NRF 2023: Cinco startups que estão trazendo inovações para o varejo

Executivos conversaram com Época Negócios durante um tour para a imprensa no principal evento de varejo do mundo.

Uma volta pela NRF 2023 – Retail’s Big Show, o principal evento de varejo do mundo, chancela o que executivos do setor têm repetido rotineiramente: a pandemia de Covid-19 antecipou uma transformação tecnológica que poderia ter levado décadas para acontecer, dada a necessidade de redução de interação física entre as marcas e seus consumidores.

Muito mais do que isso, a lenta recuperação da pandemia e o cenário macroeconômico desafiador trouxeram ainda mais competição entre as varejistas pelo bolso apertado dos consumidores. As empresas precisam ser mais eficientes para produzir, vender e entregar os produtos. Para isso, elas estão investindo em carros autônomos, inteligência artificial, no famoso metaverso e implementando novos softwares de gestão.

E quais são as empresas no cerne dessa revolução no varejo? A seguir, algumas startups à frente da transformação no setor. Os executivos conversaram com Época Negócios durante um tour para a imprensa no evento.

1 – Um “last-mile” mais eficiente

Startup Nuro — Foto: Divulgação

Fundada em 2016, a startup californiana Nuro exibe em um estande a segunda geração de seu veículo autônomo para entregas – sem motorista, movido por baterias e do tamanho de um carro de golfe. O carro elétrico chega a 40 quilômetros por hora, tem câmera de 360 graus e sensores ultrassônicos. Ao receber as compras, os clientes abrem o compartimento em que elas estão guardadas por meio de uma senha.

“O serviço de entregas é caro para a maior parte das empresas com as quais fazemos negócios”, disse Andrew Borella, executivo da área de parcerias, citando que gerenciar uma rede de entregadores é uma estrutura complexa e cara. Entre os clientes da empresa estão Fedex, 7-Eleven e Uber. Com este último, a Nuro firmou em setembro um contrato de dez anos, e os carros começaram a circular no outono americano em Houston, Texas, e Mountain View, Califórnia.

Recentemente, a Noru também fechou parceria com o Google para armazenamento de dados e iniciou a produção de uma terceira geração do carro, projetado para atingir dezenas de milhares de unidades por ano, segundo Borella.

Por enquanto, a empresa tem focado menos em escala e mais em segurança e experiência do cliente, o executivo afirmou. A startup já captou mais de US$ 2,5 bilhões, sendo US$ 600 milhões na última rodada de investimentos liderada pela Tiger Global Management.

2 – Interações mais “humanas”

Deepbrain — Foto: Divulgação

Direto de Palo Alto, na Califórnia, a Deepbrain usa inteligência artificial para desenvolver réplicas humanas capazes de interagir com seus interlocutores. A pessoa interessada passa uma tarde em um estúdio e repete cerca de 300 frases, que podem ser traduzidas para dezenas de idiomas. Aos mais desavisados, parece apenas um vídeo gravado, mas não é.

“Uma vez que o modelo é feito, incluímos o áudio e o vídeo. Soa como a pessoa, parece com uma pessoa real, mas é uma réplica”, disse Joe Murphy, gerente de desenvolvimento de negócios. “As pessoas que possuem um modelo em inteligência artificial podem ter quantos vídeos quiser sem ter de ir a um estúdio. Elas só precisam ter o script, e o vídeo é gerado.”

Os usos da tecnologia são os mais variados, como concierge, âncora de televisão e até transmissão de mensagens políticas, como as feitas pelo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol. No varejo, empresas têm usado esses modelos humanos em inteligência artificial para atendimento ao cliente.

“Tokens não são algo novo no varejo, mas um conteúdo de engajamento em um token é”, explicou Murphy. “Eles deixam o funcionário livre para fazer outras coisas. Pense em quantas vezes um funcionário preenchendo uma prateleira é interrompido para dar informação a um cliente.”

A Deepbrain tem 130 funcionários no Vale do Silício, Seul e Pequim para atender a mais de 100 clientes, entre eles KB Bank, 7-Eleven e Korea Telecom. A empresa levantou US$ 44 milhões na sua última rodada de investimentos, liderada pelo Banco de Desenvolvimento da Coreia.

3 – O metaverso não é só uma moda

ByondXR — Foto: Divulgação

A empresa de tecnologia iraniana ByondXR, fundada em 2016, tem encontrado diversas utilidades para o metaverso. A tecnologia entrou na moda para, entre outras coisas, replicar lojas físicas no ambiente on-line durante a pandemia.

“Mas, mais do que shopping on-line, estamos oferecendo uma experiência virtual de engajamento do cliente, com gamificação, experimentação virtual e quiz”, disse Marc Loeb, líder para vendas globais da empresa.

De acordo com Loeb, 86% dos clientes que participam de um game on-line de uma empresa acabam compartilhando o email com a marca, e a taxa de conversão de compras para esses clientes é 20% maior do que para os demais.

Os limites do metaverso para o varejo on-line ainda estão sendo testados. Uma grande empresa da Espanha, por exemplo, está usando imagens digitais de roupas no metaverso para os clientes reservarem produtos ainda não lançados. “Eles estão testando tendências em uma escala global”, disse Loeb.

A ByondXR, famosa por oferecer plataforma de comércio on-line no metaverso para marcas de luxo, tem entre seus clientes também a Target, Coca-Cola e L’Oréal. A empresa captou US$ 2,2 milhões em seed capital em 2021.

4 – Um jeito inteligente de descobrir produtos

Syte — Foto: Divulgação

A Syte foi criada em 2015 em Tel Aviv, Israel, como uma empresa de pesquisa de imagens online. Aos poucos, expandiu o escopo de atuação, até chegar a uma plataforma de descoberta de produtos, uma solução que é demandada por varejistas.

Funciona assim: o cliente faz o upload de uma imagem ou foto de um produto desejado, ou simplesmente dá um clique em uma galeria de sugestões feita pelo próprio website, e a plataforma já encontra o próprio item ou itens similares em estoque para a compra – como se fosse uma consultora em uma loja física.

“Depois da Covid, sentimos que o consumidor ainda quer aquela experiência que ele tinha na loja, mas de maneira online”, disse Maya Sheinman, diretora sênior na Syte. “Oferecemos nossas features como APIs (Interface de Programação de Aplicação) para as varejistas.”

A plataforma de descoberta de produtos da empresa permite busca por imagens, personificar o atendimento, tem ferramentas de marketing e até “smart mirrors” em lojas físicas, para trazer o mundo offline e online juntos.

Depois de ter levantado mais de US$ 71 milhões, a Syte alcançou 150 funcionários e dezenas de milhares de dólares em receitas anuais por meio de mais de 100 marcas clientes, incluindo Mobly e Decathlon.

5 – Uma força de vendas mais produtiva

Zipline — Foto: Divulgação

A executiva Melissa Wong passou uma década na GAP antes de cofundar, em 2015, a Zipline, uma empresa que oferece uma plataforma operacional para equipes de vendas. O problema que ela quer resolver?

A falta de execução das iniciativas e comunicações distribuídas pelas sedes das varejistas – ou os executivos no topo dessas organizações – às suas lojas.

“O varejo está passando por uma tremenda transformação, acelerada pela Covid – interessante notar que, durante a pandemia, algumas marcas estavam mandando três vezes mais comunicações e iniciativas para serem feitas pelas lojas”, disse Wong. “O problema é que, em média, apenas 29% do que os headquarters mandam para as filiais são implementados.”

A plataforma operacional da Zipline permite colocar ordem nas lojas, monitorando a implementação das medidas tomadas pela cúpula da empresa por parte dos funcionários via comunicação instantânea, gerenciamento de tarefas e treinamento, por exemplo.

Marcas como a rede de farmácias Rite Aid e a rede de cosméticos Sephora estão entre as 80 que usam o sistema. Na última rodada de investimentos, liderada pelo fundo Fifth Wall, a Zipline recebeu US$ 30 milhões, em 2021.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/empresas/noticia/2023/01/nrf-2023-cinco-startups-que-estao-trazendo-inovacoes-para-o-varejo.ghtml