O QUE AS STARTUPS PODEM ENSINAR ÀS ESCOLAS

Da esquerda para a direita, Vahid Sherafat, CEO e cofundador da ClassApp; Samin Shams, CTO e cofundador da ClassApp; Gustavo Fuga, fundador da 4You2; e Fabrício Bloisi, fundador e CEO da Movile (Foto: Divulgação/Wanderson Jenebro)

A Harvard do futuro não existe e está sendo criada nesse momento. E até Harvard precisará se reinventar para se manter viva em meio a tantas mudanças. A reflexão é de Fabricio Bloisi, fundador e CEO da Movile, em evento realizado em São Paulo pela ClassApp para discutir inovação no setor de educação.

Presidente da empresa que criou o iFood, Bloisi disse que as escolas precisam se expor mais a erros, criar metas agressivas e dar velocidade à implantação de novas ideias. “Não pense no próximo trimestre, pense no que você vai fazer essa semana para estar melhor na próxima”, disse.

Na visão do executivo, todas as mudanças geradas pelas novas tecnologias representam uma oportunidade para o setor de educação. E não necessariamente são um risco ao aluno e à forma de ensino. “A educação do futuro está sendo criada hoje. Se os gestores do ensino continuarem fazendo o que faziam antes, vão perder oportunidades. Tome risco agora, invista agora, queira ser o primeiro.”

Um modo de fazer isso é acelerar a criação de protótipos a partir das necessidades diárias encontradas nas instituições de ensino. “Se o grupo de WhatsApp é o que funciona hoje, crie um para cada turma. Converse por lá, estabeleça uma meta e avalie se isso melhorou a comunicação [com alunos e pais].”

Dificuldades
O setor de educação, porém, carrega particularidades. As decisões envolvem não só consumidores, mas pais e alunos. Este fator é apontado como um dos maiores entraves na hora de inovar.

Para o empreendedor Gustavo Fuga, fundador da 4You2, escola de inglês que atende alunos da periferia, o segredo é envolver as pessoas no diálogo. “Crie pequenas células de guerrilha, grupos de 4 ou 5 pessoas que irão refletir sobre determinado problema e comece a testar uma solução”, diz.

O jovem empreendedor defende que a revolução na educação brasileira não virá a partir da criação “do novo iPad”, mas sim da reavaliação dos métodos que todas as escolas possuem. “Por que nós podemos avaliar o motorista do Uber e não o professor?”. Na 4You2, que possui sete unidades e mais de 70 professores estrangeiros, foi implementado um novo método de avaliação entre aluno e professor, na própria lista de chamada.

Fuga admite que o setor de educação enfrenta uma resistência maior a mudanças do que outros mercados, mas diz que a saída é começar a criar novos hábitos com pequenos grupos. “Traga novidades para pequenos grupos para gerar o convencimento. Depois, as outras pessoas vão começar a se interessar. Veja o setor de fintechs, que é muito mais concorrido e regulado com o nosso e está causando um grande impacto”, diz.

Na visão de Samin Shams, CTO e cofundador da ClassApp, aplicativo que conecta instituições de ensino a pais e alunos, as escolas também precisam avaliar melhor de onde vem a resistência às mudanças. E se ela é de fato tão grande quanto parece. “Quem fala mais alto, é sempre quem não gostou. Quem gostou, não fala”, diz.

Recentemente, a ClassApp fez uma pesquisa em uma instituição de ensino para avaliar quem era contra mudanças recém-implementadas. O foco era entender se uma dúzia de pais insatisfeitos representava a maioria. O resultado? 95% dos pais estavam satisfeitos e felizes com as mudanças que, portanto, não foram alteradas.

FONTE: PEGN