NOVO HAMBURGO: Feevale constrói sistema híbrido de produção de energia

Pesquisadores estão encerrando um projeto na área neste ano ANA KNEVITZ/DIVULGAÇÃO/CIDADES – Jornal do Comércio

As alternativas para a geração de energia não devem ser pensadas apenas em períodos de escassez de chuvas, quando as hidrelétricas, principais mananciais no País, são sobrecarregadas. Governo, universidades e empresas vêm debatendo a necessidade de se pesquisar novos meios de geração de energia, o que desafogaria o sistema e aproveitaria os recursos de um país continental como o Brasil. Nesse sentido, as fontes renováveis, como a eólica, a biomassa e a solar, se destacam como opções para a geração convencional de energia em sistemas menores, como prédios ou pequenas localidades.

Pesquisadores da Universidade Feevale estão encerrando, neste ano, um projeto que desenvolve a combinação dessas três fontes de energia em uma miniestação dentro do Campus II da instituição, em Novo Hamburgo (ERS-239, nº 2.755). O Projeto Desenvolvimento de novos dispositivos para sistemas híbridos com fontes renováveis, do mestrado em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais, com parceria dos cursos de Engenharia Eletrônica e Engenharia Mecânica, permitiu a construção completa de um aerogerador horizontal (energia eólica), de uma máquina síncrona trifásica para um gerador a combustão (energia de biomassa – biogás) e de módulos e células fotovoltaicas (energia solar).

Coordenado pelo professor Moisés de Mattos Dias, o projeto contou com um investimento de R$ 1.360.673,89 e apoio da secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul e parceria da empresa JSA Engenharia Ltda. O estudo foi dividido em duas etapas. A primeira foi a Implantação do Sistema Híbrido. O projeto prevê suprir uma carga de 5 kilowatts (kW) constante e continuamente, a partir de fontes renováveis – energia que possibilita carregar baterias que podem alimentar um pequeno edifício, dependendo da carga. O Sistema Híbrido foi implantado no prédio Verde da Feevale, local onde está o Laboratório de Energias Renováveis, permitindo tanto os estudos atuais quanto os futuros. O Sistema é composto por Fontes Solar, Eólicas e Biomassa, Controladores, Inversores e Sensores. No painel de controle, é possível monitorar diversos parâmetros, como força do vento, radiação solar, simulações do consumo das baterias, etc.

A parte II foi o Desenvolvimento de Dispositivos para Geração de Energia. Essa etapa compreendeu o desenvolvimento dos próprios dispositivos: um aerogerador de 2,5 kW – equipamento instalado no topo do prédio Verde e que capta a força dos ventos para produzir energia eólica; um equipamento de Geração a Combustão (Biometano) de 7,5 kW – motor que utiliza biomassa e biogás para gerar energia; Módulos Solar Fotovoltaico de 90 W – foram construídos, de forma pioneira em uma universidade da região, dois módulos fotovoltaicos – equipamentos que transformam a luz solar em energia elétrica – a partir de componentes comerciais. Um deles, instalados no topo do prédio Verde, possui 36 células, 80W de potência e eficiência de 90%, se comparado a um equipamento produzido de modo convencional. Esta fase do projeto contou com participação do mestre Daniel Verona.

Os equipamentos foram montados no Laboratório de Metalurgia do Pó e Materiais Magnéticos da Oficina Tecnológica, no Campus II. “É importante observar que não se tem notícia de que no Brasil, de projetos nesta área de energias renováveis que englobem todos estes aspectos integrados em um mesmo sistema, sendo, portanto, algo inédito no País”, afirma o professor Dias.

A pesquisa conta com uma equipe composta por acadêmicos bolsistas e voluntários de diversos cursos: Nickolas Both, Lucas Dariel Ferreira, Jonata Rocha Fett e Natanael de Oliveira da Rosa, da Engenharia Eletrônica; Bárbara Pisoni Benden Andrade, da Engenharia Civil; Marco Antônio Fröhlich, da Engenharia Mecânica; e Gabriel Reis Kauffmann, bolsista da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha. Para Both, participar do projeto é uma grande oportunidade de fazer coisas novas e aprender a desenvolver novas tecnologias. “O professor Dias nos dá muita liberdade e espaço para trabalharmos, isso é muito bom. Na minha carreira, pretendo, de forma mais social possível, levar esse conhecimento para o público que não tem acesso a esses avanços, de forma que isso seja importante na vida das pessoas”, diz. 

FONTE: JORNAL DO COMÉRCIO