Os consumidores, reimaginados

O impacto de eventos de proporções tsunâmicas tende a provocar nas pessoas revisões de expectativas, valores e estilo de vida. Portanto era de esperar que no pós-pandemia os consumidores repaginassem suas expectativas frente a marcas e produtos.

O estudo “Life Reimagined: Mapping the motivations that matter for today’s consumers”, desenvolvido pela Accenture Strategy e pela Accenture Interactive, aponta que a mudança é profunda: 50% dos entrevistados afirmaram que reavaliaram seu propósito pessoal e a importância das coisas em suas vidas. Eles foram batizados de Reimaginados. Do restante, 33% estão em processo de reavaliação (em evolução) e 17% disseram que nada mudou (tradicionais).

No grupo de Reimaginados, os fatores qualidade (21%) e preço (19%) pesam muito menos na decisão final quando comparados com os consumidores tradicionais, em que a soma do peso da dupla é de 51%. Na “hora H”, outros cinco fatores entram na balança: saúde e segurança (14%); serviços e cuidados pessoais (12%); facilidade e conveniência (11%); origem do produto (10%); confiança e reputação (12%).

O percentual dos Reimaginados varia de país para país, mas o dado mais relevante é que o Brasil tem a maior fatia deles (71%), empatado com a Índia, e uma fatia muito pequena de consumidores tradicionais (8%). E aí coisas interessantes acontecem: um entrevistado brasileiro disse, por exemplo, que começou a ler os rótulos dos produtos para saber mais sobre sua origem porque considera isso muito importante.

E isso não é uma “coisa de geração”: esses cinco fatores, que historicamente eram importantes para as gerações Z e Y, atingiram seu ponto de inflexão e agora são críticos em toda a extensão da demografia do consumidor. “À medida que o mundo volta a se abrir para o comércio, o consumidor que conhecíamos não existe mais. O consumidor de hoje busca um relacionamento diferente com a marca”, afirma Baiju Shah, CSO da Accenture Interactive.

A pesquisa ouviu mais de 25.000 consumidores em 22 países e analisou mais de 80 fatores únicos em 14 verticais. A conclusão para as marcas é que é preciso revisitar as entregas e as propostas de valor porque os cinco fatores são o novo parâmetro para cativar o consumidor pós-pandemia e é preciso buscar a diferenciação para além do preço. E, para algumas empresas, tentar resgatar a amizade, porque 50% dos consumidores reimaginados se disseram desapontados com muitas marcas que não deram suporte suficiente nem entenderam suas necessidades durante o período mais desafiador da pandemia.

É preciso, por exemplo, ter “na ponta da língua” do que é feito o produto, como é produzido e de onde vem, já que 76% dos entrevistados valorizam marcas que oferecem serviços e materiais de forma ética, 71% acreditam que as empresas são tão responsáveis pela segurança da sociedade quanto os governos, e 65% se sentem atraídos por marcas que respeitam o meio ambiente.

FONTE: https://theshift.info/