Nova aceleradora foca em ajudar startups early stage com desafios do dia a dia

Criada por fundadores de Flores Online e C6 Bank, e uma ex-executiva do Santander e da XP, Strive quer se diferenciar promovendo contato mais próximo entre mentores e founders.

Iniciar um negócio pode ser mais difícil do que parece, principalmente quando não há experiência, referências ou suporte financeiro para tirar a ideia do papel. Para pegar na mão dos fundadores de startups e auxiliá-los a sanar dúvidas e navegar com mais tranquilidade, Eduardo Casarini, Tiago Galli e Patrícia Toledo uniram suas expertises de mais de 20 anos para fundar a Strive. A meta da aceleradora é selecionar 15 startups para o programa até o primeiro trimestre de 2024, por meio de ciclos de mentorias de 24 meses e aportes seed e pré-seed de um clube de investidores parceiros.

A ideia brotou da própria experiência de Eduardo Casarini, que viveu o desafio de empreender na pele. Em 1998, quando ainda era universitário, ele fundou a Flores Online. Ele conta que, há 25 anos, os tempos eram outros para empresas nativas digitais, e o cenário era bem diferente, com poucos investidores. “Foi muita solidão, muitos altos e baixos, mas com a satisfação incrível de fazer algo acontecer”, relembra. Em 2012, Casarini vendeu o controle da empresa para a norte-americana 1-800-flowers.com e o fundo brasileiro BR Opportunities, mas seguiu no ecossistema como investidor. Em 2015, por exemplo, aportou capital no banco Neon.

O empresário decidiu ajudar outros empreendedores ao retornar ao Brasil depois de um MBA nos EUA. Ele conta que as conversas sobre empreendedorismo com os professores o motivaram. “Empreendedores são a peça fundamental para o sucesso de um negócio, mas eles precisam de ajuda, precisam da troca de ideias. Há uma causalidade enorme entre a empresa ir bem e o empreendedor estar motivado e preparado. Existem investidores-anjo e fundos de venture capital, mas entendi que o empreendedor precisava de outro tipo de suporte, mais próximo, principalmente no caso de negócios em estágios iniciais”, declara.

Por conta própria, Casarini ajudou mais de 70 startups com encontros frequentes, de empreendedor para empreendedor, até o momento em que decidiu institucionalizar essas reuniões e criar uma aceleradora. Para tirar a Strive do papel, se uniu a Tiago Galli, um dos fundadores do C6 Bank, com mais de 20 anos de experiência na construção de negócios; e Patrícia Toledo, executiva com passagens por empresas como Santander e XP e fundadora de uma edtech nos Estados Unidos, onde mora atualmente. Juntos, os três já atuaram como conselheiros de mais de 85 startups na última década.

O foco da aceleradora é apoiar empresas que estejam na fase de ideação ou que já tenham MVP gerando receita. Segundo Casarini, a ideia é oferecer uma nova alternativa ao empreendedor e um caminho para estreitar relações com o investidor. Para ele, quem quer ter o negócio próprio pode seguir sozinho, assumindo os riscos do bootstrapping; ou buscar aportes de pessoas que não necessariamente ajudarão com troca de experiências. “Sinto que a relação entre empreendedor e investidor guarda certa distância, porque o empreendedor não conta as dificuldades para quem tem o dinheiro, e a grande maioria de quem traz o capital nunca empreendeu, não tem empatia e só cobra resultados”, afirma.

O fundador diz que a Strive se diferencia de outras aceleradoras exatamente por aprofundar o contato com os founders. Em vez de oferecer cursos sobre empreendedorismo que demoram meses para cobrir temas macro, como construção de produto, público-alvo e vendas, os próprios sócios acompanharão os empreendedores em cinco reuniões mensais ao longo de dois anos, resolvendo problemas conforme eles aparecerem, a depender da fase do negócio. “Vamos estar perto por 24 meses, indo além da teoria. Queremos ajudar o empreendedor a aumentar em dez vezes o que faria sozinho e a chegar mais longe mais rápido, porque já conhecemos o caminho”, pontua.

A receita da aceleradora virá do que Casarini chamou de “fee de sucesso”: quando a startup realizar uma saída no futuro, a Strive recebe uma porcentagem — que não foi especificada. Segundo o founder, a Strive não terá participação acionária de nenhuma startup acelerada.

As inscrições para participar do primeiro batch já estão abertas e os interessados podem aplicar até o fim de março. Todo o processo de seleção será feito pelos três sócios-fundadores. Ao final, as startups pré-selecionadas serão apresentadas para o clube de investidores parceiros da Strive, que decidirá quais serão as aceleradas. Um fundo de R$ 30 milhões está sendo captado para aportar de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões por startup selecionada em momento que será definido no decorrer da jornada. O modelo de negócios da Strive também prevê a retenção de uma porcentagem desses investimentos como remuneração pela curadoria de empresas apresentadas ao grupo.

A meta da Strive é acelerar três startups no primeiro batch e iniciar ciclos novos a cada três meses. No radar, estão negócios nas áreas de e-commerce, SaaS, fintechs, HRtechs, edtechs e healthtechs.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/01/nova-aceleradora-foca-em-ajudar-startups-early-stage-com-desafios-do-dia-a-dia.ghtml