ONU testa drones para combater pernilongos no Brasil

Cada drone libera até 50.000 pernilongos machos estéreis em cada viagem.
[Imagem: Aiea/ONU/N. Culbert]

Insetos estéreis por radiação

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está realizando testes com drones para liberar na natureza pernilongos destinados a diminuir a população dos transmissores de doenças como zikadengue e chikungunya.

Os pequenos helicópteros não tripulados transportam milhares de mosquitos machos tornados estéreis através de radiação, que são liberados no meio ambiente. A expectativa é que eles cruzem com mosquitos nativos sem gerar descendentes. Com isso, ao longo do tempo, a população de insetos deve diminuir, reduzindo a propagação das doenças.

Se os testes tiverem sucesso, o esquema será adotado em zonas rurais e urbanas brasileiras em janeiro do próximo ano, já que o verão é a época de maior ocorrência do Aedes aegypti.

A técnica é uma alternativa à liberação de pernilongos transgênicos, recentemente autorizados pela Justiça brasileira, mas ainda controversas dentro da comunidade científica.

Pernilongos soltos por drones

A biofábrica de insetos estéreis – Moscamed Brasil, em Juazeiro (BA) – foi escolhida pela agência de energia nuclear das Nações Unidas e é a primeira biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios X para esterilização de insetos e controle biológico de pragas.

A técnica de fazer a esterilização por radiação é usada há mais de 50 anos para controlar pestes como a mosca-da-fruta, mas só nos últimos anos começou a ser usada em mosquitos. A AIEA trabalhou neste projeto junto com a FAO e com a organização americana WeRobotics, empresa com sede em Genebra e nos Estados Unidos, que trabalha para viabilizar a utilização drones em ações que tenham um impacto social positivo.

Até agora, o mecanismo de liberação dos pernilongos era manual. Por isso, o uso de drones deverá aumentar a produtividade do trabalho e permitir a soltura em locais densamente povoados.

Um dos maiores desafios é manter os pernilongos vivos durante o transporte. Com outros tipos de insetos, são usados aviões na liberação, mas este tipo de prática danifica asas e pernas dos pernilongos. Já com a técnica dos drones, a taxa de mortalidade foi reduzida para cerca de 10%.

Um drone pesa 10 quilogramas e carrega até 50 mil insetos. O custo de cada aparelho é de cerca de US$ 10 mil, o que corta os custos de liberação dos insetos pela metade em relação ao método manual. A agência de energia atômica da ONU ainda pretende reduzir o peso do drone e aumentar sua capacidade de transporte para 150 mil mosquitos.

FONTE: DIÁRIO DA SAÚDE