“Noronhe-se”: Brex se aproxima do mercado brasileiro

Para além do badalado casamento do fundador brasileiro, fintech de gestão de despesas corporativas baseada nos EUA aumenta busca de talentos e clientes no país.

Após um fim de semana em Fernando de Noronha para o casamento mais comentado do ano (certamente o de maior orçamento) no mundo dos negócios, parte do time da Brex esticou a viagem a São Paulo. Além de fundadores brasileiros – Henrique Dubugras, o noivo da festança, e Pedro Franceschi – a fintech baseada na Califórnia tem se aproximado do mercado nacional em busca de novos talentos e de olho na operação local de multinacionais.

Ao Pipeline, o CFO Michael Tannenbaum conta que tem conversado com membros da fundação Estudar, do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, para encontrar jovens profissionais para contratação remota. Hoje, cerca de 10% da mão de obra da Brex está no Brasil.

Franceschi e Dubugras foram bolsistas da fundação do trio em Stanford. Os sócios da 3G também têm atuado como mentores da fintech desde que viraram acionistas, numa rodada em 2019.

“Temos uma marca forte aqui e nossos fundadores são fontes de inspiração para muitos jovens no país por terem começado uma das mais bem-sucedidas fintechs da região, então, naturalmente atraímos muitos talentos”, diz o CFO. “Além disso, temos uma grande rede de networking, incluindo a Estudar, que nos apresenta talentos incríveis.”

A facilidade do trabalho remoto ou híbrido, fuso-horário semelhante, câmbio e também aspectos culturais parecidos entre americanos e brasileiros aumentou a base de brasileiros no negócio. “Os salários são competitivos, claro, mas não é só sobre custos. É sobre estar empolgado com uma ideia, a intenção de ficar no longo prazo”, argumenta Tannenbaum.

Ter mais talentos brasileiros também vai ao encontro do interesse da Brex de atender companhias globais no Brasil. A Brex atua num mercado em que a concorrência tem aumentado, com players como Clara, Conta Simples e VExpenses disputando o mercado brasileiro e o CFO defende que o diferencial para a disputa é sua extensa atuação geográfica.

“Nosso foco são empresas multinacionais que tenham escritórios e pessoal aqui”, diz Tannenbaum, numa conversa presencial nesta- segunda-feira em um dos escritórios da WeWork em São Paulo. “Se você vai operar só no Brasil, com certeza tem uma empresa brasileira que vai te atender melhor porque não é nosso foco. Mas, se você tem operações no mundo todo, por outro lado, nós somos a melhor opção de gestão de despesas e transações financeiras disponível”, argumenta.

A Brex é a segunda companhia dos fundadores brasileiros. Quando tinham cerca de 15 anos de idade, Dubugras e Franceschini fundaram a Pagar.me, companhia de meios de pagamento mais tarde adquirida pela Stone. Há uma disputa judicial envolvendo a companhia, uma vez que um autodeclarado terceiro sócio, o catarinense Henrique Duarte Coelho, entrou na Justiça em 2018 exigindo a liquidação de 4% de participação na fintech.

O assunto voltou à baila porque os sócios teriam sido recepcionados nesta vinda ao país com uma intimação deste processo, conforme o colunista Lauro Jardim, de O Globo. “Qualquer disputa que envolva a Pagar.me e a Stone não tem a ver com a Brex. Os fundadores já estavam fora do negócio, foram para Stanford, começaram outra companhia que nem oferece os mesmos serviços, isso não afeta a Brex de forma alguma”, diz o CFO sobre o tema.

A dupla de empreendedores deu início à Brex em 2017, logo depois de vender a Pagar.me, para atuar na gestão de despesas corporativas. A empresa, criada no mercado americano, ganhou notoriedade quando se tornou unicórnio com menos de dois anos de operação. No ano passado, mesmo diante da turbulência tech, a Brex foi avaliada em US$ 12,3 bilhões ao levantar US$ 300 milhões em sua série D, liderada por Greenoaks Capital e Technology Crossover Ventures (TVC).

Com uma fortuna estimada em R$ 4,35 bilhões aos 28 anos, Dubugras casou-se no final de semana com uma engenheira de software brasileira, que também cursou Stanford, numa festa que fechou parte da ilha para os 400 convidados (Bill Gates recebeu o convite, mas não compareceu), ganhando as colunas sociais. Num grupo de sócios usualmente discreto, Tannenbaum admite que o evento gerou curiosidade sobre a vida dos fundadores.

“A Brex tem uma presença forte na mídia, somos conhecidos por ser uma das empresas de maior crescimento, especialmente na Bay Area. Não somos os mais low profile nesse sentido corporativo, mas, no lado pessoal, sempre foi assim. O casamento não foi um evento da Brex, foi um acontecimento da vida pessoal do Henrique, que não é mais tão privada assim”, reconhece.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/noronhe-se-brex-se-aproxima-do-mercado-brasileiro.ghtml