Programada para ser lançada no mês que vem, a 18ª missão comercial de reabastecimento da Northrop Grumman para a Estação Espacial Internacional (ISS) sob contrato com a NASA carrega uma variedade de investigações científicas. Entre os experimentos, estão temas como mutações de plantas e estrutura de fluxo de lama, além de uma demonstração de tecnologia de câmera e pequenos satélites do Japão, Uganda e Zimbábue.
A espaçonave Cygnus que vai levar essas pesquisas para o laboratório orbital deve decolar no primeiro domingo de novembro (6), do Espaçoporto Regional do Meio-Atlântico, na Instalação de Voo Wallops da agência, no estado norte-americano da Virgínia.
Abaixo, alguns dos experimentos que estarão a bordo são descritos de acordo com um comunicado emitido pela NASA.
Tecidos bioimpressores
Em sua primeira viagem à ISS, feita em 2019, a BioFabrication Facility (BFF) mandou parte de um menisco (estrutura interna do joelho) impresso em 3D e um grande volume de células cardíacas humanas. Agora, uma nova carga da empresa, a BFF-Meniscus-2, será lançada para o laboratório com novas capacidades para continuar a pesquisa de impressão de tecidos humanos.
A bioimpressora 3D testa se a microgravidade permite a impressão de amostras de tecidos de maior qualidade do que as impressas em solo. O objetivo a longo prazo é usar tecnologias de bioimpressão 3D para ajudar a aliviar a escassez de órgãos para pacientes que precisam de transplantes.
Avaliando como as plantas se adaptam ao espaço
Plantas expostas ao ambiente espacial sofrem alterações que envolvem a adição de informações extras ao seu DNA, regulando como os genes se ligam ou desligam, sem alterar a sequência do DNA em si. Esse processo é conhecido como mudança epigenética.
Segundo a NASA, o experimento Plant Habitat-03 foi projetado para avaliar se tais adaptações em uma geração de plantas cultivadas no espaço podem ser transferidas para a próxima geração. O objetivo de longo prazo da investigação é entender como a epigenética pode contribuir para estratégias adaptativas que as plantas usam no espaço e, em última instância, desenvolver plantas mais adequadas para uso em futuras missões para fornecer alimentos e outros serviços.
Misturas de fluxo de lama
As mudanças climáticas e o aquecimento global estão contribuindo para o aumento da ocorrência de incêndios florestais. Os produtos químicos gerados das queimadas das plantas criam uma fina camada de solo que repele a água da chuva. A chuva então corrói o solo e pode se transformar em fluxos de lama catastróficos que carregam pedras pesadas e detritos ladeira abaixo, causando danos significativos à infraestrutura, bacias hidrográficas e vida humana.
Um experimento denominado Microestruturna Pós-Lama (TangoLab Mission-28), pretende avaliar a composição desses fluxos de lama, que incluem areia, água e ar preso. Mas, por que no espaço?
“A gravidade desempenha um papel crucial no processo, impulsionando o ar para cima e para fora da mistura de partículas até o fundo da água”, disse Ingrid Tomac, professora assistente do Departamento de Engenharia Estrutural da Universidade da Califórnia em San Diego. “Remover a gravidade, portanto, poderia fornecer insights sobre a dinâmica da estrutura interna dessas misturas de água-ar e uma linha de base para seu comportamento”.
Segundo Tomac, os resultados da pesquisa podem vir a melhorar a compreensão dos mecanismos fundamentais que regem o movimento de detritos pós-incêndio, incluindo como os fluxos de lama capturam bolhas de ar e podem carregar pedras pesadas.
Essa investigação também poderia ajudar a desenvolver e validar equações fundamentais para modelar e prever a propagação e velocidade dos fluxos de detritos e seu efeito sobre casas, infraestrutura e obstáculos naturais.
Desenvolvimento de células ovarianas em microgravidade
Coordenado pela Agência Espacial Italiana (ASI), o experimento OVOSPACE examina o efeito da microgravidade nas culturas de células bovinas, pesquisas que poderiam melhorar os tratamentos de fertilidade na Terra e ajudar a se preparar para uma futura colonização humana no espaço.
O pesquisador principal Mariano Bizzarri, do Departamento de Medicina Experimental da Universidade Sapienza de Roma, explica que viver por tempos prolongados na gravidade reduzida da Lua ou de Marte pode prejudicar a fertilidade.
“Isso ameaça o objetivo de estabelecer assentamentos permanentes ou estendidos além da Terra”, diz Bizzari. “A desregulamentação das funções reprodutivas também pode representar riscos adicionais à saúde. Nossos resultados poderiam melhorar a compreensão do desenvolvimento de óvulos e identificar metas de contramedidas e tratamentos para proteger o potencial reprodutivo em missões espaciais. Esta investigação também poderia apoiar o desenvolvimento de tratamentos para melhorar ou restaurar a fertilidade das pessoas na Terra”.
NASA lança primeiros satélites de Uganda e Zimbábue
A espaçonave Cygnus também vai carregar a BIRDS-5, uma constelação de CubeSats formada pelos equipamentos: PEARLAFRICASAT-1, o primeiro satélite desenvolvido por Uganda, ZIMSAT-1, o primeiro do Zimbábue, e TAKA, um satélite do Japão.
Segundo a NASA, BIRDS-5 vai fazer observações multiespectrais da Terra e usar um instrumento de medição eletrônica de alta energia para coletar dados estatísticos que poderão ajudar a distinguir o solo nu da floresta e das terras agrícolas e possivelmente indicar a qualidade do crescimento das lavouras. Isso poderia ajudar no sustento dos cidadãos de Uganda e Zimbábue.
Por se tratar de um projeto universitário transfronteiriço, o BIRDS fornece aos estudantes de nações em desenvolvimento o conhecimento prático de satélites, estabelecendo uma base para projetos de tecnologia espacial semelhantes em seus países de origem.
FONTE: https://olhardigital.com.br/2022/10/18/ciencia-e-espaco/conheca-a-ciencia-que-a-nasa-vai-mandar-para-o-espaco-na-proxima-missao-de-reabastecimento-da-iss/