O dia em que a Apple virou banco

A Apple lançou hoje uma savings account (conta poupança) nos Estados Unidos que vai render 4,15% ao ano — 10x mais que a taxa média das contas poupança dos bancos comerciais do país.

O lançamento coloca a Apple em concorrência direta com os grandes bancos americanos — e num momento em que há uma verdadeira guerra pelos depósitos nos EUA.

Com a subida dos juros de zero para a faixa de 4,75% a 5%, bancos comerciais como o JP Morgan e o Citi estão sob forte pressão para aumentar a remuneração de suas savings accounts. Não mexer na taxa pode levar à perda de clientes; aumenta-la leva a perda de rentabilidade.

Ao longo do último ano, os americanos já retiraram mais de US$ 800 bilhões em depósitos dos bancos comerciais para aplicar em produtos mais rentáveis.

Nos EUA, a taxa média das savings accounts é de míseros 0,37% ao ano, segundo a Federal Deposit Insurance Corporation, que garante os depósitos dos bancos.

Alguns players já oferecem remunerações melhores, mas a taxa paga pela Apple será uma das maiores do mercado.

Para se ter uma ideia: o Marcus, a conta digital da Goldman, paga 3,9% ao ano a seus usuários, enquanto o American Express paga 3,75% e a Capital One, 3,5%.

Dada a agressividade da taxa, alguns analistas especulam que a Apple esteja subsidiando o produto como forma de fidelizar ainda mais os usuários do iPhone — os principais usuários do Apple Card.

A conta da Apple foi lançada em parceria com a Goldman — o banco emissor — e é exclusiva para os clientes do Apple Card, também operado pela Goldman.

Esses clientes terão acesso à conta no app Wallet do iPhone, onde haverá um dashboard mostrando o total aplicado e o rendimento em dado período. Outro diferencial do produto é que os clientes poderão aplicar seus Daily Cash rewards (o programa de benefícios do Apple Card que dá 3% de cashback nas compras no cartão) direto nessa conta.

Não haverá depósito mínimo ou fee para o uso da conta, mas cada cliente poderá deixar no máximo US$ 250 mil aplicados.

O lançamento é a aposta mais ousada da Apple no segmento financeiro. A companhia já oferecia desde 2019 seu Apple Card e, em março do ano passado, lançou sua solução de ‘buy now pay later’ que permite aos clientes dividir as compras feitas no cartão em quatro parcelas mensais.

Diferente do cartão e da conta poupança, o ‘buy now pay later’ não é operado pela Goldman, e sim pela divisão de serviços financeiros da própria Apple, a Apple Financing.

FONTE: https://braziljournal.com/o-dia-em-que-a-apple-virou-banco/