O que você não sabe sobre Longevidade

Os próximos capítulos da sua vida
O problema de dividir a vida de um ser humano em três fases é que ela não corresponde mais à realidade, e vai corresponder ainda menos daqui para frente. O que nos impedia de viver mais, com qualidade, está sendo eliminado com os avanços da medicina e da saúde, com ajuda da tecnologia.

“Ganhamos 30 anos a mais de vida”, avisa o título do artigo da Stanford Graduate School of Business (GSB). Está na hora de revisar tudo o que você sabia sobre longevidade. Deixamos de viver uma minissérie em três capítulos para protagonizar uma série com várias temporadas. Pense diferente: o modelo das “idades certas” para aprender, trabalhar e descansar, não mais se aplica.

O relatório “Better with Age”, da Bain & Company, alerta que em 2030, 150 milhões de pessoas com mais de 55 anos estarão trabalhando no mundo todo, um percentual que pode chegar a 25% dos postos de trabalho no grupo dos sete (Canadá, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, França e Itália). No Brasil, esse percentual será de 18%. Em parte pelo envelhecimento da população, em parte por conta da queda das taxas de fertilidade no mundo todo, em parte graças aos avanços em saúde (gráfico abaixo).

O etarismo – preconceito contra pessoas mais velhas – “é o último dos ‘ismos’ que precisa cair”, dizem os professores de comportamento organizacional da GSB, Jeffrey Pfeffer e Ashley Martin. E tem que cair rápido, porque as estatísticas mostram que 20% da geração Z já vão viver até os 100 anos e 50% das crianças com 5 anos hoje viverão até os 100. Em 2050, pessoas centenárias serão a regra para todos os nascidos.

O modelo linear de educação, trabalho e apostentadoria também precisa mudar, aponta o Stanford Center of Longevity, que desde 2017 dedica tempo e recursos para entender o que eles chamam do “Novo Mapa da Vida” (The New Map of Life): um modo de vida que mira em pessoas com saúde física e mental e segurança financeira vivendo até os 100 anos.

A educação formal não precisa terminar na adolescência, e as pessoas poderão trabalhar, parar para ter filhos, voltar a trabalhar, parar para estudar novamente, descansar e trabalhar. Nesse momento, mudar as estruturas para os que vão nascer é uma das prioridades que precisa entrar no foco global.

A ideia é que as pessoas trabalhem durante pelo menos 60 anos de sua vida, não no modo linear como vivemos hoje, mas em um modelo elástico que mistura trabalho fixo e temporário. Cabe às empresas, aponta o relatório da Bain, criar novos modelos de trabalho que atraiam e sejam capazes de reter os melhores talentos, em todas as idades. O nosso modelo mental que associa idade com declínio cognitivo e físico começa a entrar para a história.

O cientista Omri Amirav-Drory, que é sócio da empresa de investimento de risco NFX, comandando a área de investimentos nas startups focadas em longevidade – em uma categoria chamada TechBio – aborda o nó da questão nesse texto: “o futuro da longevidade é manter pessoas saudáveis aos 90 anos como se tivessem 25”. Se você tivesse essa opção, quantos anos gostaria de poder viver?

Em 2050, o número global de pessoas com +65 anos será maior que as pessoas com menos de 15.

50% dos Baby Boomers declaram que esperam se aposentar apenas a partir dos 70 anos. Hoje, por dia, 10 mil Baby Boomers fazem 65 anos. Os últimos farão 65 em 2030.

A professora de administração Susan Wilner Golden, de Stanford, autora do livro “Stage (Not Age)”, estima a economia da longevidade em US$ 22 trilhões. A AARP (a organização anteriormente conhecida como Associação Americana de Aposentados) vai mais longe: calcula em US$ 45 trilhões o impacto no PIB global.

Viver em estágios, independente da idade, segundo a professora Golden, é se preparar para um mundo em que uma pessoa de 80 anos estará em um mesmo estágio produtivo que uma de 40, ou uma pessoa de 70 anos viverá diferentes estágios simultaneamente.

Atualmente, cinco diferentes gerações coexistem no planeta. Em 2050, 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos Preparar as cidades para serem “hubs de longevidade” é o foco da iniciativa “City of Longevity”, comandada pelo NICA (UK Innovation Centre on Ageing), já que, em 2050, 80% da população global viverão em cidades.

Ainda não se convenceu? 45 estatísticas recentes sobre longevidade que você precisa conhecer.

FONTE: https://theshift.info/