O que pode dar errado com IoT nas empresas?

Em sua coluna, Pyr Marcondes fala sobre os erros e dificuldades da “Internet das coisas” — em inglês, “Internet of Things” (IoT)

IoT é um universo sem fim. Desconhecido e inexplorado. Desconhecemos seus limites e seus efetivos usos hoje e os do futuro. Imaginar trilhões de objetos, máquinas e mesmo processos todos conectados nos próximos anos é mind blowing. Não temos repertório para dimensionar isso, porque nunca vivemos algo nem de longe parecido para comparar.

As cidades inteligentes estarão todas conectadas e tudo que nelas habita idem. Vale para as empresas, obviamente, também.

Num processo de descoberta que mal começamos a percorrer, vale alguns alertas para os negócios e as companhias desde agora. Alguns que já estão mapeados e que não podemos, como empresários, investidores e executivos, ignorar. Porque, afinal, queiramos ou não, a Internet das Coisas estará entre nós mandatoriamente. Apenas questão de tempo.

Analistas experimentados e cientistas têm sempre algo a nos ensinar. Aqui, na forma de alerta, o que coletei deles, entre seus estudos e white papers. O curador do risco.

Como pano de fundo, antecipo algo basicão.  Sabe a regra de Murphy, que reza que se algo pode dar errado, vai dar errado. Bem-vindo ao IoT.

Então, vamos lá. O que já sabemos que pode dar ruim…

Segurança e privacidade

Manter os dados coletados e transmitidos por dispositivos IoT seguros é um desafio, pois eles evoluem e se expandem em uso. Embora a segurança cibernética seja uma alta prioridade, os dispositivos IoT nem sempre são incluídos na estratégia ds empresas. Os dispositivos devem ser protegidos contra adulteração física, ataques de software baseados na Internet, ataques baseados em rede e ataques baseados em hardware.

A privacidade dos dados é outra preocupação, especialmente porque os dispositivos IoT estão sendo usados ​​em setores mais sensíveis, como saúde e finanças. As leis de privacidade das informações também estão entrando em vigor globalmente, o que significa que não apenas faz sentido para os negócios proteger os dados, mas as empresas simplesmente serão legalmente obrigadas a fazê-lo.

Só que a integração de protocolos de criptografia e segurança em dispositivos IoT é um enorme pepino.O custo em tempo, esforço e dinheiro pode tornar certas integrações, embora necessárias, proibitivas.

A dura saída para isso é o caminho – caro e arriscado – da tentativa e erro. Sempre foi assim com tecnologias emergentes. Não será assim para um conjunto gigante de tecnologias emergentes como o universo do IoT.

Complexidade técnica

O natural é que os sistemas de IoT estejam conectados, nas empresas, a outros sistemas legados e se essa interconexão não for efetiva e estruturalmente bem executada, processos e dados essenciais para outro fluxo de trabalho ou sistema poderão ser afetados negativamente.

Haverá, como acabo de dizer, uma grande curva de aprendizado na implantação de dispositivos IoT. Faz sentido desenvolver uma estratégia sobre como e por que implantá-los antes de comprá-los. Dessa forma, você pode ter certeza de que eles estão funcionando conforme o esperado e pode ir por etapas implantando processos e sistemas mais sofisticados e abrangentes..

Conectividade e dependência de energia

Muitos dispositivos têm uma dependência da internet e energia contínua para funcionar corretamente. Quando um deles cai, o mesmo acontece com o dispositivo e qualquer coisa conectada a ele. Dado o quanto os dispositivos IoT estão interligados com as empresas de hoje, tudo pode parar quando estiverem inativos.

As empresas devem entender como as interrupções afetarão seus dispositivos para planejar proativamente as interrupções, até porque, saibamos todos disso desde já, alguma interrupção acontecerá em algum momento (Murphy, lembra?).Os processos de solução de problemas e gerenciamento de incidentes podem ajudar a aliviar isso, assim como garantir que os funcionários saibam o que fazer quando os dispositivos estiverem inativos.

Integração

Atualmente, não há consenso em relação aos protocolos e padrões de IoT, portanto, os dispositivos produzidos por diferentes fabricantes podem não funcionar com a tecnologia existente. Cada um pode exigir configurações e conexões de hardware diferentes, dificultando a implantação eficiente.

A empresa deve entender as necessidades de rede para se preparar para qualquer personalização necessária. Isso também significa planejar um tempo extra com implantações de dispositivos para lidar com qualquer solução de problemas ou tarefas relacionadas que possam surgir.

Custos mais altos (tempo e dinheiro)

A implantação de dispositivos IoT geralmente vem com altos requisitos de investimento de tempo e dinheiro. Há uma considerável quantidade de dispositivos a serem adquiridos e configurados, pessoal para instalá-los, outros para integrá-los à rede e suporte, além das inevitáveis ligações para o help desk dos fabricantes pedindo help, e por aí vai. Se todos estiverem remando para o mesmo lado (planejamento e gerenciamento na tentativa de risco zero ajudam aqui), as empresas poderão ao menos tentar fazer esse investimento mais adequadamente.

Não tenha medo de nada disso. Até porque, ter medo é o procedimento mais certo para tudo dar errado. E você e sua empresa ficarem no limbo da história.

Só falei aqui dos erros e dificuldades do IoT. Para falar do que toda essa integração vai nos trazer de benefícios, precisaria de um livro.

Prepare-se, porque a Internet das Coisas já chegou.

FONTE: https://exame.com/colunistas/pyr-marcondes/o-que-pode-dar-errado-com-iot-nas-empresas/