O que é inovação aberta e quais seus benefícios e desafios para as empresas

O conceito de inovação aberta está ligado a um modelo colaborativo entre as empresas, com foco no desenvolvimento de soluções inovadoras.

Embora possa parecer uma “expressão da moda”, o termo inovação aberta já existe há quase 20 anos — Foto: Getty Images

Com certeza você já ouviu falar em inovação aberta. Embora possa parecer uma “expressão da moda”, o termo já existe há quase 20 anos, e ganha mais força à medida que a transformação digital e a competitividade do mercado avançam.

O conceito de inovação aberta está ligado a um modelo colaborativo entre as empresas, com foco no desenvolvimento da inovação. Ao longo da pandemia, por exemplo, muito se falou em open innovation para classificar as ações conjuntas de empresas, muitas vezes rivais, em prol da criação de soluções para o momento.

O que é inovação aberta?

Segundo a definição da Universidade de Oxford, inovação aberta é quando “uma organização não depende apenas de seu próprio conhecimento, fontes e recursos internos para a inovação, mas também usa várias fontes externas para impulsionar a mesma”.

Em outras palavras, inovação aberta “é um conjunto de ações para o desenvolvimento de soluções inovadoras ao lado de parceiros externos, que podem ser startups ou outras empresas”, como explica Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil e autor do livro “Corporate Venture Capital – Como Transformar e Exponencializar sua Empresa Fazendo Investimento em Negócios Inovadores e Startups”.

O conceito foi criado em 2003 por Henry Chesbrough, professor e pesquisador da Universidade de Berkeley. Segundo o autor, esse modelo de gestão empresarial promove uma descentralização dentro das empresas.

Diferente do modelo de inovação fechada, no qual todas as informações estão contidas dentro da empresa, sem compartilhamento com terceiros, a inovação aberta impulsiona uma mentalidade inovadora por meio da aceitação de que a companhia pode contar com diferentes parceiros para criar novas soluções, seguir tendências ou se reinventar.

Como funciona a inovação aberta?

Como destaca a FIA Business School, não existe um modelo exato a ser seguido para a aplicação da inovação aberta. Em geral, as empresas fazem parcerias com startups ou outras empresas que dominam o tipo de pesquisa e desenvolvimento de interesse da organização.

“Existem vários modelos que podem ser aplicados para garantir a parceria”, explica Spina. “Desde a simples contratação de uma startup para desenvolver a solução desejada até iniciativas de corporate venture, desafios de inovação, financiamento de pesquisas e trabalhos de co-inovação, que integram o desenvolvido em conjunto de uma solução ou produto”.

Embora não tenha uma receita, o modelo de gestão pode ser aplicado de diferentes maneiras. Em geral, essa aplicação pode ser dividida em três tipos:

  • Inbound: Quando uma empresa busca conhecimento ou tecnologia em uma fonte externa especializada;
  • Outbound: Quando a empresa desenvolve uma solução inovadora e a transfere para outra organização por meio de uma parceria;
  • Coupled: Quando os dois modelos anteriores são combinados, ou seja, uma empresa consegue fornecer informações para o desenvolvimento de uma solução, ao mesmo tempo em que se beneficia de novas ideias e informações externas.

Os benefícios da inovação aberta em uma empresa

Para as empresas que desejam aplicar o modelo de gestão de inovação aberta, os benefícios vão além do desenvolvimento da solução almejada. Uma vantagem “não óbvia” citada por Cassio Spina, por exemplo, é o acesso aos profissionais mais talentosos do setor. A inovação aberta permite que as empresas colaborem com um grande número de profissionais e especialistas sobre um assunto, o que permite manter a empresa na vanguarda.

Às vezes, certos projetos não se encaixam no modelo de negócios principal da organização. Em vez de deixá-los de lado, a empresa pode usar a inovação aberta para desenvolver ideias não relacionadas externamente. “Com a inovação aberta, uma empresa consegue criar produtos e serviços mais rápido do que faria sozinha, além de poder desenvolver mais projetos de inovação ao mesmo tempo. Tudo isso agrega velocidade aos processos da companhia”, explica Spina.

Para as startups e hubs de inovação, há, ainda, o acesso a infraestrutura e tecnologia essenciais. A inovação aberta oferece oportunidades de parceria para as pequenas empresas, permitindo que as startups construam relacionamentos com instalações de pesquisa universitárias ou empresas maiores com recursos que ajudam a levar seus produtos ao mercado.

Os desafios da inovação aberta

Além de estar disposta a encarar a transformação disruptiva proposta pelo modelo de gestão descentralizado, uma empresa interessada em aplicar inovação aberta precisa estar atenta a alguns cuidados extras. “Se o negócio é muito estratégico para a empresa, nem sempre é fácil fazer a transição para uma abertura de informações”, afirma Spina.

Questões como propriedade intelectual também necessitam de atenção. “É importante ter contratos e acordos bem claros com os parceiros que farão parte da jornada de inovação aberta da sua empresa”, ressalta o especialista.

Por fim, os processos de inovação aberta não deixam de enfrentar dificuldades, atrasos e até mudanças ao longo da jornada.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/empresas/noticia/2023/03/o-que-e-inovacao-aberta-e-quais-seus-beneficios-e-desafios-para-as-empresas.ghtml