O plano da Gran Cursos para ser a “one stop shop” da educação

Edtech, que surgiu de cursinho preparatório familiar em Brasília, já fatura mais de R$ 300 milhões.

Rodrigo Calado e Gabriel Granjeiro são fundadores do Gran Cursos, edtech que vai do concurso à pós — Foto: Divulgação

Originada em um tradicional cursinho preparatório para concursos em Brasília, a Gran Cursos bateu a marca de plataforma educacional mais acessada da internet — à frente de concorrentes como SerYduqs e Cogna —, entrou em pós-graduação e atraiu um fundo do BTG Pactual como sócio. Com dinheiro em caixa, a operação expandiu para graduações e treinamento para programadores e a Gran quer ser uma “one stop shop” de educação.

No início do mês, a plataforma colocou no ar os primeiros cursos de graduação digital da Gran Faculdade. Na mesma pegada de democratização que a companhia implementou nos cursinhos preparatórios, começou com pacotes em que as mensalidades são fixas até o fim do curso, se o aluno não ficar inadimplente ou trancar a matrícula – vai desde bacharelado de Administração e Criminologia, a tecnólogo de Gestão Pública ou licenciatura de Pedagogia.

A estreia em graduação foi viabilizada pela aquisição do centro universitário UniBagozzi, em Curitiba, licenciado pelo MEC. A companhia também comprou participação minoritária (com opção de controle no futuro) na SoulCode Academy, edtech de formação para desenvolvedores e técnicos de TI voltada a clientes corporativos, outra aposta de crescimento para esse ano. Os dois M&As vieram depois que a Gran recebeu um cheque de seu primeiro sócio externo, o fundo de impacto do BTG Pactual – a cifra não foi divulgada.

Até 2026, a ideia é ter alcançado quatro milhões de alunos em todo o ecossistema — hoje a base tem dois milhões, sendo 600 mil ativos. O fundador e CEO Gabriel Granjeiro quer repetir na graduação o que a companhia conseguiu fazer no mercado de cursinhos preparatórios.

“Não são promessas, as coisas já aconteceram. Hoje, um a cada cinco novos advogados no Brasil estuda com a gente, sendo que o Brasil é o país com o maior número de advogados no mundo. E também um a cada quatro novos servidores públicos de qualquer lugar e área também estudou conosco”, diz.

De acordo com dados do SimilarWeb, é o site educacional mais acessado o país. Em 2022, a Gran faturou R$ 310 milhões.

A empresa, que quase já não se encaixa mais no conceito de startup, está no mercado desde 2012, e até o início de 2021 tinha operado somente com capital próprio. A ideia da Gran surgiu quando Granjeiro passou a acompanhar o negócio do pai ( o dono do cursinho de Brasília) e percebeu que uma modernização no modelo poderia potencializar a metodologia de ensino. O cofundador da Gran Cursos é Rodrigo Calado, que entrou no grupo familiar como estagiário e chegou a diretor financeiro, antes de empreender.

“Na época, a realidade de preparação de concursos e provas era bastante desigual. Para que as pessoas se preparassem para as mais concorridas, muitas vezes tinham que estar em uma cidade grande e ir a um curso presencial. Nascemos com a premissa de ser um produto democrático, acessível e com qualidade superior ao ensino tradicional”, diz Granjeiro.

A plataforma tem conteúdos para quase todos os tipos de concursos, desde administrativo, jurídico e educacional a militares, que preparam para a prova das Forças Armadas, por exemplo. As mensalidades começam em R$ 109,90 por mês e podem chegar a R$ 319,90, com parte do conteúdo gratuita, o que garante a recorrência dos acessos. Na modalidade social, voltada para alunos de baixa renda, a mensalidade começa em R$ 49,29.

Segundo dados internos, o market share da Gran Cursos está na casa de 30%, mas os sócios veem uma avenida de crescimento em regiões específicas do país. “Achamos que dá para crescer pelo menos por mais cinco anos no ritmo de dois dígitos que fizemos nos últimos anos”, diz Granjeiro.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/o-plano-da-gran-cursos-para-ser-a-one-stop-shop-da-educacao.ghtml