capital, Labour and Power in the Age of Automation, de Carl Benedikt Frey (A Armadilha Tecnológica: Capital, Trabalho e Poder na Era da Automação)

Na contramão de Bottle, Carl Benedikt Frey enxerga a ascensão da automação de forma bem mais pessimista. Em seu livro, o economista afirma que a atual revolução computacional tem paralelos com a Revolução Industrial de três séculos atrás.

Benedikt quer que a Revolução Industrial sirva de lição, enquanto o mundo navega por mais um salto tecnológico. Naquela época, a incapacidade de lidar com o repentino crescimento econômico trouxe consequências sociais que impactam o mundo até hoje.

Unbound: How Inequality Constricts Our Economy and What We Can Do about It, by Heather Boushey (Desatado: Como a Desigualdade Restringe nossa Economia e o que Podemos Fazer a Respeito)

A economista Heather Boushey, em seu livro, coloca a desigualdade econômica como a principal causa da estagnação econômica.

Boushey argumenta que a desigualdade interfere na economia de três formas. Primeiro, ela obstrui a possibilidade de crescimento de quem nasce em circunstâncias menos privilegiadas. Ela também muda o foco da discussão econômica para os gastos públicos e diminuição de impostos. Por fim, a desigualdade distorce as estatísticas: uma economia pode criar riqueza, mas em uma sociedade desigual boa parte do dinheiro estará parada nas contas dos mais ricos. Isso força os mais pobres a dependerem de empréstimos, para aumentar o consumo e movimentar a economia.

A Better Planet: Forty Big Ideas for a Sustainable Future, editado por Daniel Esty (Um Planeta Melhor: Quarenta Grande Ideias para um Futuro Sustentável)

Daniel Etsy reúne 40 ensaios e artigos sobre sustentabilidade neste livro, publicado pela editora da Universidade de Yale. Os textos tocam em assuntos variados como ecologia, saúde pública e mudanças climáticas.

O objetivo do livro é trazer ideias sobre a sustentabilidade e, mais importante, tentar conversar com quem ainda não está 100% convencido dos impactos da ação humana no planeta.

The Great Reversal: How America Gave up on Free Markets, de Thomas Philippon (A Grande Virada: Como os Estados Unidos Desistiram do Livre Mercado)

Considerado o berço do livre mercado, os Estados Unidos não podem mais se gabar da liberdade econômica. É o que argumenta Thomas Philippon em seu livro: em vez da livre concorrência, setores da economia estão cada vez mais concentrados nas mãos de poucas empresas.

Para Philippon, isso não é acidente: foi um processo deliberado por parte dos grandes conglomerados e dos lobistas políticos.

The Code: Silicon Valley and the Remaking of America, de Margaret O’Mara (O Código: Vale do Silício e a Reforma dos Estados Unidos)

A história do Vale do Silício é a história dos Estados Unidos do fim do século 20 e do começo do 21. Margaret O’Mara conta como um pequeno trecho suburbano da Califórnia se tornou o maior pólo tecnológico do mundo.

Ela não fica apenas no Vale em si: O’Mara também mostra como a influência do centro se expandiu para todos os setores da sociedade norte-americana, incluindo o exército.

Superior: The Return of Race Science, de Angela Saini (Superior: O Retorno da Ciência Racial)

Angela Saini revela uma das facetas mais perturbadoras da história da ciência: as pesquisas sobre raça e eugenia, buscando “comprovar” a superioridade racial branca.

O livro conta como essa pseudociência ainda não sumiu nos dias de hoje. Pior: questões racistas ainda permeiam até mesmo estudos e pesquisas supostamente de respeito, ainda que de forma sutil.

 FONTE: ÉPOCA