Oceanos: China e Europa concentram maioria das eólicas offshore

Parque eólico ‘offshore’ entre a Dinamarca, Suécia e Alemanha. Foto: Getty Images

Investimentos em energia eólica ‘offshore’ multiplicaram-se por 10 em menos de uma década. Das 215 instalações eólicas no mar registadas no ano passado, 110 funcionavam na Europa e 103 na Ásia

Encontrar energia no mar depende atualmente do vento, com a China a agigantar-se na produção de eletricidade a partir de campos eólicos marinhos, mas as ondas, marés e correntes são futuras fontes possíveis.

Atualmente, a China e a Europa concentram a maior parte dos investimentos em energia eólica ‘offshore’, que a nível global se multiplicou por 10 em menos de uma década. De acordo com o relatório de 2021 da organização World Forum Offshore, que reúne empresas do setor, a potência instalada em ‘offshore’ estava em 4,8 gigawatts mas cresceu para 48,2 gigawatts.

A China foi responsável por um aumento de potência instalada de 12,7 gigawatts só em 2021, com 43 novas instalações, detendo 40% do total mundial, mais de 19 gigawatts, e com construção prevista de mais instalações, num total de mais sete gigawatts.

Das 215 instalações eólicas no mar registadas no ano passado, 110 funcionavam na Europa, 103 na Ásia e duas nos Estados Unidos, embora a administração norte-americana preveja contar com 30 gigawatts de produção eólica ‘offshore’ até ao fim da década.

Os Estados Unidos leiloaram em fevereiro seis parcelas atlânticas ao largo de Nova Iorque com quase dois mil quilómetros quadrados de extensão, uma das quais foi comprada por um consórcio em que participa a EDP.

No final da legislatura anterior, o Governo português anunciou que lançará leilões para eólicas offshore no mar português.

No espaço europeu, é o Reino Unido a liderar, com o maior número de instalações e o maior campo eólico ‘offshore’ do mundo, o Hornsea 1, ao largo da costa oriental da Grã-Bretanha e uma potência de 1,2 gigawatts.

Nas metas energéticas europeias está a produção de 35% da energia elétrica a partir de fontes “offshore” até 2050.

A expansão do setor tem acompanhado uma descida nos preços de produção: em 2021, um relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos estimava o custo médio de energia produzida em campos eólicos marinhos fixos abaixo de 91 euros por megawatt/hora para projetos começados em 2020, com uma redução de preço entre 28% e 51% entre 2014 e 2020.

O Governo norte-americano previa nesse documento que em 2030 o preço médio estará pelos 53 euros por megawatt/hora.

O primeiro campo eólico marinho português funciona desde 2020 numa área com 100 metros de profundidade a cerca de 18 quilómetros ao largo de Viana do Castelo. Gera 25 megawatts de energia, levados até terra através de cabos submarinos, e coloca Portugal no 14.º lugar mundial em aproveitamento do vento em campos ‘offshore’.

Nessa profundidade, não é possível ter torres fixas, pelo que as torres do parque ‘Windfloat’ estão em plataformas flutuantes ancoradas ao fundo marinho. Por outro lado, quanto mais longe de terra, mais vento constante e mais capacidade de geração.

Ao largo da Escócia já está a funcionar o Kincardine, o maior campo eólico flutuante, capaz de gerar 50 megawatts de potência.

Ainda na fase de projetos piloto, a energia das ondas é outras das formas de conseguir converter oceano em energia para consumo humano, usando plataformas flutuantes que sobem e descem ao sabor do movimento das ondas e usam esse movimento para ativar turbinas que produzem energia elétrica no seu interior.

Portugal teve uma experiência ao largo da Póvoa de Varzim em 2008, no que se chamou “parque de ondas”, mas o projeto acabou por durar apenas alguns meses. Atualmente, um novo projeto de teste de conversão da energia das ondas em eletricidade a cargo de uma empresa sueca.

Numa fase ainda mais experimental estão projetos de obtenção de energia a partir do movimento das marés, usando o mecanismo semelhante a uma barragem. A água sobe durante a maré cheia e, ao descer, passa por turbinas cujo movimento gera energia.

França tem no estuário do rio Rance, na Bretanha, a primeira estação de energia de maré do mundo e até 2011 a maior, quando foi suplantada por uma outra construída na Coreia do Sul.

A outra força constante nos oceanos está nas correntes, que em teoria poderiam fazer mover turbinas subaquáticas de forma semelhante ao que o vento faz nas eólicas.

Outra forma experimental de produção de energia usa a diferença de temperaturas entre águas profundas e água à superfície para criar vapor e fazer mover um gerador de energia, um processo que também pode ser usado para dessalinizar água do mar.

FONTE: https://expresso.pt/economia/2022-06-08-Oceanos-China-e-Europa-concentram-maioria-das-eolicas-offshore-2b1e8425