A onda das agtechs em 2024

Quase mil agtechs ativas no Brasil em 2024 mostram que a força do agro no mundo das startups de tecnologia continua crescente, mesmo que os investimentos de capital de risco tenham acompanhado o movimento de queda de valores que afetou todos os segmentos. No mundo, as agtechs captaram quase US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) em investimentos no ano passado, sendo que 1/5 disso no Brasil.

E o agro segue pulsando

Sob a ótica global, o capital de risco nas agtechs terminou 2023 com uma nota amarga, mas os impulsionadores do crescimento a longo prazo permanecem. A escassez de mão-de-obra, as perturbações na cadeia de abastecimento e as alterações climáticas exigirão transformações que as agtechs podem facilitar.

Da agricultura de precisão ao gerenciamento otimizado das culturas, há muito para explorar em 2024, segundo o PitchBook, começando pela alta demanda por produtos biológicos concebidos para aumentar a produtividade das culturas, otimizar a saúde do solo e reduzir a dependência de produtos químicos tradicionais. Um setor que movimentou quase US$ 1 bilhão em investimentos no ano passado.

À medida que a indústria agrícola muda para práticas agrícolas amigas do ambiente, com seus biofertilizantes, bioestimulantes, biopesticidas, etc, a necessidade de uma “abordagem integrada”, de uso de produtos químicos e biológicos em conjunto para aumentar ou manter os rendimentos e, ao mesmo tempo, melhorar a saúde da fazenda, aumenta. Espera-se que o mercado global de produtos biológicos agrícolas gere US$ 14,6 bilhões em 2023, crescendo para US$ 27,9 bilhões até 2028, representando um CAGR de 13,8%,3 excluindo qualquer interrupção estrutural do mercado.

No recorte Brasil, as 977 agtechs ativas continuam mantendo a relevância e liderança do país no mercado latino-americano, segundo o relatório “Startup Landscape: Agtechs“, divulgado dias atrás pela Liga Ventures, em parceria com a Bunge e o Hub CNA Digital.

Os segmentos mais aquecidos hoje são o de biotecnologia (10,1%), backoffice para agronegócios (7,7%), vant e geoprocessamento (7,6%) e gestão da pecuária (7,6%). A rastreabilidade e da cadeia do agronegócio e a certificação de produtos continuam sendo temas quentes, por exemplo, dado o estímulo à produção sustentável e ao compromisso de alguns atores, como a Bunge, de alcançar cadeias livres de desmatamento até 2025.

A maioria das agtechs brasileiras é focada em soluções B2B, direcionadas aos produtores, e oferece soluções tecnológicas relacionadas à cadeia de dados (IA, Analytics, Big Data, Sensorização e Blockchain). Obviamente, o trabalho com IA e IA Generativa está em alta. A integração da IA nos processos operacionais não apenas simplifica tarefas complexas, desde a logística até a gestão de inventário, mas também permite um foco maior em estratégias e inovações.

É consenso que o uso da IA tem elevado consideravelmente a precisão nas decisões tomadas no cenário agrícola. Algoritmos avançados realizam análises em tempo real, fornecendo insights valiosos sobre o plantio, irrigação, controle de pragas e colheita. Essa precisão resulta na otimização eficiente dos recursos, maximizando, assim, a produção.

Em relação aos investimentos, as agtechs latino-americanas também experimentaram retração de investimentos, menos intensa no Brasil, é verdade, que tem em 2023 o seu segundo melhor ano, desde 2020. “O segmento de agtechs no Brasil segue crescendo. E eu acho que essa é uma notícia bastante interessante da gente compartilhar aqui”, disse

Na América Latina, o total investido nas agtechs caiu de R$ 2,1 bilhões em 2021 para R$ 1,8 bilhão em 2022, e menos de R$ 1,3 bilhão em 2023. O segmento que mais atraiu investimentos em 2023 foi o de serviços financeiros (26%), seguido pela agricultura de baixo carbono (22%), máquinas e equipamentos para produção (19%) e transformação de resíduos (13%).

FONTE: THE SHIFT