O futuro passa longe

Brasil sequer engatinha e fica entre os últimos países em ranking de aptidão para carros autônomos elaborado pela KPMG.

Não restam mais dúvidas de que o futuro da mobilidade urbana passa pelos carros elétricos ou híbridos e sem motorista. Mas, afinal, quanto os países estão preparados para lidar com essa iminente realidade em que os veículos vão sair por aí, com emissões zero ou perto disso, e dirigindo sozinhos? Foi o que um recente estudo da empresa multicional de consultoria KPMG tentou identificar, inclusive no Brasil.

O ranking com 20 países indexou quatro pilares para definir essa aptidão para os autônomos: política e legislação de trânsito atuais nos países, tecnologia e inovação presente, infraestrutura geral e a aceitação do consumidor. Conforme o estudo, Holanda, Singapura e Estados Unidos são os três países que estão hoje mais prontos para receberem os carros sem condutor.

Quase na ‘lanterna’

Entre os países pesquisados, o Brasil ficou entre os quatro piores. Ficamos em 17º lugar no ranking à frente apenas da Rússia, do México e da Índia. O resultado prova que ainda falta muito tempo para que os veículos sem motorista virem uma realidade em nosso país, mas o estudo da KPMG concluiu que os brasileiros são ávidos por tecnologia e estão hoje mais dispostos a receber os autônoma do que os japoneses e os chineses, por exemplo.

Mas a vontade, por si só, não basta. A análise da consultoria apontou que o país não oferece hoje muita condição para os carros sem motorista, seja no ponto de vista de tecnologia ou no de infraestrutura, além de faltar políticas e legislação sobre o assunto. De acordo com a KPMG, o Rota 2030, novo regime automotivo que está à espera de aprovação pelo governo, surge como caminho para uma evolução. “A discussão sobre autônomos está começando em fóruns e eventos ligados às indústrias automotiva e de telecomunicações, mas não vimos autoridades ou governos fazendo planos sobre isso”, afirmou Maurício Endo, da KPMG no Brasil.

Prejuízos

Um outro estudo encomendado pela gigante da tecnologia Intel, no ano passado, concluiu que, em apenas dez anos, entre 2035 e 2045, os carros autônomos terão o potencial de salvar 585 mil vidas pelo mundo ao evitar acidentes fatais. Em 2016, por exemplo, o prejuízo com a violência no trânsito no Brasil foi de R$ 146,8 bilhões, ou 2,3% do PIB. Foram 33.347 mortes e 28.032 de casos de invalidez permanente. Além disso, os veículos sem motorista deverão poupar mais de 250 milhões de horas em deslocamentos por ano nas cidades mais congestionadas do mundo.

Ranking

Entre os 20 países pesquisados, quais estão mais aptos a receberem hoje os carros autônomos, conforme o estudo da KPMG:

1º Holanda

2º Singapura

3º Estados Unidos

4º Suécia

Reino Unido

6º Alemanha

7º Canadá

8º Emirados Árabes

9º Nova Zelândia

10º Coreia do Sul

11º Japão

12º Áustria

13º França

14º Austrália

15º Espanha

16º China

17º Brasil

18º Rússia

19º México

20º Índia

O que nos falta?

Pontos de recarga para carros elétricos

Boa rede de internet e comunicação sem fio

Infraestrutura de vias e circulação de veículos

Legislação para permitir testes sem motorista

Maior desejo da população em ter autônomos

Pesquisa e desenvolvimento de novos serviços de mobilidade urbana.

FONTE: O TEMPO