O ano do Google em 2017

Os erros do Pixel 2 XL não definem o ano da empresa, mas não podem ser ignorados

Olhando apenas para o desempenho financeiro da Alphabet, grupo do qual o Google é parte, o os resultados de 2017 são impressionantes: em outubro, a companhia divulgou resultados trimestrais que superaram as expectativas do mercado, mostrando US$ 27,77 bilhões em receitas no período – um crescimento de 24% em relação ao ano anterior.

Desde o ano passado, no entanto, olhar para o Google significa olhar também para seus novos esforços no setor de hardware, que já são parte central da estratégia da companhia de criar um ecossistema de produtos integrados à sua inteligência de buscas e ao Google Assistant.

E neste ano, a empresa deu uma senhora escorregada.

Herdeiros do ótimo legado deixado pelo Pixel e Pixel XL, dois dos melhores smartphones Android lançados em 2016, o Pixel 2 e Pixel 2 XL prometiam repetir o sucesso dos antecessores.

Apresentados em outubro, os dos smartphones, de fato, entregaram grande parte destas promessas: ótima experiência de software, hardware de ponta, boa duração de bateria e câmeras excelentes – que incluem até um modo retrato simulado por software. Ainda assim, os dispositivos tiveram lançamentos conturbados.

Especialmente atingido, o Pixel XL 2 chegou com um display OLED “lavado”, marcado por uma tonalidade azulada quando visto das laterais e por casos de “burn in” reportados com apenas semanas de uso. Sem surpresas, isso resultou em uma chuva de reclamações e na promessa da empresa que resolveria o problema com updates de software.

Os Pixel Buds, fones de ouvidos Bluetooth que deveriam se conectar facilmente aos novos smartphones – uma vez que o Google resolver remover as entradas P2 dos dispositivos –, também não funcionaram como esperado: problemas de conectividade marcaram o lançamento dos acessórios, que não se ligavam automaticamente aos smartphones, como prometido, e entregaram uma experiência de som abaixo do esperado.

Os episódios não definem o ano do Google e nem tiram o mérito dos esforços da empresa no setor de hardware. Mas também não podem ser ignorados ou relevados após uma simples atualização de software.

A estratégia de hardware do Google é ambiciosa e, de certa forma, busca emular o funcionamento de seus produtos de software com design simples e funcionalidade descomplicada.

Na competição contra a Alexa, da Amazon, e Siri, da Apple, o Google espera criar um ecossistema de produtos que possa conectar usuários à sua inteligência artificial em todos os momentos do dia – o que explica o fato de que até a nova câmera de ação Google Clips tem a AI da companhia embarcada.

E neste ano, a empresa deu uma senhora escorregada.

Os tropeços deste ano com a linha de hardware mostram que a empresa ainda precisa caminhar com um pouco de cuidado enquanto explora essa nova área e enquanto a ideia de “Made By Google” ainda é uma novidade.

Disponíveis ainda em um número limitado de países, os produtos da empresa precisam criar uma imagem de qualidade antes de conquistar novos usuários, algo que sofre cada vez que um novo gadget mostra problemas ao chegar no mercado. Ainda mais quando esses produtos traem preços premium, como os US$ 849 do Pixel 2 XL e US$ 159 dos Pixel Buds.

E em 2018?

A realidade é que os tropeços da empresa não devem arruinar os planos do Google de prosseguir investindo no setor de hardware. Amparados pelos resultados astronômicos das outras iniciativas da empresa, os esforços “Made By Google” devem continuar avançando em 2018.

E o ano promete ser cheio para o Google.

No lado oposto do hardware, a companhia também fez investimentos importantes em software em 2017 evoluindo e ampliando a disponibilidade de seu assistente, que vai enfrentar um mercado mais competitivo com a chegada do HomePod, da Apple.

É importante também o lançamento do ARCore, que promete facilitar a criação de conteúdos em realidade aumentada por desenvolvedores – outro mercado que deve ganhar importância no ano que vem.

Os erros devem, então, servir como lembretes para a companhia do cuidado que ela precisa manter no desenvolvimento de seus produtos e, esperamos, motivar gadgets ainda melhores em 2018.

FONTE: The Enemy