Onde estão os talentos da Indústria 4.0?

Daniel Quaresma Costa, associate partner da Growin (Foto: Divulgação)

Por: Daniel Quaresma Costa, associate partner da Growin

Espera-se, nesta quarta revolução industrial, aquilo que aconteceu nas outras três: mais e melhor eficiência nos processos de negócio e, consequentemente, mais e melhor qualidade de vida para os envolvidos.

A digitalização é imperativa na Indústria 4.0. Como exemplo, é cada vez mais usual guardarmos os nossos dados e informação em suportes digitais (computadores, dispositivos móveis, cloud, entre outros) em detrimento dos clássicos arquivos e suportes físicos.

Isto implica que os diversos sistemas e infraestruturas tecnológicas tenham que interagir, de forma a partilharem informação para otimizar os já referidos processos de negócio.

Estima-se que o nível de digitalização das empresas, de um modo transversal, duplique em cinco anos.

Estamos a mudar a forma como lidamos com o mundo onde vivemos

Com base neste contexto, temos de aceitar que este é o caminho e, acima de tudo, será a realidade de todas as indústrias, estando a mudar a forma como lidamos com o mundo onde vivemos.

Face a esta oportunidade bastante evidente, coloca-se o desafio das competências técnicas e funcionais necessárias para acompanhar esta transformação.

Acredito que a cultura de cada empresa deve adaptar-se e proporcionar as ferramentas e condições necessárias para que o seu capital humano tenha a capacidade de desenvolver estas competências.

Nomeadamente, o reforço do conhecimento atual dos colaboradores mais técnicos através de programas formativos e de provas de conceito que permitam explorar as novas ideias que advêm desta nova era industrial (Internet of Things, Big Data, Data Analytics, Cloud Computing, Robótica e Automação, Impressão 3D…). Paralelamente a este conhecimento, é também necessário atender às necessidades funcionais e comportamentais dos colaboradores para que se faça uma análise criteriosa aos modelos de negócio existentes, tornando-se fundamental identificar os modelos que podem estar a cair em “desuso”, para os ajustarem à realidade do mercado e assim impulsionar novas ofertas e serviços.

Todas as medidas terão que ser adaptáveis a cada empresa, departamento ou equipa para que se consiga capitalizar eficientemente o investimento necessário para tornar possíveis estas alterações.

É um desafio complexo, mas um requisito para garantir a sustentabilidade das empresas que queiram continuar a ser diferenciadoras e resilientes face às exigências dos seus clientes. É também colocada em causa a carência de colaboradores capazes e necessários para responder à quantidade de oportunidades que surgem diariamente.

Complementando o papel das empresas na criação de oportunidades para os seus futuros colaboradores, é igualmente importante a vontade e dedicação de quem procura uma carreira na área das Tecnologias de Informação e Comunicações. Conjugando esforços de todos os envolvidos e interessados, Portugal continuará a ter reunidas das melhores condições, competências e talentos para abraçar estes novos desafios pelas seguintes razões: estreita relação entre o mundo académico e profissional para uma total adaptação à realidade do mercado de trabalho, a criação de condições favoráveis à instalação de novas empresas e indústrias no nosso tecido empresarial, assim como diversos incentivos para as pessoas e empresas que permitem a adaptação e reconversão de competências para uma nova e desafiante realidade digital.

A Indústria 4.0 não é o futuro, já é o presente. O acompanhamento deste caminho irá definir o sucesso e crescimento, não só das empresas que se adaptem a esta mudança, mas também dos talentos que que nela apostem.

FONTE:  PME MAGAZINE