No venture capital, Kaszek, Monashees e Astella voam alto entre as startups do Brasil

As três gestoras de venture capital são as casas mais respeitadas entre os empreendedores brasileiros, segundo estudo da Spectra. Brasil tem mais de 80 fundos locais com R$ 11 bilhões para investir.

Quem tem marca e reputação tem tudo. Até mesmo em venture capital (VC). Essa é a principal conclusão de uma pesquisa com 246 empreendedores de startups brasileiras a qual o NeoFeed teve acesso com exclusividade.

Realizado pela Spectra, gestora independente de ativos alternativos que tem R$ 6 bilhões sob gestão e é uma das principais limited partners (LPs) de fundos locais, o estudo conclui que reputação e marca são os dois atributos que os empreendedores mais valorizam em um fundo de VC.

O mesmo estudo identificou quais sãos as gestoras de VCs mais respeitadas pelos empreendedores. No topo do ranking ficou a Kaszek, fundada pelos argentinos Nicolas Szekasy e Hernan Kazah, que acaba de levantar quase US$ 1 bilhão em dois novos fundos, informação divulgada com exclusividade pelo NeoFeed, na semana passada. O pódio é completado por Monashees e Astella.

“Muitos gestores dizem que têm um time que agrega valor à startup para conseguir atrair LPs e startups, mas isso se provou falso”, diz Ricardo Kanitz, sócio da Spectra. “O grande atributo de um fundo de VC é sua marca.”

Além de reputação e marca, os empreendedores brasileiros valorizam, nesta ordem, gestor que é entrepreneur friendly, qualidade do time, experiência empreendedora dos gestores e track record. O suporte da gestora no dia a dia da startup e o expertise no setor são duas características consideradas pouco relevantes.

Para exemplificar a importância da marca, Kanitz ilustra com a Sequoia, uma das gestoras de venture capital mais respeitadas do Vale do Silício. De acordo com ele, a Sequoia tem uma marca que faz as melhores startups irem atrás de seu cheque. Por sua vez, o dinheiro da Sequoia ajuda o empreendedor a conseguir os melhores deals, a atrair os melhores talentos e as startups a se posicionarem bem para as próximas rodadas.

A pesquisa mostra também a evolução do venture capital no Brasil. Em 2010, o número de gestores locais de venture capital era de 16 e eles tinham R$ 1,1 bilhão para investir. No ano passado, eram mais de 80. E o capital disponível para investir, conhecido como dry powder no jargão do setor, subiu para R$ 11 bilhões.

Apesar desse salto, Kanitz acredita o capital disponível não será suficiente para financiar a necessidade de aportes das startups – em especial, as que estão em estágio avançado e precisam de dinheiro para crescer.

“Essas rodadas eram financiadas por hedge funds ou cross over (que investem em empresas abertas e fechadas)”, afirma Kanitz. “Esses fundos foram embora ou reduziram absurdamente a alocação de capital.”

De acordo com Kanitz, esse não é ainda um bom momento para investir. Em sua visão, os valuations das companhias privadas ainda não caíram ao nível das empresas públicas.

“Tem um descorrelação entre esses dois mercados e que está começando a descer para o early stage”, diz Kanitz. “A ficha só vai cair quando as startups começarem a morrer.” Esse cenário deve começar a acontecer no fim deste ano, quando muitas startups vão ficar sem capital e não conseguirão captar.

Quais gestoras estão no top 10

Essa não é a primeira vez que a Spectra avalia as gestoras de venture capital no Brasil. Desde 2015, ela realiza pesquisas para decidir como alocar recursos. Atualmente, a casa é LP de gestoras como Big BetsAstellaValor, monashees e Kaszek, entre outras – no total, tem parceria direta e indireta com mais de 50 gestores.

Essa é, no entanto, a primeira vez que a Spectra torna os dados públicos diante da base relevante de respostas que obteve na pesquisa. Além do trio que está no pódio, as outras gestoras que completam o top 10 incluem Valor Capital, ONEVC, EquitasVC, Canary, Upload, Atlantico e Headline. A surpresa, de acordo com Kanitz, são as gestoras novatas que estão entre as 10 mais valorizadas pelos empreendedores.Ricardo Kanitz, sócio da SpectraRicardo Kanitz, sócio da Spectra

Entre elas, a EquitasVC, que captou o primeiro fundo em 2020, a Upload e a Headline, que nasceram em 2022. No caso das duas últimas, elas herdam a reputação da Redpoint eventures, pois seus fundadores vêm da gestora que atualmente só administra os dois fundos que captou (Rodrigo Baer, na Upload; e Romero Rodrigues, na Headline).

Outra conclusão da pesquisa é que empreendedores de safras diferentes de startups têm percepções distintas sobre o que é mais relevante em uma gestora.

Os empreendedores que fundaram suas startups entre 2015 e 2019 colocam como o fator mais importante a reputação/marca da gestora. Aqueles de 2020/2021 preferem a qualidade do time. E, por fim, a geração que nasceu em 2022/2023 busca termos mais amigáveis.

A amostra da pesquisa conta exclusivamente com empreendedores de startups que fizeram, ao menos, uma captação com fundos de venture capital.

Dos 246 empreendedores que responderam a pesquisa, 48% deles fizeram uma rodada seed (sempre se considerou a última captação) e 37%, uma série A. Aqueles com série B representavam 8% da amostra e com série C, 6%. Apenas 1% havia captado uma rodada D ou posterior.

FONTE: https://neofeed.com.br/startups/no-venture-capital-kaszek-monashees-e-astella-voam-alto-entre-as-startups-do-brasil/