O valor econômico do envelhecimento

Em todo o mundo, os humanos estão vivendo mais. Estima-se que a população global com mais de 60 anos atinja 1,4 bilhão até 2030, em comparação com um bilhão hoje. Espera-se que dobre para 2,1 bilhões até 2050. Globalmente, a expectativa de vida aumentou mais de 6 anos entre 2000 e 2019 — de 66,8 anos para 73,4 — mas um número crescente de investidores, inovadores e cientistas estão se perguntando como a humanidade pode dobrar o curva ainda mais.

Desde 2015, 75 empresas com foco principal na longevidade — ou anti-envelhecimento — arrecadaram US$ 12,5 bilhões para financiar pesquisas sobre a extensão e a qualidade da vida natural, incluindo o Altos Labs, lançado do início de 2022 com o apoio de Jeff Besos e o Calico Labs, spin-off da Alphabet, criado em 2013. Projeções apontam que essa nascente indústria chegue a US$ 64 bilhões até 2026.

Os bilionários da tecnologia estão financiando novos modelos que visam combinar o melhor dos negócios e da academia sem a pressão para retornos de curto prazo. Particularmente nos EUA, foram estabelecidos fundos específicos para longevidade, que financiam principalmente startups biotecnológicas. Os exemplos mais proeminentes são o Longevity Vision Fund, o Longevity Fund e o LongevityTech.fund (um dos mais ativos, com 40 investidas no portfólio). A região DACH (Alemanha, Áustria e Suíça), também já tem os seus: Apollo Health Ventures (2020) e Korify Capital (2021).

Agora em fevereiro, a HolonIQ informou ter mapeado 300 empresas em seu “Índice de Longevidade”, trabalhando com genômica, medicina de precisão, biofarmacêutica, dispositivos médicos, cuidados com idosos e tratamento especializado e muito mais.

Os críticos temem que avanços futuros possam criar uma elite de idosos projetados, não de bebês. “Suponha, por exemplo, que tivéssemos uma espécie de vacina para a pandemia da idade”, ironiza Christopher Wareham, bioeticista da Universidade de Utrecht, que estuda a ética do envelhecimento. “Isso vai potencialmente exacerbar todos os tipos de desigualdades existentes que temos.”

Já os defensores argumentam que, se a tecnologia nos permitir estender nossa expectativa de vida, provavelmente também melhorará nossa expectativa de saúde e também a economia. Nos EUA, uma estimativa mostra que apenas um a dois anos de aumento na expectativa de vida valem entre US$ 7 trilhões e US$ 38 trilhões.

No Brasil, mercado que movimenta R$ 1,6 trilhão anualmente em produtos e serviços da “Economia Prateada”, a aceleradora SilverHub comemora um ano de vida neste início de 2023 se preparando para uma nova rodada. A previsão é investir entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões na aceleração de 15 a 20 empresas em estágio inicial, nos próximos 36 meses.

FONTE: THE SHIFT