O que está por trás do novo aporte do Softbank na Loggi

Não é incomum o fundo do bilionário japonês Masayoshi Son investir em empresas rivais. Entenda o motivo

O Softbank fez um novo aporte na startup brasileira de logística Loggi. Em conjunto com Microsoft, GGV, Fifth Wall e Velt Partners, a empresa comandada Fabien Mendez, CEO e cofundador, recebeu mais US$ 150 milhões.

Além de transformar a Loggi em um unicórnio, como são conhecidas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão, o investimento mostra uma estratégia inusitada do Softbank, comandado pelo japonês Masayoshi Son.

Não é incomum o fundo investir em diversas empresas que competem entre si. “Eles querem apostar em todos os cavalos e são muitos agressivos no mercado”, diz um gestor de venture capital brasileiro, que conhece a estratégia do Softbank.

Observe o exemplo da Loggi. Uma das principais rivais da startup brasileira é a colombiana Rappi. Adivinhe em qual empresa o Softbank fez o seu primeiro investimento, depois de anunciar um fundo de US$ 5 bilhões na América Latina? Exatamente, na Rappi.

A empresa colombiana, fundada pelos empreendedores Simón Borrero, Felipe Villamarin e Sebastian Mejia, recebeu US$ 1 bilhão no fim de abril do Softbank, no maior aporte já feito em uma empresa latino-americana.

Qual a lógica por trás dessa estratégia? “Eles não estão atrás de unicórnio, eles querem dominar uma atividade”, diz Daniel Domeneghetti, presidente da consultoria E-Consulting. “A tese do Softbank é de consolidação do setor.”

Para conseguir atuar de forma tão agressiva no mercado, há algumas condições. A principal delas é ter recursos quase infinitos. É exatamente o caso do Softbank. O Vision Fund conta com quase US$ 100 bilhões – quase metade desse dinheiro já aplicado.

Ao apostar suas fichas em diversas startups que competem entre si, o Softbank fica numa situação confortável. Se uma delas falir, não será um problema. Além de que, como acionista de diversas empresas rivais, ele pode contribuir para uma fusão das operações no futuro.

Foi assim com os investimentos do Softbank na área de aplicativos de transporte. O fundo de Masayoshi Son, fundador e CEO do Softbank, tinha fatias relevantes tanto na Uber, como na chinesa Didi Chuxing. Em 2018, reconhecendo sua derrota no mercado chinês, o Uber se fundiu com a Didi na China.

No Brasil, Softbank e Didi Chuxing são os principais acionistas da 99, que concorre com a Uber, que é sócia da Didi na China. Difícil de entender? Não na lógica do japonês Son, que já foi chamado de o homem mais poderoso do Vale do Silício pela revista americana Fast Company.

Os empreendedores que recebem os aportes do Softbank ficam também uma situação difícil. São rivais, mas contam com o mesmo acionista. “Eles não vão recusar o cheque, pois se o investimento não for feito neles, pode ser aplicado em um competidor que vai esmagá-los”, diz um gestor de um fundo de venture capital.

A Loggi e Rappi vão brigar motocicleta a motocicleta no mercado de entregas. Se um deles ficar pelo caminho, a única certeza é que Son e o Softbank não perderão.

FONTE: NEOFEED