O lance bilionário do Pátria no 5G para criar uma nova operadora nacional

Parte do portfólio da gestora, a Winity Telecom arrematou o lote da frequência 700 MHz no leilão do 5G, por R$ 1,42 bilhão, e vai concentrar sua atuação como uma empresa de telefonia no atacado

O mercado brasileiro está ganhando uma nova operadora de telefonia nacional. É a Winity Telecom, empresa criada pelo Pátria Investimentos, que arrematou o primeiro lote do leilão de 5G, relativo à frequência 700 MHz, com um lance de R$ 1,42 bilhão.

Adiado em diversas oportunidades, o leilão do 5G teve início nesta quinta-feira, 4 de novembro, em Brasília. Claro, Vivo e TIM arremataram as principais frequências da tecnologia que vai permitir velocidades de até 1 Gbps em telefones móveis.

Mas a surpresa ficou por conta da Winity, que fez uma proposta que representou um ágio de 805% em relação ao lance mínimo estipulado no processo. Entretanto, diferentemente do modelo de Vivo, TIM e Claro, a Winity vai basear 100% da sua atuação no modelo de atacado. Ou seja, viabilizando a infraestrutura para outros provedores e operadoras.

“Somos provedores agnósticos de infraestrutura”, afirma Felipe Pinto, sócio do Pátria, em entrevista ao NeoFeed. “Podemos prover múltiplas soluções, desde as torres e os equipamentos físicos até o aluguel e exploração industrial do espectro para o uso de terceiros.”

CEO da Winity, Sergio Bekeierman acrescenta: “Nossa convicção é de que essa demanda virá de todos os lados”, observa. “Seja das operadoras regionais, que estão entrando no mercado, ou das nacionais, que podem buscar ampliar a capacidade de suas redes existentes.”

O leilão traz como obrigações para a Winity investir na implantação de infraestrutura de conexão em mais de 30 mil quilômetros de rodovias federais, além de mais de 600 localidades que hoje não têm cobertura do 4G.

Além do valor pago pela outorga, a empresa prevê um investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões para a implantação de mais de 5 mil torres até 2029 e o cumprimento das obrigações estabelecidas no edital. No projeto, a companhia prevê gerar cerca de 1,2 mil empregos.

“Agora, vamos começar, de fato, a fazer toda a contratação e os esforços comerciais para poder rentabilizar essa infraestrutura”, ressalta Bekeierman. “Mas não queremos ser uma empresa de um projeto só. Vamos perseguir outros projetos de infraestrutura.”

Para levar à frente essa ambição, a empresa conta com a bagagem do Pátria em infraestrutura. Com US$ 15,8 bilhões de ativos sob gestão, a gestora tem mais de 20 investimentos realizados em diferentes segmentos desse mercado.

No espaço de infraestrutura de dados, o primeiro movimento do Pátria veio em 2012, com a criação da Highline, empresa voltada ao negócio de aluguel de torres de telecomunicações. Em dezembro de 2019, a operação foi vendida para a Digital Colony, por um valor não revelado.

“Criamos a Highline com o advento do 4G”, explica Pinto. “E agora, olhando a consolidação do 4G e o crescimento do 5G, percebemos que essa necessidade de infraestrutura de dados seguia firme, com muitas oportunidades.”

De olho nesse cenário, a Winity foi criada em 2020 e contou com a captação de recursos da ordem de R$ 10 bilhões, a partir do fundo Pátria Infraestrutura IV.

O leilão do 5G envolve ainda a licitação de outras três faixas de frequência – 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Os prazos de outorga serão de até 20 anos e a expectativa, segundo a Anatel, é movimentar cerca de R$ 49 bilhões com a abertura dos envelopes.

Já a previsão para que o 5G comece a ser ofertado, de fato, no País é até julho de 2022. Essa cobertura terá início pelas capitais e será estendida, gradualmente, para outras cidades até 2029.

FONTE: https://neofeed.com.br/blog/home/o-lance-bilionario-do-patria-no-5g-para-criar-uma-nova-operadora-nacional/