NASA usa satélite e IA para mapear 10 bilhões de árvores e estudar carbono

Um estudo da NASA e da Universidade de Copenhague provou, através de imagens de satélite e IA (inteligência artificial), que quanto menos árvores existem em uma região, mais importantes são essas plantas para o ecossistema local.

Pesquisadores usaram o método para captar detalhes sobre 9,9 bilhões de árvores em uma faixa semi árida do continente africano, mais especificamente na transição entre o deserto do Saara e a África Subsaariana.

A amostra estimou que as árvores que existem ali armazenam até 0,84 bilhão de toneladas de carbono. O volume chega perto do que pegam todas as florestas da França (2,4 bilhões de toneladas). Os resultados estão em um artigo publicado na revista Nature.  É possível visualizar os dados neste link.

“Quanto menos árvores houver, mais importantes elas se tornam”, escreveram Jules Bayala e Meine van Noordwijk, membros do CIFOR (Centro Internacional de Investigação Florestal), em editorial. Além de armazenar carbono, essas plantas protegem contra a erosão e degradação do solo, além de serem bases da biodiversidade.

O conhecimento sobre o potencial de armazenamento de carbono das árvores de regiões áridas era quase que totalmente desconhecido até o projeto. Isso porque essas plantas crescem isoladas e variam em densidade e tamanho, o que dificulta o reconhecimento em escala.

Qual a diferença do método

Até agora, os satélites de monitoramento de ecossistemas florestais não tinham resolução suficiente para identificar essas plantas nas imagens. Mesmo que existam estudos locais sobre terras áridas, essa percepção era quase inexistente em mapas globais.

O novo método da NASA, porém, tornou o mapeamento possível. Os cientistas desenvolveram um método que combina IA com imagens de alta resolução espacial e dados de campo, como parâmetros estruturais das árvores (altura, área da copa e biomassa).

Ao analisar mais de 300 mil imagens de satélite da África subsaariana, identificaram mais de 9,9 bilhões de árvores. Então, atribuíram a cada uma o estoque de carbono presente em seus componentes (madeira, folhas e raízes), assim como a densidade, cobertura, tamanho e massa das plantas.

“A alta resolução espacial [50 cm] combinada com IA e medições de campo usadas neste estudo são a chave para melhorar inventários de árvores em terras áridas”, disse Pierre Hiernaux, pesquisador francês que trabalha para a NASA. “A disponibilidade cada vez maior de imagens de altíssima resolução tornará possível avaliar os reservatórios de carbono no nível de cada árvore em escala global”.

Estoque de carbono

A pesquisa mostra que os estoques de carbono das árvores nessa única faixa da África variam de 63 kg por árvore, na zona árida. Já na zona subúmida, podem chegar a 98 km. O número total de carbono armazenado chega a 0,84 bilhão de toneladas.

O estudo também afirma que outras simulações superestimam a maioria dos modelos usados para medir os estoques de carbono em árvores isoladas em terras secas. A precisão no mapeamento é o que torna o estudo pioneiro e com potencial para revolucionar o monitoramento de árvores em todo o mundo.

“Em curto prazo será possível mapear as árvores do mundo desde o centro da Amazônia até nossos pátios escolares”, disse Jean-Pierre Wigneron, coautor do estudo. “Muitos campos se tornarão mais eficientes quase em tempo real, como rastreamento de estoques de carbono, biodiversidade, extração de madeira e degração ilegal”.

FONTE: https://gizmodo.uol.com.br/nasa-usa-satelite-e-ia-para-mapear-10-bilhoes-de-arvores-e-estudar-carbono/