Novas regras devem estimular uso de drones no campo

Entraram em vigor na semana passada as novas regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o uso de drones na agricultura. As mudanças simplificam o licenciamento de equipamentos que têm mais de 25 quilos no momento da decolagem, o que abrange, por exemplo, os drones utilizados para o lançamento de sementes no solo ou para a aplicação de defensivos, afirma Emerson Granemann, CEO da MundoGEO, que organiza a DroneShow, uma das maiores feiras de drones do mundo. Antes, o uso desses equipamentos seguia algumas diretrizes comuns aos aviões agrícolas.

O Ministério da Agricultura destacou que a mudança dará mais liberdade para esse tipo de operação. “Haverá o monitoramento com foco na avaliação de operadores que apresentarem maior risco”, salientou o governo federal, em nota. A Pasta também reforça que o voo deve ocorrer sobre áreas desabitadas, com o consentimento do dono ou do explorador da área.

A utilização de drones na agricultura – seja para pulverização ou para monitoramento das lavouras – traz ganhos de eficiência e redução de custos, lembra Granemann. Ele afirma que, por esse motivo, os equipamentos têm se popularizado em fazendas de todos os tamanhos.

“Os produtores perceberam que há uma grande vantagem em termos de economia de tempo e custo”, afirma ele. “E o drone não vai substituir o avião agrícola, e sim complementá-lo, principalmente em áreas onde o voo tripulado é perigoso para o piloto”.

Segundo o CEO da MundoGEO, a tendência é que, com a flexibilização das regras de uso, a indústria invista em drones maiores para o agronegócio, de forma a diminuir o número de aterrissagens para reabastecimento. “Outras tendências são baterias menores e mais modernas, que aumentem a autonomia e o tempo de voo, e novos sensores embarcados para captação de informações e processamento via software”, diz.

Para além do uso agrícola, a Aeroscan aluga drones equipados com câmeras térmicas e inteligência artificial capazes de fazer rondas de segurança em perímetros de até 20 quilômetros quadrados e detectar a presença de animais, pessoas e veículos.

Esses equipamentos podem voar de maneira autônoma, decolando em horários pré-determinados, ou obedecendo a comandos manuais. Em todo caso, há sempre um operador treinado de olho na atividade. “A ideia é poder se antecipar a um possível furto ou roubo. Pula um alerta na tela do operador, e pessoas pré-determinadas também recebem as informações por SMS”, explica o diretor comercial da empresa, Renato Mugnaini.

A Aeroscan aluga para os produtores dois drones (um de reserva) e o software. Caso o equipamento quebre ou fique defasado, a companhia faz a troca. “O produtor só paga a quilometragem voada”, compara. O agronegócio representa hoje 8% da receita da Aeroscan, mas deve chegar a 45% nos próximos três anos, segundo Mugnaini.

A DroneShow começa hoje, em São Paulo, e deve receber mais de 4 mil pessoas até sexta-feira. O número de expositores cresceu 50% em relação à edição passada, chegando a 120 empresas. Os drones para o agronegócio devem representar metade da oferta, afirma Granemann.

“Os impostos acabam inibindo bastante a compra desses equipamentos. Isso deveria ser algo a se pensar no governo, porque eles aumentam a produtividade do setor. O mercado brasileiro poderia crescer com muito mais rapidez”, diz ele.

Nova fábrica

A americana Eavision, uma das maiores empresas do mundo do segmento de drones para pulverização, investirá R$ 20 milhões para construir sua primeira fábrica no Brasil. A unidade ficará em Cravinhos (SP), deverá ser inaugurada ainda neste ano e gerar 160 empregos.

A diretora de marketing da Eavision Brasil, Hui Wang, conta que a fábrica deverá se dedicar principalmente à montagem e manutenção dos equipamentos. “Queremos garantir que os clientes tenham as melhores experiências pós-venda”, afirma ela.

Fundada em 2016, a empresa está presente no Brasil há cerca de um ano. A companhia começou seu processo de expansão na Bolívia e está de olho em outros possíveis mercados na América Latina.

A tecnologia da Eavision combina sensores e inteligência artificial em drones capazes de pulverizar as lavouras de maneira autônoma. O equipamento atende cultivos de café, cana, milho e soja.

FONTE: https://www.beefpoint.com.br/novas-regras-devem-estimular-uso-de-drones-no-campo/